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Dan Brown no CCB em Lisboa

por Magda L Pais, em 16.10.17

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Este ano Portugal está na rota de três autores que adoro.

Primeiro foi Ken Follet que a Editorial Presença trouxe a Portugal no passado dia 24 de Setembro. Infelizmente não me foi possível estar presente mas, por aquilo que acompanhei no facebook, foi muito mal organizado. Um espaço pequeno para um autor desta envergadura, entrada até estarem pessoas quase às camadas, enfim, uma salganhada que um autor destes não merece.

Dia 28 de Outubro, inserido no Festival Bang, Anne Bishop. Não sei se já notaram mas é A Autora que eu mais acompanho, que mais leio, que me encanta e de quem tenho todos os livros editados. Estou em stress para que esse dia chegue.

E ontem, Dan Brown no Grande Auditório do CCB em Lisboa. Eu estive lá e é disso que vos quero falar.

Primeiro que tudo uma palavra de apreço à organização. De facto a Bertrand, neste aspecto, funcionou tal e qual um relógio afinado. Cada pessoa tinha, na sua pose, um convite que podia ser de 4 cores diferentes. Os azuis tinham direito a ficar nas primeiras filas. Os laranja ficavam na plateia, nas últimas filas. Os brancos iam para o segundo andar. Haviam ainda convites castanhos que, confesso, não percebi como funcionavam. Percebi que os brancos eram os convites entregues no dia do evento a quem se dirigiu ao CCB. Os laranja eram os convites de quem tinha feito o registo no site destinado ao evento (e que foram enviados para casa). Os azuis eram os que tinham feito o registo no site, tinham respondido correctamente a uma questão colocada e que tinham feito a pré-reserva do livro. No evento (via facebook) ou por email, fomos sendo avisados dos horários. Às 16h as portas abririam (e foi a essa hora que começamos a entrar para o foyer), às 16h30 seriam abertas as portas do auditório (aqui houve um pequeno atraso, só foram abertas às 16h45) e às 17h teria inicio a apresentação (que começou às 17h15) com duração aproximada duma hora. Viu-se que a máquina estava bem oleada. As pessoas foram encaminhadas consoante as cores dos convites, quem estava nas zonas mais afastadas do palco foi convidado a preencher os espaços vazios mais à frente, sem stresses, empurrões ou problema algum. E, quando já estávamos todos sentados o evento começou.

Dan Brown é um comunicador. Mais que um escritor de sucesso, é uma pessoa de conversa. Que nos levou por uma viagem pela sua própria história pessoal, pelo que é viver com uma mãe católica e um pai dedicado às matemáticas. De riso fácil e que nos manteve presos ao seu discurso durante quase 40 minutos, sem que déssemos conta do tempo passar. Falou deste novo livro mas também de como foi ingénuo quando editou O Código Da Vinci, livro que, no seu entender, não era polémico. Contou-nos vários episódios que se passaram com ele, nas filmagens e a razão que o levou a ceder e a permitir que os filmes fossem feitos. Falou na sua interpretação da religião e de que sentiu necessidade de se afastar mais da religião quando um padre disse, no funeral de uma criança que tinha morrido de leucemia, que essa morte fazia parte do plano de Deus.

Por fim uma pequena sessão de perguntas e respostas. Ficamos a saber que, um dia, poderá editar um livro chamado “A cifra de Sintra”. Foram várias as perguntas, umas com mais interesse outras com menos e que nos deu um dos momentos altos do evento. A pergunta? Bem, a que é colocada a todos os autores em eventos destes: Quando é que sai o próximo livro?. A resposta? Bem, levou quase toda a gente às lágrimas de riso: Dan Brown pediu que a pessoa que a colocou se levantasse (era uma senhora) e pediu-lhe que imaginasse que tinha tido um filho e que, dez minutos depois do parto, mal entrou no quarto, o marido lhe pergunta: e então, vamos repetir? Vamos ter já outro filho?

Ficamos também a saber que o símbolo que aparece na capa do livro é a representação da escadaria da Sagrada Família, local onde passeou na altura em que andava a fazer investigação para este livro e que achou que era perfeito para alguém morrer por ali.

Dan Brown veio a Portugal por “breves instantes”. Aterrou em Lisboa uma hora antes do evento e, logo que terminou, fez uma visita rápida à Bertrand no Chiado e seguiu para Barcelona – cidade onde se passa a trama deste livro – para um novo evento. Apesar de ter sido pouco tempo (com um comunicador destes, poderia estar ali a tarde toda a ouvi-lo) tenho de vos confessar que foi uma tarde inesquecível. Mesmo sem a sessão de autógrafos que tantos queriam que se tivesse realizado (coitado do homem, só se fosse mesmo de carimbo que assinar livros a tanta gente seria coisa para lhe provocar uma tendinite).

