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Dispara, Eu Já Estou Morto de Julia Navarro
Tradução Rita Custódio e Àlex Tarradellas
ISBN: 9789722529051
Editado em 2014 pela Bertrand Editora
Sinopse
Um romance extraordinário sobre o conflito israelo-árabe retratando personagens inesquecíveis, cujas vidas se entrelaçam com os momentos-chave da história a partir do final do século XIX a meados do século XX, e recriando a vida em cidades emblemáticas como São Petersburgo, Paris e Jerusalém. Aqui Julia Navarro conduz o leitor através de relações duras de homens e mulheres que lutam por uma parcela de terra onde possam viver em paz.
A minha opinião
Dispara, Eu Já Estou Morto é uma das razoes pelas quais o meu Kobo é um grande amigo. 840 páginas que, de outra forma, teriam de esperar por umas férias para poder ser lido (se bem que o tenho também em papel) e que, assim, foram lidas em viagens de comboio e enquanto almoçava.
Dispara, Eu Já Estou Morto é, talvez, dos últimos livros que li, aquele que mais me emocionou, que me chocou e me levou - em alguns momentos - em olhar à minha volta sem conseguir continuar a ler, tal a violência das descrições
(o que, aliás, é comum à maior dos livros que descrevem a vida nos campos de concentração na II Guerra Mundial e as atrocidades cometidas contra os judeus)
Pela voz de Ezequiel e de Wadi, judeu e árabe, amigos inseparáveis na infância, conhecemos a vida da família de ambos - três gerações de judeus e árabes unidos pela amizade e pela Horta da Esperança, obrigados a separar-se quando apenas queriam uma nação unida e sem guerra.
Dispara, Eu Já Estou Morto permite-nos uma visão muito próxima do conflito israelo-árabe, como começou mas, acima de tudo, como separou amigos de longa de data, criados juntos num clima de paz em que a religião era o menos importante mas que, ainda assim, foi por ela que foram separados.
Não direi que, historicamente, é o livro mais correcto, até porque não tenho conhecimentos suficientes para analisar por esse prisma. Mas é, certamente, um bom começo para quem, como eu, toda a vida ouviu falar nos conflitos entre os territórios ocupados da Palestina e Israel. Creio que, depois da leitura deste livro, consigo perceber melhor ambos os lados. Mas, ainda que os perceba, a questão que Samuel e Ezequiel colocam várias vezes ao longo do livro, é a mesma que eu coloco: se se sentassem à mesa - não agora mas logo ao inicio - judeus e muçulmanos, não teria sido possível viverem em harmonia?
Dispara, Eu Já Estou Morto é um livro fabuloso do principio ao fim, falhando apenas, em alguns momentos, na passagem entre os parágrafos (dando, às vezes, a sensação que algumas frases não foram escritas pela mesma autora). Prende-nos a atenção, prende a nossa imaginação e obriga-nos a querer chegar ao fim. E, quando acaba, ficamos com um vazio. Porque o fim é simplesmente brilhante.
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