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Uma das resoluções de Ano Novo para leitores era deixar de usar papelinhos, recibos e afins para marcar os livros e que arranjar um marcador de livros bonito e que não se perca com facilidade.
Na verdade, nos últimos anos tenho usado um marcador diferente, que comprei na FNAC. Um elástico com um boneco. Prendia as folhas e não saia do lugar. Muito prático. Irritava-me um bocado o boneco – grande, com uns botões nos olhos – mas o benefício era bem maior que a irritação e a coisa ia correndo.
Mas já estavam velhinhos e muito usados e, quando a Just que me disse que precisava de cumprir esta resolução, eu pensei logo – vou-lhe fazer a surpresa e compro um para mim e outro para ela. Só que, quando cheguei à loja disseram-me que já não havia nenhum e que nem sequer sabiam quando iam ter.
Fiquei desiludida. E agora? Como é que eu ia marcar os meus preciosos livros?
Foi a Just que encontrou a solução. No ebay. Estes marcadores de silicone que são lindíssimos e que, ainda por cima, resolvem a minha embirrice com o boneco.
Porque ler não é só pegar no livro. É também mima-lo (e, ao mesmo tempo, mimar-nos a nós próprios). Ora digam lá que não ficam bem em qualquer livro? E até os posso combinar com a cor da capa…
O Inverno do Mundo de Ken Follett
Trilogia O Século - Livro 2
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722348768
Lido em 2014
Sinopse
Depois do extraordinário êxito de repercussão internacional alcançado pelo primeiro livro desta trilogia, A Queda dos Gigantes, retomamos a história no ponto onde a deixámos. A segunda geração das cinco famílias cujas vidas acompanhámos no primeiro volume assume pouco a pouco o protagonismo, a par de figuras históricas e no contexto das situações reais, desde a ascensão do Terceiro Reich, através da Guerra Civil de Espanha, durante a luta feroz entre os Aliados e as potências do Eixo, o Holocausto, o começo da era atómica inaugurada em Hiroxima e Nagasáqui, até ao início da Guerra Fria. Como no volume anterior, a totalidade do quadro é-nos oferecido como um vasto fresco que evolui a um ritmo de complexidade sempre crescente.
A minha opinião
Ken Follett, mais uma vez, não me desiludiu (já nem o espero deste autor).
Neste volume (e que volume, são 832 páginas), continuamos a acompanhar as mesmas 5 famílias, os Williams da Escócia, os ingleses Fitzherberts, os Von Ulrich da Alemanha e Áustria, os russos Peshkov e os americanos Dewar, mas os personagens do primeiro livro começam, aos poucos, a dar lugar aos seus filhos.
É difícil falar neste livro sem levantar mais um pouco do véu do primeiro, mas prometo que vou tentar.
Estamos em 1933 e a Alemanha, por ter perdido a primeira guerra, está a passar por muitas dificuldades económicas. Hitler apresenta os seus planos para tornar a Alemanha o centro do mundo e começa a ganhar apoiantes.
No parlamento, Hitler consegue convencer (a mal) os deputados a assinar a Lei da Concessão de Plenos Poderes, que acaba por abrir a porta a todas as atrocidades cometidas pelos Nazis antes e durante a segunda guerra mundial. Carla Von Ulrich e muitos outros alemães conseguem ter uma visão clara do que será a Alemanha com Hitler no poder, mas outros, como Erick Von Ulrich tornam-se, aos poucos, fervorosos apoiantes dos nazis e nem a morte de familiares e amigos, após uma sessão de tortura da Gestapo, os fazem mudar.
É pelas mãos de Carla, em Berlim e de Erick nos palcos de guerra, que acompanhamos a ascensão e queda de Hitler e as brutalidades cometidas pelo regime Nazi fora dos campos de concentração. Na verdade, em momento algum deste livro, “entramos” num campo de concentração - o que, quando a mim, não é importante, essa triste parte da segunda guerra mundial já foi tão explorada que, quando, neste livro em concreto, se fala no regime nazi, inconscientemente, associamos logo aos campos de concentração.
Na Rússia, e através de Volódia Peshkov, acompanhamos o crescimento do regime comunista, a ditadura de Estaline, e o inicio do fim da liberdade de expressão. Confesso que, em alguns momentos, tive vontade de bater quer a Volódia, quer a outros russos, próximos de Estaline que, apesar de terem os dados todos à sua frente, todas as informações correctas e confirmadas várias vezes e, ainda assim, não acreditaram que era possível a Alemanha invadir a Rússia, levando a que milhares de soldados morressem nessa guerra.
