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Aqui há coisa dum ano e pouco a M.J. lançou um desafio que considerei, desde o início, interessante e – vá-se lá saber porquê, desafiador.
A ideia: deixarmos de receber apenas contas na caixa de correio física e passarmos a receber, todos os meses um livro para ler. Nunca saberíamos que livro nos calharia nesse mês e teríamos o prazo de um mês para o ler até o enviarmos para o destino seguinte.
Na verdade, à minha caixa de correio, chegam muitas vezes livros. Mais do que a minha família gostaria e bastante menos do que eu gostaria mas pronto, a vida é assim mesmo, não se pode agradar a todos (pronto, tá bem, a família nem diz nada e até se ri quando chegam mais livros. Apesar do espaço estar a começar a escassear…)
14 alminhas aderiram ao desafio. 14 livros, 14 gostos literários diferentes, 14 timmings de leitura diferentes, 14 personalidades. Uma única coisa em comum – o gosto pela leitura.
Criou-se um grupo no facebook para organizar melhor, foram-se alinhavando regras, adaptando prazos e tudo correu pelo melhor.
Recebi o primeiro livro em Dezembro de 2015 e, deixem-me dizer-vos que A sombra do vento não só foi o melhor livro que li no âmbito do Livro Secreto mas é um dos melhores livros que li na vida. Já o tinha em casa à espera de vez – que, estupidamente, nunca mais chegava – mas foi preciso esta iniciativa para o ler.
Seguiram-se outros 12 livros (o 14º foi o que eu enviei). E se uns se leram bem, outros leram-se melhor. Um dos que li foi o piorzinho que alguma vez li (Adultério) e dois nem sequer comecei (porque estava embrenhada em trabalho e noutras leituras. Falo do Novíssimo Testamento e Uma Mulher Não Chora.
Alguns foram a minha primeira experiência com os autores. Eça de Queiroz foi um deles (e, ainda por cima, a iniciativa foi pensada também porque alguém – eu! – nunca tinha lido Eça na vida). A versão da Tragédia da Rua das Flores que circulou tinha problemas gráficos e não a consegui ler (é o que faz ser pitosga) mas fiz questão de arranjar uma nova versão para a poder ler.
Arrependi-me do livro que enviei. Cloud Atlas não é um livro fácil (como qualquer um dos livros de David Mitchell) e que não serve para qualquer pessoa.
Estou agora a ler o último livro da iniciativa. Plano Infinito de Isabel Allende. Curiosamente, mais um livro que estava na minha estante a aguardar pela vez dele, pelo que, terminado o prazo de envio deste livro à sua dona original, mesmo que não o tenha acabado, posso fazê-lo com todo o tempo do mundo.
Receberei, nos próximos dias, o meu livro. Escrito, rescrito (a iniciativa previa isso mesmo – cada um podia/devia assinalar, de alguma forma, as suas partes favoritas do livro) e viajado. Termina assim esta iniciativa que me levou a viajar por livros nunca antes pensados.
Não vai deixar saudades.
Ainda não tinha terminado a primeira volta, já estavam abertas as inscrições para o segundo round, com as mesmas regras.
Uma grande diferença: deixamos de ser 14 almas. Somos 27, dos quais 13 são repetentes. O que implica 27 livros, 26 novas experiências literárias para mim (e esta é, sem dúvida, a parte mais interessante), dois anos e pouco a trocar livros, a não saber que livro me vai calhar em sorte no mês seguinte. Gostos e vontades diferentes. Feitios e tempos de leitura diferentes.
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