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A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert

por Magda L Pais, em 06.11.15

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A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert de Joël Dicker

Editado em 2013 pela editora Alfaguara Portugal
ISBN: 9789896721824
 
Sinopse
Verão de 1975. Nola Kellergan, uma jovem de quinze anos, desaparece misteriosamente da pequena vila costeira de Nova Inglaterra. As investigações da polícia são inconclusivas. Primavera de 2008, Nova Iorque. Marcus Goldman, escritor, vive atormentado por uma crise da página em branco, depois de o seu primeiro romance ter tido um sucesso. Junho de 2008, Aurora. Harry Quebert, um dos escritores mais respeitados do país, é preso e acusado de assassinar Nola, depois de o cadáver da rapariga ser descoberto no seu jardim. Meses antes, Marcus, discípulo de Harry, descobrira que o professor vivera um romance com Nola, pouco tempo antes do seu desaparecimento. Convencido da inocência de Harry, Marcus abandona tudo e parte para Aurora para conduzir a sua própria investigação.

A minha opinião

A Maria foi a primeira pessoa a falar-me neste livro. E a conversa foi mais ou menos assim:

Maria: se ainda não leste a verdade sobre o caso de Harry Quebert tens de ler - era só isto (ah e bom dia)

Magda: Ainda não li... De quem é? Bom dia!

Maria: Joël Dicker, um francês. Mas o livro é sobre um mistério empolgante e que está sempre a ter desenvolvimentos e twists. E é sobre escritores. Aliás, o livro inteiro é como se tivesse sido o escritor-personagem a escrever e não o escritor da vida real, até os agradecimentos e tudo.

Ora, considerando que a Maria lê mas não costuma falar nos livros que lê, eu fiquei com a pulga atrás da orelha. Ela lá me emprestou para eu não ser expulsa de casa por ter comprado mais um livro e pronto. Agendei a leitura para assim que acabasse O Viajante do Século. A Azulmar a Miss F decidiram juntar-se a mim nesta leitura e fizemos uma leitura conjunta (por isso, no fim, ide ler a opinião delas a ver se coincide com a minha).

Comecei o livro num sábado a seguir ao almoço, e, mal dei por mim, estava a chegar a hora de ir jantar. No domingo tive de parar de ler senão… bom, senão lá se ia a leitura conjunta porque eu teria lido tudo no fim de semana.

Na verdade, no dia em que terminei o livro, quase que perdi a estação do metro onde tinha de sair e, á saída do barco, tive vontade de bater ao sujeito que estava ao meu lado e que quis sair do lugar antes de tempo. Cheguei a casa e, antes de cumprimentar toda a família, sentei-me na cozinha a acabar. Faltavam apenas dez páginas, e eu tinha mesmo de saber: afinal, quem matou Nola?

De facto esta é a questão fundamental desde que o livro começa. Em Agosto de 1975, Nola, uma jovem de quinze anos desaparece. A última vez que é vista está a fugir dum homem na floresta perto de Aurora, a pacata vila onde vivia.

Trinta anos depois desse desaparecimento, Marcus Goldeman, um jovem escritor cujo primeiro livro foi um sucesso, está com a síndrome da página em branco – por mais que tente não consegue escrever uma linha do novo livro e o prazo dado pelo seu editor está a terminar. Decide então ir passar uns dias em Aurora, com Harry Quebert, um professor de literatura que foi também o seu mestre e que o ajudou a perceber que o verdadeiro sucesso só se consegue se encararmos os desafios mais fortes e não quando nos refugiamos nos mais fracos.

Harry Quebert que, além de professor de literatura é também um escritor consagrado, tendo vários romances editados, sendo que o seu maior sucesso é o livro As origens do mal.

Pouco tempo depois de estarem juntos, o mundo de Harry quebra-se. O cadáver da única mulher que amou é encontrado no seu jardim. Nola, a jovem de 15 anos desaparecida em 1975 afinal está morta e enterrada no jardim da casa que Harry comprou. Obviamente que Harry é o primeiro suspeito mas Marcus não acredita na sua culpabilidade e resolve investigar por conta própria.