Na América, encontramos mais dois irmãos que nos vão levar numa viagem pelo tempo. Chuck Dewar prefere entrar para a Marinha a seguir a carreira diplomática que a família esperava. É com Chuck que estamos quando acontece o ataque japonês a Pearl Harbour que vai ditar a entrada da América na segunda guerra mundial. Woody Dewar segue as pisadas do pai, Gus, tentando, ao máximo, que a Liga das Nações (actual ONU) saia do papel.
Na Inglaterra o fascismo começa a querer a aparecer, havendo, inclusivamente, uma tentativa de marcha de apoio que, rapidamente, é impedida pelos ingleses de classes mais baixas - em maior número e, seguramente, mais organizados. Em Espanha a guerra já estalou e muitos ingleses oferecem-se como voluntários. Infelizmente - e mais uma vez - a desorganização e a falta de formação dos superiores - leva centenas de soldados a caminhar para a morte.
Já vai longa a crítica, como foi longo o livro. Não querendo levantar mais o véu sobre o seu conteúdo, resta-me dizer que esta leitura é quase um mergulhar, de cabeça, nos anos de 1933 a 1949. Literalmente. Qualquer um dos personagens fictícios do livro está nos lugares chaves, onde aconteceu alguma coisa de relevante - no parlamento alemão aquando da eleição de Hitler, nos bombardeamentos de Londres, a criação da bomba atómica, a criação do Plano Marshal e a sua aplicação, a eleição e a derrota de Churchil, a criação da rede de espiões da Rússia, etc. Nunca fui uma aluna excelente a história, é verdade, mas gosto destes romances que misturam a realidade com a ficção e que nos permitem aprender mais um pouco sobre o passado, como forma de entendermos o presente.
Este livro termina com Berlim, ainda sem o muro, mas dividida em duas - uma parte controlada pelos Russos, que mantêm a brutalidade e a forma de agir dos nazis, que eles próprios combateram; e a outra parte, controlada pelos restantes aliados, onde a prosperidade começa a notar-se.
Mais uma vez, e tal como no primeiro volume, Ken Follett teve o cuidado de conciliar as personagens reais com as fictícias em situações que, efectivamente, aconteceram ou tiveram uma grande probabilidade de acontecer. Há quem alegue que seria quase impossível que estas famílias se cruzassem, eu entendo que não, afinal vivemos numa Aldeia Global.
Se bem que, no fim de cada um destes volumes da trilogia (o primeiro e o segundo), não há pontas soltas, ou seja, todas as histórias tem um fim, podendo, por isso, cada um deles ser lido individualmente, eu confesso que estava ansiosa por iniciar o terceiro e último volume desta trilogia - no limiar da eternidade. Já o comecei, em breve falarei dele.
Este devia ser o meu mantra, a frase que me devia definir, pelo menos durante os próximos dois anos.
Leio, em média, 50/60 livros por ano. Não leio por maratona ou para atingir este ou aquele objectivo. Leio – apenas e só – pelo prazer que me dá.
Ora… considerando que leio 50/60 livros por ano, e que, neste momento tenho, na minha estante da vergonha, 113 livros, teria livros para ler durante dois anos e ainda sobravam para começar o terceiro ano. Ou para chegar a meio do terceiro ano, já que este ano ainda tenho que ler os livros que me calham em sorte no livro secreto que a M.J. organizou.
Mas o problema é que… as tentações não param: os autores que eu gosto continuam a editar, as promoções aparecem, as recomendações também e eu cedo. E volto a ceder.
Este ano, e ainda agora estamos a dia 21, já comprei seis livros. Um deles comprei em pré-lançamento, Bando de Corvos de Anne Bishop, a continuação de Letras Escarlates. E a ideia era ficar por ai. Mas veio a Just e falou-me n'O Leitor de Cadáveres e, aproveitando o facto do livro estar com 50% de desconto... lá o juntei à compra, mais A odisseia e pronto. Ficava por aqui.
Só que não.
Porque depois veio a FNAC com uma fantástica promoção e, ao mesmo tempo, recebi uma prenda de Natal atrasada - um cartão oferta FNAC. A Rainha Vermelha de Victoria Aveyard - que eu e a Maria das Palavras já tínhamos combinado que, a primeira que o comprasse emprestava à outra; O Oceano no Fim do Caminho de Neil Gaiman; Frágil, de Jodi Picoult e Pai Nosso de Clara Ferreira Alves.
