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- E as nossas diferenças? – perguntou Elend
- À primeira vista, a chave e a fechadura em que ela serve podem parecer muito diferentes – disse Sazed – Diferentes na forma, diferentes na função, diferentes na concepção. O homem que as vir sem conhecer a sua verdadeira natureza pode pensar que são opostos, pois uma se destina a abrir e a outra a manter fechado. No entanto, após um exame mais atento, poderá ver que, sem uma, a outra se torna inútil. O sábio, portanto, vê que tanto a fechadura como a chave foram criadas com o mesmo propósito.
in O Poço da Ascensão (saga Mistborn #2) de Brandon Sanderson
Apesar do título ser sujeito a diversas interpretações, a verdade é que estou a falar do tema do costume neste recanto. Ou seja, livros, claro.
Sempre gostei de ler um livro de cada vez. Para mim cada livro é único e merece ser tratado como tal. Faz-me (ou fazia) alguma confusão ouvir por ai que estavam a ler dois, três ou seis livros ao mesmo tempo. E as histórias? As personagens? Não se misturam, não se sentem traídas?
Nunca tive curiosidade em experimentar esta bigamia de livros até ao dia em que cedi à tentação.
O Poço da Ascensão de Brandon Sanderson, com 736 páginas, andava pelas prateleiras à espera das férias. Sempre que acabava um livro olhava para ele com vontade de o ler (é uma das melhores sagas de fantasia que já li, sem dúvida) mas o peso (literal) do livro fazia-me pensar duas vezes. Um dia não resisti. Peguei nele e trouxe-o para o meu local de trabalho. Assim não pesa no ombro e, todos os dias de trabalho, ao almoço, leio algumas páginas.
Ao mesmo tempo, e nas minhas viagens de transportes públicos, fui lendo as Crónicas do Mal de Amor de Elena Ferrante. E agora, porque ainda não acabei O Poço da Ascensão, estou a ler O Plano Infinito de Isabel Allende, último livro secreto do primeiro grupo.
Mentirei se vos dizer que gosto desta situação. Quando estou a ler, à hora de almoço, penso no livro que leio nos transportes públicos. E quando estou a ler nos transportes públicos, penso no livro que me acompanha o almoço. Não me consigo, realmente, habituar a isto.
Creio que só voltarei a passar pelo mesmo quando tiver algum livro maiorzito para ler. Os meus ombros e a coluna certamente que agradecem. Mas prefiro, sem sombra de dúvida, ler um de cada vez.
E vocês? Um de cada vez ou dois ao mesmo tempo?
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