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O desejo de ver está presente na leitura. A capa, a encadernação de um livro são sua roupa. Indicam um nome, um título, um pertencer (a casa editora) que se propõem ao olhar e o atraem.
Quando o livro está na estante de uma biblioteca, seu acesso é fácil para o olhar em busca de prazer; quando está posto na vitrine de uma livraria, esta barreira transparente aumenta nossa curiosidade. Entramos na livraria pra ‘dar uma olhada’. Exceto no caso em que já sabemos o que queremos e pedimos ao livreiro, não gostamos de ser perturbados em nossa inspeção. Fuçamos até que, atraídos por um vago indício, seguramos um livro. Aí começa o prazer, quando o abrimos, tocamos, folheamos, sondamos aqui e ali. Se o livro não está com as páginas cortadas, às vezes somos obrigados a fazer uma pequena acrobacia ocular para ler uma página pregada por cima ou pelo lado, pois é justamente aquela passagem que nos interessa.
Enfim, é preciso escolher. Se a promessa de prazer nos parece que vai poder ser mantida, pagamos o preço do livro e partimos abraçados com ele. Dependendo de se não nos desagrada mostrá-lo em nossa posse ou se algum pudor nos leva a esconder a sua identidade, o mostraremos nu ou embrulhado. Para ler, precisamos nos isolar com o livro – em público ou em particular – e às vezes em lugares bem estranho e a priori pouco propícios a este tipo de exercício.
O que nos leva a ler? A busca de um prazer pela introjeção visual que satisfaz uma curiosidade.
Texto extraído de: André Green. Literatura e psicanálise: a desligação. In: Luiz Costa Lima (Org.). Teoria da literatura em suas fontes. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 233-234.
(O título “O livro é um objeto sensual” não consta no original).
Gosto de ler. Gosto de ter livros. Gosto de ler e reler os livros que tenho. Gosto de comprar livros para depois ler e reler, alguns vezes sem conta, outros uma ou duas vezes. São quase mil livros os que tenho em casa.
A escolha de um escritor/autor às vezes, pode ser complicada. Dos autores que já conheço e sei que gosto, compro quase sem pensar duas vezes. Daqueles que desconheço, vejo a capa (até porque, por norma, é o que está logo à vista), a contra capa, leio a sinopse e, caso tenha badana, também a leio. Folheio o interior do livro e dou uma leitura na diagonal numa ou duas páginas. Se tudo me agradar, arrisco a compra sem pensar duas vezes. Quando não me agrada um ou dois critérios, tento descobrir mais, falar com alguém que tenha lido. Mas nem sempre é fácil encontrar quem tenha lido o mesmo livro que estamos a pensar comprar (ainda para mais com tanto livro que por ai anda).
Há uns três anos atrás descobri, por recomendação duma amiga, um site que me ajuda nesta questão (e noutras). O goodreads.com.
O processo é simples. Sempre que um dos utilizadores começa a ler um livro, regista esse facto no site (através do ISBN, do autor ou do nome do livro). Depois, quando o acaba, o site convida a que registe a sua apreciação global (de 1 a 5) e a escrever a sua opinião pessoal sobre o livro.
A partir do momento em que cada utilizador regista a sua opinião, ela fica disponível para todos os utilizadores do site consultarem, antes de se decidirem pela compra dum livro. Se não houvesse mais nada no site, só esta opção, a de se poder consultar as opiniões de leitores de todo o mundo sobre um determinado livro, vale pelo site.
Depois temos ainda outras excelentes opções. Podemos registar quais os livros que temos. No meu caso, que aqui há uns anos tive de fazer um ficheirinho Excel com os livros porque já andava a comprá-los repetidos, é óptimo, porque assim escuso de me ralar com a actualização do Excel (além de que está disponível em qualquer lado através do site). Podemos saber que livros lemos em determinado ano (e se era nosso ou emprestado). Podemos registar que livros queremos ler (quem sabe, entre os amigos, alguém o tem e nos pode emprestar ao saber que o queremos ler).
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