Por fim… ganhei uma filha neste evento. Fui com a desaparecida Miss F (ela vive mas apenas na Revista Inominável) e, antes de entrarmos, uma fotógrafa da Bertrand veio ter connosco e pediu-me autorização para fotografar a minha filha “que é muito bonita”. Autorizamos, pois claro, mas não sem antes termos um ataque de riso. E pronto, assim sendo, além do prazer de ouvir um excelente comunicador e um escritor de quem sou fã, a minha família também aumentou. Um dia em grande, está visto.

Entretanto já li o livro que deu origem a esta conferência.

(se quiserem ver o vídeo, está aqui e, abaixo, podem ver as nossas fotos)

 

A Outra Metade de Mim (Mischling)

por Magda L Pais, em 16.10.17

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A Outra Metade de Mim (Mischling) de Affinity Konar

ISBN: 9789722532730

Editado em 2016 pela Bertrand Editora

 

Sinopse

Pearl tem a seu cargo o triste, o bom, o passado. Stasha fica com o divertido, o future, o mau. Corre o ano de 1944 quando as gémeas chegam a Auschwitz com a mãe e o avô. No seu novo mundo, Pearl e Stasha Zamorski refugiam-se nas suas naturezas idênticas, encontrando conforto na linguagem privada e nas brincadeiras partilhadas da infância. As meninas fazem parte da população de gémeos para experiências conhecida como o Zoo de Mengele e, como tal, conhecem privilégios e horrores desconhecidos dos outros. Começam a mudar, a ver-se extirpadas das personalidades que em tempos partilharam, as suas identidades são alteradas pelo peso da culpa e da dor. Nesse inverno, num concerto orquestrado por Mengele, Pearl desaparece.

Stasha sofre a perda da irmã, mas agarra-se à possibilidade de que ela continue viva. Quando o campo é libertado pelo Exército Vermelho, ela e o companheiro Feliks - um rapaz que jurou vingança depois da morte do seu gémeo - atravessam a Polónia, um país agora destruído. Não os detêm a fome, os ferimentos e o caos que os rodeia, motivados como estão em igual medida pelo perigo e pela esperança. Encontram no seu caminho aldeões hostis, membros da resistência judaica e outros refugiados como eles, e continuam a sua viagem incentivados pela ideia de que Mengele pode ser apanhado e trazido à justiça. À medida que os jovens sobreviventes descobrem o que aconteceu ao mundo, tentam imaginar um futuro nele. Uma história extraordinária, contada numa voz que tem tanto de belo como de original, Mischling é um livro que desafia todas as expectativas, atravessando um dos momentos mais negros da história da humanidade para nos mostrar o caminho para a beleza, a ética e a esperança.

A minha opinião

Livros sobre a segunda guerra mundial exercem, sobre mim, sentimentos ambíguos. Se, por um lado, me levam a reflectir sobre a maldade, sobre a capacidade do homem se ultrapassar a si próprio pela negativa, no mal que faz aos seus semelhantes, por outro fico sempre maravilhada com a capacidade de se ultrapassar o pior que se pode imaginar. A Outra Metade de Mim é. acima de tudo, um livro sobre isso mesmo, a capacidade do ser humano de ultrapassar o pior, de encontrar a beleza e a esperança onde menos se pode esperar.

Mengele é, sem dúvida, o expoente máximo do horror que se passou na segunda guerra mundial. O seu Zoo de crianças, onde fazia experiências com gémeos (chegando ao extremo de cozer - a sangue frio - um gémeo ao outro) ou grávidas (chamando cesariana a acto de esventrar da mulher e à tortura do feto, enfiando-o, por exemplo, num balde de água a ferver enquanto a mãe assistia). Pelo meio as crianças eram torturadas física e psicologicamente, sujeitando-se, muitas vezes de forma voluntária, a tudo o que Mengele e os seus capangas quisessem, porque lhes era prometido que a família estaria a salvo (o que, obviamente, nunca acontecia).

Este é, sem dúvida e até agora, o meu livro preferido da segunda edição do livro secreto. Pelo tema mas também pela escrita. A Outra Metade de Mim é escrita a duas vozes, por Pearl e por Stasha, duas gémeas cativas e que acabam por ser separadas por Mengele. Apesar do tema ser pesado, acabamos por encontrar a ternura e o amor que une as duas irmãs e que, ao mesmo tempo, as une aos seus companheiros de infortúnio, principalmente a Peter e ao Paciente Azul.

Não é um livro que recomende de animo leve. Quem sofre com estes temas, quem sofre com as descrições feitas das atrocidades cometidas, deve ler este livro com contenção. Não pelo que é descrito - a autora teve alguns cuidados com as descrições - mas com o que fica subentendido. E, às vezes, isso é o pior...

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