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Por nenhuma razão especial, lembrei-me de falar sobre a questão dos livros eróticos. Não, descansem as mentes, não li as sombras e, com tanto bom livro que ainda tenho para ler, quase que posso afirmar que não os irei ler alguma vez.
Essa minha aversão às sombras não tem muito a ver com a questão do erotismo lá presente. Confesso que as partes do livro que li (e sim, podem estar retiradas do contexto) me parecem mais pornografia que erotismo - e nem vou aqui falar do aparente endeusamento da violência psicológica que o livro vende (é o que me parece, mais uma vez, do que li e do que ouvi).
Voltemos ao erotismo. Quando a descrição de actos sexuais aparece nalgum livro não sou aquela menina pudica que avança umas páginas. Leio, gosto e aprecio. Erotismo e literatura combinam na perfeição. Não precisam de recorrer a calão e é desnecessário descrever cruamente o acto. Porque é aqui que reside a grande diferença entre erotismo e pornografia.
Para mim, e ressalvo que se trata apenas da minha opinião enquanto leitora, desde que os livros ou os excertos sejam eróticos, não tem qualquer problema. Eu, como leitora, quero é encontrar algo que possa ler, com qualidade e que seja uma mais valia para mim, independentemente do tema que se aborde.
Não será assim para todos leitores?
São duas faces da mesma moeda e não podem existir uma sem a outra. Mas, se queres ser escritor deverás, de acordo com este site, ler primeiro estes doze livros.
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Crime e Castigo - Fyodor Dostoyevsky
A Sangue Frio - Truman Capote
Paris é uma festa - Ernest Hemingway
Cem Anos de Solidão - Gabriel García Márquez
O Zen e a Arte da Escrita - Ray Bradbury
Sobre a Escrita: A Arte em Memórias - Stephen King
Rumo ao Farol - Virginia Woolf
Anna Karenina - Liev Tolstói
Aura - Carlos Fuentes
A Louca da Casa - Rosa Montero
A Guerra do Fim do Mundo - Mario Vargas Llosa
Névoa - Miguel de Unamuno
Há quem tenha uma necessidade extrema de escrever e há quem tenha uma necessidade extrema de ler. Ambos, escritor e leitor, são pessoas. Únicas. Com defeitos, virtudes, capacidades que fazem com que a sua forma de ler ou escrever seja, também ela única, porque é reflexo da sua forma de estar e de ser.
Mas há um laço que os une – a palavra, os textos. Escritos por uns, lidos pelos outros.
Saber escrever é ter preocupações com a ortografia e a gramática. É respeitar a língua na qual escrevemos, é ter o cuidado de nos aperfeiçoarmos. É saber transmitir, em palavras, histórias e sentimentos. É aceitar críticas construtivas. E é ler. Ler muito. É saber ler.
E saber ler não é passar os olhos na diagonal, chegar ao fim e dizer que o título diz tudo. Saber ler é ler com espírito crítico, ler nas linhas e nas entrelinhas. Saber ler é apreender tudo o que está no texto. É ler uma frase e pensar que ficaria melhor de uma ou doutra maneira, ou pensar que é uma frase perfeita e que gostaria de ter sido o próprio a escrevê-la. Ler é também viajar. Pelas imagens que outros construíram. Viver as vidas que outros imaginaram.
Muita da minha aprendizagem saiu dos livros e dos textos que vou lendo. Hoje, quando escrevo alguma coisa, não perco de vista autores que me influenciam, de forma positiva ou negativa. É nos textos deles que encontro as lições que preciso para escrever (e tanto que ainda tenho para aprender…).
Enquanto houver quem saiba ler terá de haver quem saiba escrever (ou vice-versa). A leitura não existe sem a escrita, mas a escrita também não existe sem a leitura. São duas faces da mesma moeda – os textos – que se devem respeitar e entreajudar.
E como funciona essa entreajuda? Simples. O escritor deve corresponder às expectativas do seu leitor, continuando a escrever, melhorando a sua escrita e publicando-a. E o leitor deve ler com o respeito que qualquer texto merece, fazendo, críticas construtivas que ajudem o autor a melhorar. E é essa a função do leitor. Ajudar o autor a encontrar as suas falhas, para que, no texto seguinte, possa melhorar.
Num intercâmbio perfeito em que todos beneficiam.
Ser bibliófila com laivos de bibliomania é, também, gostar de partilhar convosco os livros que leio, as leituras que faço, o que penso ou sei sobre este ou aquele escritor. Acima de tudo é partilhar convosco tudo o que um livro pode fazer por nós.
No Stone Art, a minha casa principal, para além dos livros, falo de tudo o resto. Falo da minha vida, das coisas soltas da vida que povoam o meu quotidiano. Sem amarguras nem fatalismos, com aceitação, simplicidade, ironia e alegria. Com humor – com todo o tipo de humor. E assim continuará.
Mas os livros também eles são a minha casa, para onde regresso sempre e de onde nunca saio. Quando acabo um livro é como se morresse uma parte de mim mas que, logo que pego noutro, essa parte ressuscita mais forte que nunca.
E quando me afasto deles – dos livros, da leitura – pelas incontáveis distracções que me tentam, sinto a ausência dessa presença tão confortável, sinto falta do calor que os livros me transmitem, das vidas que vivo e das viagens que faço. Por isso o afastamento é sempre por pouco tempo.
Os livros são a minha droga, a minha bebida. Sabem a mar, a praia, a sol e a férias. Sabem a Natal, a prendas e a amor. Amor, sim, porque é amor aquilo que sinto por eles.
Pelo amor que sinto por eles, por eles também serem a minha casa, mereciam já um cantinho especial, um espaço só deles. Este espaço, este blog que nasce hoje e que será a continuação do Stone Art mas dedicado exclusivamente a livros, leituras, escritores e autores.
Sejam bem vindos!
(foto Erik Johansson)
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