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1984 de George Orwell
Publicado em 1949
Releitura em 2015
Sinopse
1984 oferece hoje uma descrição quase realista do vastíssimo sistema de fiscalização em que passaram a assentar as democracias capitalistas. A electrónica permite, pela primeira vez na história da humanidade, reunir nos mesmos instrumentos e nos mesmos gestos o trabalho e a fiscalização exercida sobre o trabalhador. O Big Brother já não é uma figura de estilo - converteu-se numa vulgaridade quotidiana.
A minha opinião
Distopias clássicas, a minha escolha de (re)leitura desta semana de férias que passou. Comecei com Admirável Mundo Novo, publicado em 1932, seguiu-se Fahrenheit 451, publicado em 1953 e agora 1984, publicado em 1949.
Estamos em Londres e presume-se que no ano de 1984. O planeta estará, aparentemente, dividido em três estados – Oceânia (onde se inclui a cidade de Londres), Eurásia e Lestásia. Presume-se o ano e a divisão do planeta porque o Grande Irmão, líder do partido que está no poder, e que controla tudo, não deixa que se saiba mais do que o indispensável. O passado, que, por definição, é inalterável, em 1984 é manipulado a belo prazer do partido e do Grande Irmão (Big Brother). Onde quer se se esteja, os teleecráns e os microfones acompanham tudo e tudo transmitem à polícia do pensamento. Vive-se numa sociedade em que pensar é crime. É, aliás, o quase que o único crime passível de ser cometido. Vive-se (ou sobrevive-se?) numa sociedade em que, a partir dos cinco, seis anos de idade, as crianças são incentivadas a denunciar os seus pais como criminosos para que possam ficar sozinhas. Os criminosos são vaporizados e tornam-se impessoas – todas as suas referências (nomes, moradas, menções em revistas ou listas de trabalhadores) são apagadas e é como se nunca tivessem existido.
Winston é funcionário do Ministério da Verdade da Oceânia, cabendo-lhe alterar as revistas do passado para que se mantenham coincidentes com a verdade de hoje. Winston é um inconformado, não aceitando a indiferença dos seus pares nem o regime totalitário onde vive. Aos poucos, incentivado por O’Brien e pelo seu amor a Júlia, vai tentando rebelar-se contra o Partido e o Big Brother sem perceber que é o próprio partido que incentiva as rebeliões de modo a poder vergar os poucos que pensam. Winston acaba por descobrir que, na Sala 101, todos se acabam por vergar – mesmo os que acreditam ser fortes.
Intenso, profundo e preocupante ao mesmo tempo, 1984 é um livro que assusta. Que nos fazer pensar no futuro, na sociedade para onde poderemos estar a caminhar.
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