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Consegues senti-lo?

por Magda L Pais, em 17.04.16

Sophy abriu o livro com cuidado, como se receasse danifica-lo.

- Não, não - disse Sara, levando Sophy a olhar para cima, alarmada. - Abre-o mesmo. - e exemplificou. - Tens de conseguir enfiar o teu nariz lá dentro.

Sophy ergueu o livro até à cara, ainda a medo e com muito cuidado, e inspirou lentamente. Sorriu.

- Consegues senti-lo? O cheiro de livros novos. Aventuras por ler. Amigos que ainda não conheceste, horas de escape mágico à tua espera.

 

In A Livraria dos Finais Felizes de Katarina Bivald

A herança dos meus avós

por Magda L Pais, em 14.04.16

Conheceram-se num Momento oportuno e estão, novamente juntos, depois duma vida terrena em comum. Deixaram duas filhas, quatro netos e tem, neste momento, cinco bisnetos. Deixaram-lhes, a todos, de herança, a sua bonita história de amor e o cheiro às torradas que faziam para os netos lancharem.

Sou a neta mais velha. E a mais apaixonada pela leitura. Por isso, quando se começou a esvaziar a casa onde todos fomos felizes com eles, foi-me dada a hipótese de escolher que livros queria trazer. Não me fiz de rogada e lá fui ver o que por lá havia.

Não foi fácil escolher. Não que fossem muitos mas porque o espaço, na minha casa, começa a escassear. Ainda assim trouxe uns quantos (vá, dois sacos cheios...).

Foi esta a minha herança:

 

 (é só clicar nas setinhas para o lado para verem as imagens)

Ontem, por acaso, olhei de novo para os livros e descobri mais uma herança. Esta mais especial. Uma anotação do meu avó duma parte dum livro que ele gostou especialmente. Não consigo exprimir, em palavras, o que senti. Foi como se o meu avó estivesse ali ao meu lado e me fosse permitido, por momentos, abraça-lo. Tão bom!

 

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O Estranho Caso do Cão Morto

por Magda L Pais, em 11.04.16

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O Estranho Caso do Cão Morto de Mark Haddon

Editado pela Editorial Presença
ISBN: 9789722330565
 
Sinopse
Referido pelo The Times como «um dos melhores livros de 2003» O Estranho Caso do Cão Morto é muito divertido. Conta a história de Christopher Boone, um miúdo autista, com apenas 15 anos que vive enredado no seu próprio mundo, longe de tudo e de todos. Possui uma memória fotográfica e é um aluno excelente a matemática e a ciências mas detesta o amarelo e o castanho e não suporta que alguém lhe toque. Absorvido pela sua doença, Christopher desperta um dia quando encontra o cão da sua vizinha morto, no meio do jardim, com uma forquilha atravessada. A partir daqui nunca mais será o mesmo pois só descansará quando descobrir quem cometeu tão atroz crime. Uma obra de humor irónico, que irá em breve ser adaptada ao cinema, pois os direitos para filme foram já adquiridos pelos produtores de Harry Potter, contando com Brad Pitt como actor.
 
A minha opinião
Foi a Sara que primeiro me falou neste livro e que me disse assim:
Há uns dias comprei, por impulso, "O Estranho caso do cão morto". Um livro pequeno, que me pareceu leve de ler e em que a personagem principal é um miúdo autista. Comecei ontem a lê-lo e estou mesmo a gostar. É um estilo muitíssimo diferente, pois o narrador, que é também quem "está a escrever o livro" é um miúdo autista de 15 anos, com tudo o que isso acarreta. Estou a gostar, principalmente, porque nos faz entrar no mundo deles, na sua forma de pensar e ver as coisas. O autor, cujo nome não me recordo, é um professor que trabalha há anos com crianças e jovens autistas. Para já, recomendo! Estou a aprender tanto...
Achei interessante esta recomendação pelo que, de seguida, comecei a procura deste livro. Encontrei-o no OLX por seis euros e não hesitei. Assim como não hesitei em começar a lê-lo logo que acabei O Último Capítulo e terminei-o em menos de nada porque, efectivamente, é um livro que, não sendo uma obra prima ou coisa que o valha, é bastante interessante.
Christopher Boone é o narrador. Tem 15 anos e é autista, pelo que vê o mundo de uma forma diferente do habitual. Não melhor, não pior, apenas diferente. Para ele, por exemplo, o dia define-se consoante a cor e o número de carros seguidos que encontra quando vai para a escola. Por exemplo, se vir 5 carros vermelhos seguidos vai ser um dia muito bom. Se forem 5 carros amarelos vai ser um dia muito mau. É pelos olhos de Christopher, e numa linguagem muito doce e inocente que nos apercebemos do que é ser autista e o que é ter uma maior sensibilidade às mudanças e da dificuldade que o comum dos mortais tem em lidar com autistas. Aliás, essa dificuldade é bem demonstrada pelo comportamento dos pais, professores e vizinhos de Christopher - uns assimilam com mais facilidade enquanto outros não sabem como agir porque, simplesmente, não o entendem.
Com laivos de humor e ironia, é um livro que devia ser lido por todos mas, acima de tudo, por aqueles que precisam de entender os autistas.

