Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Número Zero de Umberto Eco
ISBN: 9789896166434
Editado em 2015 pela Gradiva
Sinopse
Este é um romance que não deixa ninguém indiferente à reflexão sobre os jornais e o jornalismo. Como cenário de fundo tem uma redacção de um jornal diário, que se está a constituir de modo apressado e por razões que menos se relacionam com o objectivo de preparar boa informação e mais respeitam à criação de uma «fachada» para servir interesses próprios. Neste caso, não os interesses dos jornalistas, poucos, relativamente mal pagos e com histórias de carreira onde o sucesso não tem tido lugar, mas sim os interesses de quem tem poder, dinheiro ou ambos. Poderá um órgão de comunicação social servir para ter os inimigos na mão e chegar aonde se quer?
Um jornal que está a dar os primeiros passos muito tem para decidir. E esta obra de Umberto Eco torna-se, nesta vertente, numa espécie de «manual» de decisões onde a qualidade do produto final está mais arredada das preocupações do que seria desejável. Neste jornal, designado Amanhã, há espaço para criar notícias, reciclar notícias e encobrir notícias. Sendo esta uma obra de ficção, a leitura que pode ser feita do que lá se escreve vai além da boa leitura que a narrativa proporciona.
Poder e jornalismo associam-se aqui a teorias da conspiração. Um redactor paranóico que anda pela Milão em que a história se passa, segue atrás de pistas que remontam ao fim da Segunda Guerra Mundial e, somando factos, chega a um complexo resultado que tem tudo para convencer. Começa pelo cadáver de um pseudo-Mussolini e segue pelos meandros da política, envolvendo o Vaticano, a máfia, os juízes e os serviços secretos.
A minha opinião
"Ouvi" falar deste Número Zero pela primeira vez pela voz da Vanita, p'ra aí há dois anos. Depois, um dia, encontrei-o à venda, comprei e lá lhe calhou a vez da leitura.
Não obstante nunca ter trabalhado ou sequer me aproximado duma redacção dum jornal, consegui sentir-me dentro duma durante este livro. Ou, vá, em parte do livro. Achei este tema - o número zero dum jornal - bastante interessante e estava curiosa em saber como se faz (o mais próximo que estive disso foi quando saiu o número 1 do jornal Público e a minha tia passou dias a fio no jornal para que corresse tudo bem). A curiosidade matou o gato mas este livro não matou a minha, pelo menos não na totalidade.
Confesso que partes do livro fizeram sono. Quando Braggadocio disserta sobre a sua teoria da conspiração, por mais interessante que tal possa parecer... eu quase que adormeci e foi com custo que acabei por a ler toda. Outras partes foram mais interessantes, nomeadamente as reuniões de direcção e a forma como se fala em manipulação das noticias, em dar aos leitores aquilo que os jornalistas acham que eles querem.
Não posso, em consciência, dizer que é um bom livro. Direi antes que achei o Número Zero muito fraco para um autor da excelência de Umberto Eco. Lê-se, claro que se lê, mas esperava mais. E melhor...
(leia aqui as primeiras páginas)
Classificação:
Entretanto...
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.