E é essa investigação que acompanhamos ao longo do livro e que tem quase tantas reviravoltas e surpresas como o número de capítulos que o livro tem.

É curioso que, uma das maiores criticas negativas que li sobre este livro é que há diálogos e situações que são repetidas várias vezes. Quanto a mim creio que esse é um dos muitos pontos positivos. De facto há várias repetições mas vistas de prismas diferentes, mostrando-nos que a realidade pode ser totalmente diferente daquilo que se pensa inicialmente.

Também a ordenação dos capítulos acaba por ser original. Estamos habituados a que um livro comece no primeiro capitulo e depois a numeração é crescente. N'A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert passa-se o oposto, como se se tratasse duma contagem regressiva até ao momento zero - o dia 30 de Agosto de 1975, data em que Nola é assassinada na floresta.

Um livro cheio de meias verdades e de adulterações, de maus entendidos e de más decisões que levam a que, quando julgamos que, finalmente, está descoberta a verdade, mais um twist e lá estamos nós outra vez cheios de dúvidas.

Uma palavra quase final para a mãe de Marcus, uma mulher chata, irritante e, ao mesmo tempo, hilariante. Deixem-me contar-vos que li uma das conversas telefónicas dela com o filho numa sala de espera dum consultório e que me desmanchei a rir, tendo ficado tudo a olhar para mim.

Também Tamara e Jenny, mãe e filha, foram duas personagens que me marcaram. Uma por estar sempre disposta a tudo por aqueles a quem ama e a outra por não saber amar. Quantas pessoas conhecemos nós assim?

Por fim, a grande lição de moral que podemos aprender com Marcus. Conhecido como o Formidável nos tempos do liceu, acabamos por perceber que só o era porque escolhia criteriosamente o que sabia que era excessivamente fácil e que não desse luta.

Já vai longa esta opinião, e por isso, dir-vos-ei apenas que o epílogo deste livro é, sem dúvida, o mais correcto. Não será apenas deste, será de vários, mas a este assenta que nem uma luva.

Agora não se esqueçam, vão ver o que dizem a Azulmar e Miss F sobre este livro.


6 comentários

De Maria das Palavras a 06.11.2015

Foste mesmo recuperar a nossa conversa :D

Vale muito a pena, este livro. E, sim, a mãe de Marcus é o toque de comédia perfeito!!!

De Magda L Pais a 07.11.2015

pois fui :D lembrei-me dela


a mãe do Marcus arrancou umas valentes gargalhadas cá em casa

De Sofia a 06.11.2015

Eu li este livro no verão do ano passado (um ano antes de estar na moda. Digam lá se eu não sou uma hipster! :P ). Gostei, mas não da maneira arrebatadora como toda a gente tem descrito. Para mim, os twists foram demasiados, a partir de uma certa altura começaram a cansar. Eu, de início, odiava Marcus (e a mãe dele...), continuo a odiar o editor, mas realmente fiquei a sentir uma grande compaixão por Harry, Nola e o outro, cujo nome não me recordo, mas que gostava de desenhar ou pintar mulheres loiras... Sem querer dar spoilers, fico satisfeita por, no fim, ter sido feita justiça sobre o sujeito-cujo-nome-não-me-recordo, dentro do possível. E obviamente gostei da parte da natureza dos escritores. 


Não sei se tem noção, mas segundo algumas críticas que li, os americanos não gostaram muito deste livro. Não devem ter gostado da caracterização que um estrangeiro fez sobre eles...

De Magda L Pais a 07.11.2015

não li as criticas mas acredito que sim...
Eu gostei precisamente por ter tido tanta reviravolta. Até à última página houve surpresas. Gosto de livros assim.

De Miss F a 07.11.2015

Olha por acaso falaste numa coisa que tinha apontado para escrever na crítica e esqueci-me - a construção do Marcus the Magnificent. Talvez ainda faça um post só sobre isso

De Magda L Pais a 07.11.2015

foi uma das coisas que me marcou no livro, tinha mesmo de falar sobre isso.

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