Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
— (...)Temos três tipos de família. Aqueles de quem nascemos, aqueles que nascem de nós e aqueles que deixamos entrar nos nossos corações. Eu deixei-te entrar no meu coração, por isso a Simi é a tua família e ela não abdicará de ti. Se agora estás triste, acho que é porque a tua família ainda está, também, no teu coração e estão a ocupar tanto espaço que não cabe lá mais ninguém.
— Não posso abdicar deles.
— E não deves fazê-lo. Nunca. Ninguém deve esquecer aqueles que ama, nunca. Mas é como com a QVC: sempre que eu encho o meu quarto com coisas a mais, o Akri constrói-me outro quarto. De alguma forma há sempre espaço para mais. O teu coração pode sempre expandir-se para acolher tantas pessoas quantas seja necessário. As pessoas que lá vivem, essas não se vão embora. Só tens de arranjar espaço para mais uma pessoa, e depois outra, e outra, e outra.
Cinco Quartos de Laranja de Joanne Harris
ISBN: 9789724127002
Editado em 2010 pelas Edições Asa
Sinopse
Framboise regressa à pequena cidade onde nasceu, na província francesa, e abre aí um restaurante que rapidamente se torna famoso, graças às receitas de um velho caderno que pertencera à sua mãe. Essa espécie de diário contém igualmente uns estranhos apontamentos cuja decifração lançará uma nova luz sobre os dramáticos acontecimentos que marcaram a infância da protagonista nos dias já longínquos da ocupação nazi. Framboise recorda os sabores e os sentimentos da sua infância, numa França marcada pela dor e pela penúria da guerra, e muito especialmente um episódio que marcou a vida da família e constitui, para ela, a perda definitiva da inocência. Agora, já no Outono da vida, chegou a hora de enfrentar a difícil verdade.
A opinião d’O último fecha a porta
Foi a primeira vez que li um livro de Joanne Harris e quando li a sinopse na contracapa na biblioteca, achei curioso. Aluguei-o e estava à espera de uma história envolvente, mas sem grande suspense. Confirmou-se.
A componente histórica da ação e das suas personagens é o seu grande atrativo.
A história gira em torno da ocupação alemã na França durante a 2ª Guerra Mundial. As personagens, ainda crianças, vêm-se envolvidas numa espécie de contrabando e troca de informações por bens materiais.
Muito interessante esta abordagem porque é um silêncio cúmplice em que todos ganham. Essa traição aos vizinhos e restantes aldeões acaba também por envolver a mãe e acaba com uma revolta popular e expulsão da família da cidade.
A personagem principal regressa, assim, atrás ao seu tempo de infância, à sua difícil relação com a mãe, à morte prematura do pai na Guerra. abordando a perspectiva do irmão mais novo e das embrulhadas para ir à cidade sem a mãe descobrir. Aliás o título decorre da alergia que a mãe tinha a laranjas.
Pontos positivos:
- História fluída, clara e poucas personagens
- a abordagem histórica da 2ª Guerra Mundial, da relação população francesa ocupada vs soldados alemães invasores – chantagem, troca de favores, a inocência das crianças, a revolta contra os “bufos”
Pontos negativos:
- pouco suspense na ação
Leia aqui as primeiras páginas
Classificação:
May we meet again
Conheces o meu blog generalista?
Que esperam para me acompanhar no facebook e no instagram?
(às 9h30 de segunda feira, leituras alheias traz-vos opiniões sobre livros de outros bloggers ou amigos)
As Terças com Morrie de Mitch Albom
Traduzido por Sofia Serra
ISBN: 9789728541064
Editado em 2017 pela Sinais de Fogo Publicações
Sinopse
O diálogo, durante 14 Terças-feiras, entre um velho professor que morre e um seu antigo aluno proporciona-nos a todos uma última e comovente lição sobre as coisas mais simples e mais importantes da vida – e da morte. Um fenómeno editorial em todo o mundo.
Excertos
"Ah, se fosse novo outra vez! Nunca ouves ninguém dizer: "Gostava de ter sessenta e cinco anos."
Sorriu.
"Sabes o que isso reflecte? Vidas insatisfeitas. Vidas incompletas. Vidas que não encontraram sentido nenhum. Porque se encontrares sentido na vida, não desejas voltar atrás. Queres ir para a frente. Queres ver mais, fazer mais. Estás mortinho para chegar aos sessenta e cinco.
"Ouve, tens que saber uma coisa. Todos os jovens têm que saber uma coisa. Se estiveres sempre a batalhar contra o envelhecimento, vais ser sempre infeliz, porque isso vai acontecer de qualquer maneira."
"E, Mitch?"
Baixou a voz.
"O facto é que vais mesmo acabar por morrer.
A minha opinião
Estava com grandes expectativas em relação a este livro que tem sido muito elogiado no nosso grupo do livro secreto. Infelizmente, e apesar de ter gostado, não partilho de todos os elogios que lhe tem sido feito, achando, ao invés, que algumas partes estão confusas - nem todos os escritores sabem alternar entre o passado e o presente sem gerar confusão no leitor.
Admiro - nem calculam o quanto - Morrie, pela forma como encarou a doença e a morte. Sem dúvida é uma lição de vida. Que - para o bem e para o mal - já tinha aprendido com a minha tia Lucília que, desde que o cancro lhe foi diagnosticado, sempre o encarou de frente, nunca se queixou e ainda se ria com o tema. Revi, em muitas coisas que Morrie disse, coisas que a minha tia nos disse a todos, principalmente nos últimos meses.
