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Chama-Me pelo Teu Nome de André Aciman
ISBN: 9789897244360
Editado em 2018 pelo Clube do Autor
Sinopse
Chama-me pelo Teu Nome é um romance arrebatador sobre o desejo e a experiência da atração. Uma das grandes histórias de amor do nosso tempo, narrada de forma inteligente e imprevisível.
Na idílica Riviera italiana nasce um romance intenso entre um rapaz de dezassete anos e o convidado dos pais, um estudante universitário que irá passar com eles umas semanas no verão.
A mansão sobre as falésias é povoada por um conjunto de personagens excêntricas, com um gosto especial pela boa vida. Mas nenhum dos jovens está preparado para as consequências da atração, que, durantes essas apaixonadas semanas de calor, mar e vinho, faz crescer entre eles o fascínio e o desejo, sentimentos que não conseguem suprimir, apesar de todas as proibições e dos perigos.
Divididos entre o receio das consequências e o fascínio que não conseguem esconder, avançam e recuam movidos pela curiosidade, o desejo, a obsessão e o medo, até se deixarem levar por uma paixão arrebatadora e descobrirem uma intimidade rara que temem nunca mais encontrar.
Chama-me Pelo Teu Nome não é só uma história intemporal, é também uma análise franca, bela e dura sobre a paixão – como agimos, pensamos e sentimos. Uma elegia ao amor e um livro inesquecível.
A minha opinião
É curioso como cada pessoa lê cada livro de forma diferente. Como cada história - a mesma história - pode ter várias interpretações. Ouvi alguém - acho que foi Rui Zink mas não tenho a certeza - dizer que os livros são lidos não pelo leitores mas pela sua história pessoal, pela bagagem que transportam.
Chama-Me pelo Teu Nome prova-me exactamente isso. Ontem, depois de acabar de almoçar e quando me faltavam pouco mais de trinta páginas para acabar este livro, cruzei-me com as opiniões da Carolina e da Beatriz que costumo acompanhar (ainda que nem sempre comente). E, se é verdade que conseguiram fazer-me ler algumas partes do livro de outra forma, nenhuma das duas mencionou aquilo que, para mim, é fulcral neste livro:
O seu tom dizia: não temos de falar sobre isso, mas não vamos fingir que não sabemos do que estou a falar.(...)
- (...) No meu lugar, a maioria dos pais gostaria que tudo isso desaparecesse, ou que os seus filhos se esquecessem do que se passou. Mas não sou esse tipo de pai. Se houver dor, cuida dela, e se houver chama, não a desprezes, não sejas brutal com ela. (...) arrancamos tanto de nós próprios só para nos curarmos das coisas, mais depressa do que deveríamos, que entramos em falência por volta dos trinta anos e temos menos para oferecer de cada vez que começamos com alguém novo. Mas tentarmos não sentir nada, porque temos medo de sentir alguma coisa? que desperdício!
(...)
- Pode ser que nunca mais falemos disto. Mas espero que não me condenes por o ter feito. Teria sido um péssimo pai se, um dia, tu quisesses falar comigo e a porta estivesse fechada.
Esta conversa entre Elio e o pai, em oposição ao que Oliver afirma que seria a atitude do pai dele sobre o mesmo tema:
o meu pai tinha-me mandado para uma casa de correcção.
É, para mim, a cereja no topo dum bolo que, confesso, nem sempre me agradou. E foi neste aspecto que a minha leitura do livro se alterou com as opiniões da Beatriz e da Carolina.
Às vezes sinto-me velha. Vá, dirão por ai que velhos são os trapos mas a verdade é que me esqueço já do que é ser adolescente, ainda que tenha dois adolescentes em casa. E esqueço-me do que pensei quando tinha 16 ou 17 anos. A Beatriz e a Carolina obrigaram-me a relembrar esse passado distante e perceber que Elio tem exactamente essa idade.
Chama-Me pelo Teu Nome é uma espécie de diário de Elio, são os seus pensamentos, as suas paixões, os seus sonhos, as suas dúvidas se será ou não correspondido. E mostra-nos, de forma sublime, como o amor e as dúvidas sobre se somos ou não correspondidos, é igual para todos - heteros ou homos. Amamos, duvidamos, seduzimos e somos seduzidos. Tão simples - se é que o amor pode ser simples - quanto isto.
Chama-Me pelo Teu Nome é também uma elegia ao primeiro amor. E, caramba, como me pode eu esquecer (obrigado André Aciman!) do meu primeiro amor, por quem ainda sinto carinho e com quem vou falando de vez em quando?
Mas é, acima de tudo - e para mim - uma homenagem aos pais e aos filhos que falam entre si, que aceitam as suas diferenças, que se aceitam a si próprios. Que não tentam mudar para agradar aos outros.
Sem dúvida que, mais tarde, irei reler este livro. Porque me parece que é livro-cebola. Com várias camadas que terão de ser descascadas a cada leitura para poder aproveitar, ao máximo, tudo o que Chama-Me pelo Teu Nome tem para me dar.
e que tal aproveitarem a promoção do Clube do Autor e ainda recebem o DVD do filme?
(leia aqui as primeiras páginas)
Classificação:
(este livro foi-me oferecido pelo Clube do Autor em troca duma opinião honesta e sincera)
Entretanto...
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