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A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert de Joël Dicker
A Maria foi a primeira pessoa a falar-me neste livro. E a conversa foi mais ou menos assim:
Maria: se ainda não leste a verdade sobre o caso de Harry Quebert tens de ler - era só isto (ah e bom dia)
Magda: Ainda não li... De quem é? Bom dia!
Maria: Joël Dicker, um francês. Mas o livro é sobre um mistério empolgante e que está sempre a ter desenvolvimentos e twists. E é sobre escritores. Aliás, o livro inteiro é como se tivesse sido o escritor-personagem a escrever e não o escritor da vida real, até os agradecimentos e tudo.
Ora, considerando que a Maria lê mas não costuma falar nos livros que lê, eu fiquei com a pulga atrás da orelha. Ela lá me emprestou para eu não ser expulsa de casa por ter comprado mais um livro e pronto. Agendei a leitura para assim que acabasse O Viajante do Século. A Azulmar a Miss F decidiram juntar-se a mim nesta leitura e fizemos uma leitura conjunta (por isso, no fim, ide ler a opinião delas a ver se coincide com a minha).
Comecei o livro num sábado a seguir ao almoço, e, mal dei por mim, estava a chegar a hora de ir jantar. No domingo tive de parar de ler senão… bom, senão lá se ia a leitura conjunta porque eu teria lido tudo no fim de semana.
Na verdade, no dia em que terminei o livro, quase que perdi a estação do metro onde tinha de sair e, á saída do barco, tive vontade de bater ao sujeito que estava ao meu lado e que quis sair do lugar antes de tempo. Cheguei a casa e, antes de cumprimentar toda a família, sentei-me na cozinha a acabar. Faltavam apenas dez páginas, e eu tinha mesmo de saber: afinal, quem matou Nola?
De facto esta é a questão fundamental desde que o livro começa. Em Agosto de 1975, Nola, uma jovem de quinze anos desaparece. A última vez que é vista está a fugir dum homem na floresta perto de Aurora, a pacata vila onde vivia.
Trinta anos depois desse desaparecimento, Marcus Goldeman, um jovem escritor cujo primeiro livro foi um sucesso, está com a síndrome da página em branco – por mais que tente não consegue escrever uma linha do novo livro e o prazo dado pelo seu editor está a terminar. Decide então ir passar uns dias em Aurora, com Harry Quebert, um professor de literatura que foi também o seu mestre e que o ajudou a perceber que o verdadeiro sucesso só se consegue se encararmos os desafios mais fortes e não quando nos refugiamos nos mais fracos.
Harry Quebert que, além de professor de literatura é também um escritor consagrado, tendo vários romances editados, sendo que o seu maior sucesso é o livro As origens do mal.
Pouco tempo depois de estarem juntos, o mundo de Harry quebra-se. O cadáver da única mulher que amou é encontrado no seu jardim. Nola, a jovem de 15 anos desaparecida em 1975 afinal está morta e enterrada no jardim da casa que Harry comprou. Obviamente que Harry é o primeiro suspeito mas Marcus não acredita na sua culpabilidade e resolve investigar por conta própria.
E é essa investigação que acompanhamos ao longo do livro e que tem quase tantas reviravoltas e surpresas como o número de capítulos que o livro tem.
É curioso que, uma das maiores criticas negativas que li sobre este livro é que há diálogos e situações que são repetidas várias vezes. Quanto a mim creio que esse é um dos muitos pontos positivos. De facto há várias repetições mas vistas de prismas diferentes, mostrando-nos que a realidade pode ser totalmente diferente daquilo que se pensa inicialmente.
Também a ordenação dos capítulos acaba por ser original. Estamos habituados a que um livro comece no primeiro capitulo e depois a numeração é crescente. N'A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert passa-se o oposto, como se se tratasse duma contagem regressiva até ao momento zero - o dia 30 de Agosto de 1975, data em que Nola é assassinada na floresta.
Um livro cheio de meias verdades e de adulterações, de maus entendidos e de más decisões que levam a que, quando julgamos que, finalmente, está descoberta a verdade, mais um twist e lá estamos nós outra vez cheios de dúvidas.
Uma palavra quase final para a mãe de Marcus, uma mulher chata, irritante e, ao mesmo tempo, hilariante. Deixem-me contar-vos que li uma das conversas telefónicas dela com o filho numa sala de espera dum consultório e que me desmanchei a rir, tendo ficado tudo a olhar para mim.
Também Tamara e Jenny, mãe e filha, foram duas personagens que me marcaram. Uma por estar sempre disposta a tudo por aqueles a quem ama e a outra por não saber amar. Quantas pessoas conhecemos nós assim?
Por fim, a grande lição de moral que podemos aprender com Marcus. Conhecido como o Formidável nos tempos do liceu, acabamos por perceber que só o era porque escolhia criteriosamente o que sabia que era excessivamente fácil e que não desse luta.
Já vai longa esta opinião, e por isso, dir-vos-ei apenas que o epílogo deste livro é, sem dúvida, o mais correcto. Não será apenas deste, será de vários, mas a este assenta que nem uma luva.
Agora não se esqueçam, vão ver o que dizem a Azulmar e Miss F sobre este livro.
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