Cada livro...

por Magda L Pais, em 08.04.16

Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte.

 

 

 

in A Sombra do Vento de Carlos Ruiz Zafón

O Último Capítulo

por Magda L Pais, em 07.04.16

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O Último Capítulo de Edmund Power

Editado em 2007 pela Saída de Emergência
ISBN: 9789728839819
 
Sinopse
Vivemos na época dos best-sellers. As editoras só querem publicar best-sellers, os leitores só querem ler best-sellers... e há quem faça tudo para escrever um.

Quando Brendan Stokes, um escritor falhado, descobre o cadáver do vizinho, descobre também que lhe saiu a sorte grande: perto do corpo está uma obra-prima acabada de escrever.
Decide então fingir ser o autor do manuscrito e, quando os contratos milionários começam a chegar, a fraude revela ser uma maneira muito mais fácil de enriquecer do que escrever o seu próprio livro.
Mas a teia de mentiras torna-se tão extensa que Brendan tem dificuldade em manter a sua história. E com a polícia, a sua mulher e uma série de amigos a fazerem perguntas sobre o vizinho e o seu best-seller, cedo se apercebe que para roubar um livro também terá que roubar vidas.

A minha opinião

Autor desconhecido, uma capa estranha, um título estranho e uma sinopse assim assim. Estes factores juntos não me levariam a ler este livro, confesso mas a Maria recomendou a sua leitura e  lá acabei com ele na mala para o ler. Valeu a pena.

Factos. Brendan, em cada cinco palavras que diz, seis são mentira. Isto é um facto verdadeiro, não é mais uma mentira do narrador. Outro facto verdadeiro: a mentira tem perna curta. E muitas mentiras juntas não se tornam verdade. Mas podem tornar-se num livro. E dos bons.

Brendan é um escritor. Ou um operário com a mania que é escritor. Depois de enviar o seu quarto manuscrito recebe a quarta carta de rejeição. A editora a quem enviou a sua obra-prima devolve-o dizendo que:

... existem muito mais coisas que o senhor desconhece. Por exemplo como escrever em inglês de forma clara, concisa e coerente.

...

Deixe-me colocar a questão de forma directa, clara e nada rebuscada (...) Sr Stokes, esqueça. Não é um escritor e nunca o será. Lá fora, existem milhares de empregos, que poderão valorizar bastante a sua tenacidade, a sua diligência e a sua coragem. Por amor de Deus escolha um deles. Escolha hoje!

Mas Brendan não quer desistir e dar à sua amada esposa (a mesma que o traí todas as noites com um dos amigos do casal) mais razões para ela o odiar. 

Um dia tudo muda. Por causa dum cheiro nauseabundo, Brendan arromba a porta do vizinho e, além de o encontrar muito morto, encontra também um manuscrito. Com uma história diferente de tudo o que conhece. Brendan vê, no manuscrito, a sua melhor hipótese e rouba-o para o reescrever e enviar para a editora que o recusou. Mas o universo une-se contra ele e as pontas soltas que vai deixando vão sendo unidas pela policia.

Confesso que me ri imenso com isto e, de uma forma perversa, quase que esperava que Brendan se safasse. Caramba, há que valorizar a capacidade inventiva do homem para manter a sua história a todo o custo.

Mais uma prova que não se deve avaliar o livro pela capa. Esta capa não é, de todo, atraente. Ao contrário do livro. E isto é um facto. Verdadeiro.




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