E podíamos ficar por aqui.
Só que não.
Porque agora tenho uma colega nova. Sentada na secretária ao lado da minha. E que também lê muito. E que tem um dealer. A moça lá me mostrou a lista dos livros que o dealer tinha... e eu desgracei-me outra vez. Desta vez foi a trilogia Os Dotados de Lisa T.Bergren e Um estranho caso de culpa de Harlan Coben.
E eu só penso: não comprarás mais livros...
não comprarás mais livros...
não comprarás mais livros...
não comprarás mais livros...
não comprarás mais livros...
não comprarás mais livros...
não comprarás mais livros...
não comprarás mais livros...
Mas desconfio que só o vou conseguir quando me fecharem num quarto sem acesso à internet e sem poder sair. Mas ai terei tempo para ler estes livros todos que estão na estante da vergonha e depois já posso comprar mais.
Se tiver espaço para eles em casa...
A Queda dos Gigantes de Ken Follett
Trilogia O Século - Livro 1
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722344289
Lido em 2014
Sinopse
Em A Queda dos Gigantes, o primeiro volume da trilogia "O Século", as vidas de 5 famílias – americana, alemã, russa, inglesa e escocesa – cruzam-se durante o período tumultuoso da Primeira Grande Guerra, da Revolução Russa e do Movimento Sufragista.
Neste primeiro volume, que começa em 1911 e termina em 1925, travamos conhecimento com as cinco famílias que nas suas sucessivas gerações virão a ser as grandes protagonistas desta trilogia. Os membros destas famílias não esgotam porém a vasta galeria de personagens, incluindo mesmo figuras reais como Winston Churchill, Lenine e Trotsky, o general Joffreou ou Artur Zimmermann, e irão entretecer uma complexidade de relações entre paixões contrariadas, rivalidades e intrigas, jogos de poder, traições, no agitado quadro da Primeira Grande Guerra, da Revolução Russa e do movimento sufragista feminino.
Um extraordinário fresco, excepcional no rigor da investigação e brilhante na reconstrução dos tempos e das mentalidades da época.
A minha opinião
Estava ansiosa por começar a ler esta trilogia. Optei por comprar os três em conjunto, quando saisse o último, porque os queria ler de seguida. Da experiência que tenho com este autor, esta é a melhor opção porque, quando acabamos um volume, queremos logo continuar. E, mais uma vez, as minhas expectativas não saíram goradas
Pela mão de cinco famílias de cinco nacionalidades diferentes, acompanhamos o período de conturbado da primeira guerra mundial – antes, durante e depois.
A família Williams é uma família de mineiros no País de Gales. O pai é sindicalista, a mãe dona de casa. O filho, Billy é mineiro e a filha Ethel, é a governanta na casa dos nobres da região, a família Fitzherberts.
O Conde Fritz Fitzherberts é irmão de Maud e casado com Bea, uma princesa russa.
Walter Von Ulrich é alemão e vive em Londres como adido na embaixada alemã. É primo de Robert Von Ulrich, austríaco, que também vive em Londres como adido da embaixada austríaca.
Na Rússia conhecemos os Peshkov, Grigori e Lev. Bem como Katherina.
Ficamos também a conhecer Gus Dewar de Buffalo, assistente do Presidente norte‑americano.
Estas famílias estão, de uma forma ou de outra interligadas ao longo do livro.
O livro começa em 1911, com a entrada de Billy na mina. Os filhos dos mineiros tinham, à partida e a menos que fossem inválidos, lugar garantido nas minas de carvão, até à sua morte – por acidente ou doença. Poucos são os mineiros que morrem de velhice. Ethel, a irmã, é uma jovem que, pela sua inteligência e presença, sobe na hierarquia dos criados de uma forma vertiginosa tornando-se a governanta da mansão na altura em que Fitz reúne, nessa mesma mansão, vários jovens diplomatas e aristocráticos, com o Rei George que quer conhecer a opinião dos jovens que vivem em Londres sobre politica. É neste jantar que se começa a ouvir falar nos conflitos de opinião entre diversos países e que, mais tarde, dará origem à I Guerra Mundial.
Maud e Fitz não podiam ser mais diferentes. Enquanto Fitz, pela sua educação e formação, é um verdadeiro aristocrata, defensor da divisão de classes e de sexos – as mulheres, nesta altura, eram consideradas como “propriedade dos homens”, só com deveres e sem direitos, Maud luta pela igualdade das mulheres, pelo direito ao voto e pelo direito à assistência em qualquer circunstância e pelos mesmos direitos para todas as classes. Aliás, é precisamente por isso que Ethel e Maud se tornam amigas e até confidentes.