Não que o facto de ter - quase - que estado no papel de Mitch me torne uma especialista ou que isso faça com que tenha desvalorizado a leitura. Mas, para mim, foi mais importante ouvir de viva voz do que ler.
Ainda assim, fez-me bem ler este livro. Leiam também e aprendam mais umas coisitas.
Classificação:
leia aqui as primeiras páginas
May we meet again
Eleanor & Park de Rainbow Rowell
Editado em 2015 pelas Edições Chá das Cinco
ISBN: 9789897101229
Lido em 2015
Sinopse
Dois inadaptados. Um amor extraordinário. Eleanor... é uma miúda nova na escola, vinda de outra cidade. A sua vida familiar é um caos; sendo roliça e ruiva, e com a sua forma estranha de vestir, atrai a atenção de todos em seu redor, nem sempre pelos melhores motivos. Park... é um rapaz meio coreano. Não é propriamente popular, mas vestido de negro e sempre isolado nos seus fones e livros, conseguiu tornar-se invisível. Tudo começa a mudar quando Park aceita que Eleanor se sente ao seu lado no autocarro da escola. A princípio nem sequer se falam, mas pouco a pouco nasce uma genuína relação de amizade e cumplicidade que mudará as suas vidas. E contra o mundo, o amor aparece. Porque o amor é um superpoder.
A minha opinião
Depois de ter lido a opinião da Just sobre este livro e dela me ter dito Acho que vais gostar, é leve :) eu decidi que tinha mesmo de o ler. Parei, por momentos, as distopias que estava a ler (antes de pegar em mais duas, Maze Runner e 1984) e li este livro. Duma penada. Porque é assim que se lê este livro. Com a pressa natural de saber o fim, o destino de cada uma das personagens mas, acima de tudo, se o amor delas resiste a tudo.
Eleanor é a Ruiva Gorda, a nova aluna da escola. Logo que entra, a primeira vez no autocarro da escola, começa a ser gozada pelos restantes alunos e ninguém a quer sentada ao seu lado. Park, que tem um lugar vago ao seu lado, começa por pensar em não a deixar sentar mas depois percebe que ela não pode ir em pé a viagem toda e acaba por a convidar a sentar.
As primeiras viagens feitas ao lado um do outro começam a ser feitas em silêncio mas quando Park percebe que Eleanor está a ler o seu livro por cima do ombro dele, começa a demorar mais tempo para passar a página para ter a certeza que ela leu a página completa. É assim, aos poucos e muito devagar, que o amor entre os dois começa a nascer. Um amor intenso, aceite, com alguma dificuldade pela mãe de Park e desconhecido da mãe de Eleanor – ela própria a braços com uma relação muito complicada com o padrasto de Eleanor, um homem bruto e violento.
Escrito a dois tempos, o de Eleanor e o de Park, este livro leva-nos à adolescência, em que tudo é vivido com intensidade, em que as dúvidas e as certezas se atropelam e nos baralham. Em que os super heróis podemos ser nós próprios e em que a capacidade de amar começa a dar os seus primeiros passos.
Creio que é uma autora a seguir.
Classificação:
leia aqui as primeiras páginas
May we meet again
Três Coisas Incríveis sobre Ti de Jill Mansell
Tradução: Rita Canas Mendes
ISBN: 9789898917188
Editado em 2018 pela TopSeller
Sinopse
«Quando um livro nos consegue fazer sorrir, chorar e suspirar, sabemos que é um vencedor.»
Hallie tem dois segredos: é autora anónima de um blogue popular, onde resolve os dilemas dos leitores; e está perdidamente apaixonada… pelo seu médico. Sim, porque Hallie tem os dias contados, e só uns pulmões novos a salvarão. Terá ela coragem de se declarar antes de partir?
Flo encontra-se numa situação caricata. Vive no apartamento de um gato. E ela só terá um teto, enquanto o felídeo estiver vivo.
Com esta nova condição, surgem pessoas interessadas no apartamento que lhe querem fazer a vida negra. Flo está preparada para tudo… Mas o que fazer quando o amor lhe bate à porta com uma surpresa agridoce?
Tasha é uma mulher citadina com um namorado viciado em aventura. É verdade que os opostos se atraem, mas estará ela preparada para a adrenalina que ele trouxe à sua vida?
Três mulheres, muitas escolhas e uma força extraordinária que as une de formas inesperadas. Neste novo livro de Jill Mansell celebra-se a vida, numa história romântica sobre carpe diem e segundas oportunidades.
A minha opinião
Depois do peso das Vozes de Chernobyl estava a precisar de me rir, de ler qualquer coisa leve que não me obrigasse a pensar muito. Jill Mansell nunca me desilude quando é exactamente isto que preciso.
Três Coisas Incríveis Sobre Ti fez-me rir no comboio. Fez-me pensar na morte e nas segundas oportunidades mas de uma forma indelével, suave e bem disposta. Fez-me acreditar que não devemos ficar tristes porque acabou (seja uma vida ou um amor) mas sim felizes porque aconteceu.
Três Coisas Incríveis Sobre Ti traz-nos uma escrita ainda mais madura, num intercalar de três casais que não se conhecem, que vivem bem distantes uns dos outros mas que, ainda assim, se cruzam, fazendo-nos - mais uma vez - acreditar que o mundo é uma aldeia. E ainda que, a meio do livro, se perceba que algo de mau vai acontecer - somos surpreendidos (pela positiva) quando acontece e a forma como a autora entrelaça os destinos.
Só foi pena ter acabado a leitura tão rápido.
Classificação:
leia aqui as primeiras páginas
May we meet again
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.