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Lobo Solitário

por Magda L Pais, em 29.03.16

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Lobo Solitário de Jodi Picoult

Editado em 2016 pela Bertrand Editora
ISBN: 9789722531566
 
Sinopse
Quando um lobo sabe que o seu tempo está a terminar e que já não é útil à sua alcateia, muitas vezes escolhe afastar-se. Morre assim afastado da sua família, do seu grupo, mantendo até ao fim todo o orgulho que lhe é próprio e mantendo-se fiel à sua natureza. Luke Warren passou a vida inteira a estudar lobos. Chegou inclusivamente a viver com lobos durante longos períodos. Em muitos sentidos, Luke compreende melhor as dinâmicas da alcateia do que as da sua própria família. A mulher, Georgie, desistiu finalmente da solidão em que viviam e deixou-o. O filho, Edward, de vinte e quatro anos, fugiu há seis, deixando para trás uma relação destroçada com o pai. Recebe então um telefonema alarmante: Luke ficou gravemente ferido num acidente de automóvel com Cara, a irmã mais nova de Edward. De repente, tudo muda: Edward tem de regressar a casa e enfrentar o pai que deixou aos dezoito anos. Ele e Cara têm de decidir juntos o destino do pai. Não há respostas fáceis, e as perguntas são muitas: que segredos esconderam Edward e Cara um do outro? Haverá razões ocultas para deixarem o pai morrer… ou viver? Qual seria a vontade de Luke? Como podem os filhos tomar uma decisão destas num contexto de culpa, sofrimento, ou ambos? E, sobretudo, terão esquecido aquilo que todo e qualquer lobo sabe e nunca esquece: cada membro da alcateia precisa dos outros, e às vezes a sobrevivência implica sacrifício. Lobo Solitário descreve de forma brilhante a dinâmica familiar: o amor, a protecção, a força que podem dar, mas também o preço a pagar por ela.
 
A minha opinião

Cenário: casa da sogra a 193 km da minha casa. Sábado de aleluia, 20h. Aproxima-se, a passos largos, a última página de Mais Maldito Karma e não tenho mais nenhum livro para ler. Na sexta à tardinha, quando saímos de viagem, estava a ler Wilt e, erradamente, achei que um livro para acabar e outro para ler seriam suficientes para o fim de semana alargado. Não foram! Instalou-se o pânico - e agora? que faço eu? como é que cheguei a esta situação? ainda para mais porque, nessa tarde, tinha estado com um livro nas mãos quando fui às compras no Modelo (não conta o facto de ter ido a Badajoz de manhã e ter ouvido um sussurro atrás de mim a dizer: ainda bem que estão em espanhol...). 

Nessa noite foi a minha filha que sofreu as consequências. Sem livro para ler e sem net de jeito para procurar um ebook (no desespero vale tudo), passei o serão a jogar Sims4 sobre o olhar reprovador da minha gaiata uma vez que estava a usar o computador dela. Acho que ela só o permitiu porque percebeu o meu desespero. 

Felizmente no domingo de manhã fomos beber um café e o Modelo estava aberto. Com livros. Imensos livros, o que me dificultou a escolha. Mas este estava em destaque e confesso que estava curiosa para o ler e por isso (e apesar da minha ladainha não comprarás mais livros) acabei por o levar para casa.

Valeu a pena!

Não sou a maior especialista nesta autora de quem li apenas dois ou três livros. Mas Lobo Solitário será, para mim, o melhor de quantos li dela. Não apenas pela história em si, uma belíssima história que nos deixa a pensar, mas também, e acima de tudo, pela catadupa de informações sobre os lobos e as alcateias que me deixaram a respeitar ainda mais estes animais com quem os humanos teriam muito a aprender.

Contado pela voz de Luke, Cara, Georgie, Edward, Joe e Helen, conseguimos ter noção dos sentimentos que envolvem cada uma das personagens da história.

Luke e Cara tem um acidente de carro que deixa Cara com um braço partido e Luke em coma, sem reacção. Georgie, a mãe de Cara é chamada ao hospital por causa da filha, uma vez que esta é menor mas como está separada de Luke não pode tomar decisões sobre o seu estado clínico. Vê-se, por isso, obrigada a chamar o irmão de Cara, Edward, que, seis anos antes saiu de casa sem se despedir da família. Para Edward a situação clínica do pai é clara, os danos são irreversíveis e ele sabe que o pai nunca quereria viver amarrado a uma cama, sem poder estar com a sua alcateia. Cara acha que o irmão só se quer vingar do pai e que não lhe cabe tomar essa decisão, devendo ser ela a decidir. Mas será que essa é uma decisão pensada ou será que Cara tem algo a esconder da mãe e do irmão? 

Pelas lembranças de Luke ficamos a saber como é viver em alcateia, as regras, as exigências e como cabe a todos os membros da alcateia respeitarem o seu lugar e os outros de modo a que a Alcateia funcione.

Georgie, a mãe dividida entre os seus filhos, que não quer tomar partidos mas que sabe o que todas as mães sabem mas não assumem: o coração de uma mãe tem sempre lugar para todos os seus filhos, mesmo quando eles não o percebem. E sim, as mães, em determinados momentos têm um filho preferido - que é aquele que, nesse preciso momento, precisa mais de nós. Nos outros momentos amamos todos de igual modo.

Neste livro somos obrigados a reflectir sobre a morte, sobre viver ou sobreviver e em que condições, sobre o amor e sobre o nosso lugar na sociedade. A cada momento questionamos o que faríamos no lugar de Cara ou de Edward e se seriamos capazes de, como Georgie ou Joe, de tomar o partido de um filho/enteado contra o seu irmão. E isso torna-o maravilhoso.


4 comentários

De Chic'Ana a 06.04.2016

Muitos parabéns! Gostei imenso da crítica! E sim, partilho da mesma opinião que tu. Gostei particularmente da frase: "E sim, as mães, em determinados momentos têm um filho preferido - que é aquele que, nesse preciso momento, precisa mais de nós. Nos outros momentos amamos todos de igual modo."

De Magda L Pais a 06.04.2016

:D acho que é o que todas as mães sentem. Ou pelo menos é o que eu, enquanto mãe, sinto. Achei que esse sentimento estava muito bem retratado no livro quando a Georgie tem de optar 

De Chic'Ana a 06.04.2016

É algo sobre o qual nunca tinha pensado (também ainda não sou mãe), mas gostei muito!

De Magda L Pais a 06.04.2016

Só vais perceber quando tiveres dois filhos :D 

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