Walter, Robert e Gus são alguns dos convidados para o encontro com o Rei em casa de Fritz. Mais tarde, Gus, Fritz e Bea vão visitar uma fábrica na Rússia onde Grigori e Lev trabalham.
Estamos na Rússia dos Czares, onde a desigualdade entre as classes é ainda mais notória. Grigori e Lev juntam todo o dinheiro que podem para que possam comprar um bilhete para viajarem, na clandestinidade, para a América, terra dos sonhos para muitos russos. Grigori é uma pessoa responsável, que teve de criar o irmão, Lev, quando a mãe foi barbaramente assassinada pela polícia numa das muitas tentativas de revolução que tiveram lugar na Rússia. O pai tinha sido enforcado pelo avó de Bea por ter levado os animais esfomeados a pastar num terreno que pertencia à família de Bea. Lev é o oposto do irmão. Irresponsável, vigarista e, ao mesmo tempo, encantador e charmoso.
Katherina é uma jovem órfã que, na noite em que chega à Rússia, Grigori e Gus salvam de ser violada e morta pela polícia local, tornando-se, com isso, um alvo a abater pelo chefe da polícia. Mas enquanto Gus regressa ao seu país de origem, os Estados Unidos, Grigori, para salvar Lev de mais uma asneira, entrega o bilhete do barco a Lev e fica a viver com Katherina em Moscovo.
O assassinato do arquiduque Francisco Fernando da Áustria é a gota de água que alguns países precisavam para iniciar uma guerra que começa em Agosto de 1914 e só vai terminar em 11 de Novembro de 1918, depois de milhares de mortos de todos os países envolvidos. Com o início da guerra, separam-se famílias e amigos. Todas as personagens masculinas acima mencionadas são obrigadas a ir para as trincheiras para defender os seus países, apesar de, muitas vezes, porem a sua amizade em primeiro lugar – e aqui recordo o encontro, em lados opostos das trincheiras, de Fritz e Walter, numa noite de Natal.
Ao mesmo tempo que os homens travam a guerra nas trincheiras, Ethel e Maud travam uma guerra contra os preconceitos masculinos, tentando, por todos os meios, que as mulheres tivessem os mesmos direitos que os homens - em termos de salário, voto, saúde, etc.
Grigori, na Rússia, também trava uma outra luta – contra os czares e contra um sistema cruel que mata discriminadamente e que deixa o povo com fome e frio, e sem alento para lutar numa guerra para os quais não tem qualquer preparação. Quando os generais os mandam matar os seus vizinhos e amigos, apenas por querem comer, os soldados revoltam-se dando início à revolução russa.
Já no final da guerra, acompanhamos os primeiros passos da Liga das Nações que, mais tarde, daria origem à ONU.
Já vai longa esta opinião, o que é normal, considerando que o livro tem “apenas!” 928 páginas. Na verdade, são 928 páginas que se leem com muita facilidade, atento o modo como Ken Follet nos apresenta cada uma das situações e a forma como entrelaça as vivências das cinco famílias que acompanhamos ao longo de todo o volume.
Fechado este longo capítulo é altura de iniciar, sem demoras, o segundo – o Inverno do Mundo. Felizmente para mim, que estava no barco quando acabei o primeiro livro, o primeiro capítulo do segundo livro está disponível no final da Queda dos Gigantes, o que me permitiu não esperar mais.
É importante ainda fazer referência às personagens reais que, neste livro, convivem com as personagens imaginadas por Ken Follet. Do Rei George a Lenine, de Troski a Artur Zimmermann, do Kaiser Guilherme a Woodrow Wilson, passando por Winston Churchill e o general Joffreou. E aqui o autor dá cartas, seguramente. Ken Follet teve o cuidado, como o próprio explica numa nota final, de colocar as personagens reais em situações que poderiam efectivamente ter acontecido. Tem o cuidado de as colocar em cenários imaginários em alturas em que poderiam ter estado num local em tudo semelhante - Winston Churchill, por exemplo, viajava muitas vezes para o campo. Pois que a sua visita à mansão de Fritz, no campo, acontece precisamente numa altura, em que está registada uma visita ao campo. Este cuidado acaba por tornar todo o livro bastante realista, deixando-nos com a pergunta – será que estamos a ler uma obra de ficção ou será uma história real?
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