Sinopse
O que é um nome? — A pergunta ressoou por toda a divisão, embateu nas paredes e voltou ao emissor sem obter resposta. Um Nove Um Seis estava sentado na única cama do quarto número onze do hospício. Via as paredes do quarto a girar como se tivessem sido empurradas por uma criança que brinca com um globo terrestre pela primeira vez. Além disso, sentia-se como se estivesse de olhos abertos debaixo de água, estava tudo turvo. Era efeito dos fortes medicamentos. Sentado numa cadeira ao lado da cama, um médico observava-o de testa plissada, enquanto segurava uma folha no colo, onde fazia algumas anotações.
A minha opinião
A
Márcia desgraça-me. Já pensei em deixar de ler o blog dela para não me sentir tentada a comprar mais livros mas pronto, a tentação é forte, eu sou fraca e acabo por ceder. Foi o caso deste livro.
Um Nove Um Seis vive numa sociedade em que os nomes foram abolidos. Não há nomes (O que é um nome?). Países, livros, animais, pessoas, cidades.. tudo tem um número e nada tem um nome. Um número atribuído à nascença - Um Nove Um Seis - e que acompanha a pessoa até à morte.
Impuseram-se os números dos cartões, os números das casas, os números dos processos, os números das contas bancária, os números das cidades, os números das estradas, os números das estatísticas, os números que, afinal de contas, eram pessoas.
Um dia Um Nove Um Seis tem uma crise. E é internado no hospício onde a pergunta o persegue:
O que é um nome?
No hospício conhece Um Quatro Um Seis, o doente mais antigo, internado há doze anos e que o vai ajudar, sem ajudar, a encontrar a resposta.
Números que venceram os nomes... Podia ser no futuro, onde o livro se passa, mas pode ser agora: o seu número de contribuinte por favor? o seu número de cliente? sabe o seu número de cartão de cidadão? Números que vencem, no dia de hoje, os nomes. Deixamos de ser a Magda ou a Maria, o Miguel ou o Manuel e passamos a ser o número de contribuinte, o do cartão de cidadão ou outro número qualquer. E foi isto que me assustou neste livro - falta pouco para acordar um dia e não termos nomes, termos e sermos apenas mais um número. Previsão futurista ou um alerta para a desumanização da sociedade?
Números... numa sociedade em que os números substituem os nomes a identidade perde-se. Será esse o nosso futuro? perderemos a nossa identidade?
Confesso que me soube a pouco. 171 páginas souberam a muito pouco. Quando dei por mim, mal o tinha começado já estava a acabar. Não há surpresas, reviravoltas nem suspense. Há reflexão. Muita. A reflexão que todos teremos de fazer.
Leiam, não se vão arrepender.