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Por Treze Razões

por Magda L Pais, em 22.05.17

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Por Treze Razões de Jay Asher 

ISBN: 9789722360517

Editado em 2017 pela Editorial Presença

Sinopse

Ao regressar das aulas, Clay Jensen encontrou à porta de casa uma estranha encomenda com o seu nome escrito, mas sem remetente. Ao abri-la descobriu sete cassetes com os lados numerados de um a treze. Graças a um velho leitor de cassetes, Clay é surpreendido pela voz de Hannah Baker, uma adolescente de dezasseis anos que se suicidara duas semanas antes e por quem estivera apaixonado. Na gravação, Hannah explica os treze motivos que a levaram a pôr fim à vida. Guiado pela voz de Hannah, Clay testemunha em primeira mão o seu sofrimento e descobre que os treze motivos correspondem a treze pessoas…

A minha opinião

Por norma não gosto de ler o livro da moda nem ver a série da moda. Prefiro que a poeira assente e que eu possa desfrutar do livro ou da série sem ruído de fundo, sem ouvir isto ou aquilo. Mas atendendo ao tema e ao enorme mediatismo que este livro/série tem tido cedi a violar esta norma.

Antes de passar ao livro, deixem-me apenas contar-vos que, quando a minha Maggie viu que eu o ia começar a ler me perguntou: mas porque vais ler essa porcaria? (não foi bem porcaria que ela disse mas vamos lá manter o nível aqui no blog). Quis, claro, perceber porque é que ela dizia isso ao que ela me respondeu: mãe, é uma série estúpida, o livro não vai ser melhor de certeza. Mas já viste? não, nem preciso. Não tenho paciência para vitimas.

Bom, não aprofundei mais a conversa porque ainda não tinha lido o livro, pelo que deixei o resto da conversa para quando o acabasse. (e sim, já falamos as duas sobre o assunto).

Não sou psicóloga, sou mãe. Já fui adolescente. Tenho dois adolescentes em casa. E, em 2014, por acidente, encontrei várias páginas de incentivo à automutilação e ao suicídio no facebook. Não se falava, na altura, na Baleia Azul nem nas treze razoes que levaram a que Hannah se suicidasse. E eu li essas páginas...

E, enquanto lia este livro, vieram-me à memória todas as barbaridades que li nessas mesmas páginas. Porque este livro pode ser resumido numa frase que li na altura: Quando morreres, todos vão gostar de ti.

(de notar que esta frase estava numa imagem dum caixão com pessoas a chorar à volta)

Sim, porque, para mim, é o que se passa neste livro. Hannah - uma adolescente deprimida, que se vitimiza em excesso, que mete na cabeça que se quer suicidar, que os pais não se apercebem do que se passa, que tem várias hipóteses de falar com professores e amigos (com o Clay, por exemplo) e não faz nada para pedir ajuda - suicida-se. E ao fazê-lo, todos aqueles que a prejudicaram se arrependem e dizem que até gostavam dela...

Além de todos passarem a gostar dela, Hannah, ao deixar as treze razões - que correspondem a treze pessoas que a influenciaram a tal - está também a vingar-se, ao desmascarar os outros adolescentes. A vingança... Se morreres podes vingar-te do mal que te fizeram.

Portanto, está classificado como juvenil um livro que pode ser entendido (quanto a mim, reforço) como um incentivo ao suicídio com dois bónus: passam a gostar de ti e tens a oportunidade de te vingares.

Muito muito perigoso. Perigoso porque o público alvo deste livro - os jovens - são influenciáveis, podem estar com sérios problemas de depressão (a depressão juvenil existe, não é um mito nem é uma moda) e um simples livro pode funcionar como gatilho para o suicídio. Acredito, honestamente acredito, que não foi essa a intenção do autor mas é a sensação que me passa.

Pode - eventualmente e em alguns casos - funcionar como alerta. Quem sabe algum adolescente mais consciencioso, mais atento, depois de ler este livro pode detectar, nalgum colega, os sintomas que Hannah mostrava antes de se matar e, quem sabe, salvar uma vida.

Não quero, com isto, dizer que não devem ler o livro ou que não o devem dar a ler aos vossos filhos. Acima de tudo acho - mas reforço que é a minha opinião - que tanto o livro como a série devem ser lidos ou vistos em família, pais e filhos, de modo a não romancear demasiado o suicídio e para que se fala - em família - de cada uma das razões, do que Hannah devia ter feito ou o que fez, de como os amigos podiam ter ajudado.

Lido o livro, não tenho, de momento, qualquer interesse na série. Pode ser que um dia a veja...

 

1 comentário

De Mia a 23.05.2017

Não li o livro mas vi a série recentemente, e assustou-me precisamente esse romancear do suicídio. Não foi uma série fácil de seguir porque cada episódio mexia imenso comigo - nem sou destas coisas, mas pronto... - e estive quase para desistir por várias vezes. A minha opinião foi mudando ao longo dos episódios, se no início achava a personagem principal um pouco dramática e exagerada nas suas reacções (a sério, o desgraçado do Clay havia de adivinhar?!), com o avançar da série fui-me tentando colocar na pele da adolescente deprimida e acabei por conseguir fazer algum sentido daquilo - tanto quanto possível. Mas no final, a sensação com que fiquei foi de que a série, e toda a projecção que está a ter, é muito perigosa. Um adolescente a passar por situações semelhantes pode ver isto como um incentivo. Como dizes, facilmente a  ideia da série passa a ser: que quando morreres todos passarão a gostar de ti e ainda te podes vingar de quem te fez mal. E o impacto que isso pode ter nos jovens é assustador.

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