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Uma melodia inesperada

por Magda L Pais, em 10.08.16

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Uma Melodia Inesperada de Jodi Picoult

Edição 2011 pela Livraria Civilização Editora
ISBN: 9789722633840
Lido em 2014
 
Sinopse
Zoe Baxter passou dez anos a tentar engravidar e, quando parece que este sonho está prestes a realizar-se, a tragédia destrói o seu mundo. Como consequência da perda e do divórcio, Zoe mergulha na carreira como terapeuta musical. Ao trabalhar com Vanessa, o relacionamento profissional entre as duas transforma-se numa amizade e depois, para surpresa de Zoe, em amor. Quando Zoe começa a pensar de novo em formar família, lembra-se de que ainda há embriões dela e de Max congelados que nunca foram usados.
 
A minha opinião
Depois de ouvir ler a Nathy falar tanto dos livros da Jodi Picoult, fiquei curiosa para ler alguma coisa desta autora. Por sugestão da Nathy escolhi este como primeiro e confesso que não me arrependi nem um pouco.
Zoe é terapeuta musical e Max é jardineiro no verão e limpa neves no inverno. Após 10 anos de casamento estão, finalmente, a viver uma gravidez. Foram precisos vários tratamentos e algumas fertilizações in vitro para que Zoe chegue, finalmente, às 28 semanas de gravidez e tudo indica que conseguirá levar a gravidez até ao fim. 10 anos depois do seu casamento, as amizades foram sendo perdidas - afinal Zoe e Max eram o único casal sem filhos e a passar por todo o processo de infertilidade. Ver os amigos e amigas a serem pais era demasiado doloroso para ambos.
Quando a mãe de Zoe resolve oferecer o chá de bebé, são as pessoas com quem Zoe se relaciona profissionalmente que são convidadas e, entre elas, está Vanessa, uma psicóloga escolar. E é precisamente enquanto decorre o chá de bebé que Zoe aborta. Apesar de infelicíssima com esta situação, Zoe está na disposição de tentar de novo após o aborto mas Max, sentindo-se posto de parte, a única coisa que quer é o divorcio.
Após o divórcio, Vanessa e Zoe começam a trabalhar juntas para ajudar Lucy, uma adolescente deprimida que já tentou cometer suicídio diversas vezes. O que começa por ser uma relação profissional torna-se, aos poucos, numa amizade que acaba por desabrochar em amor, para surpresa de ambas. Vanessa sempre soube que era lésbica. Mas, no seu entender, a pior coisa que pode acontecer a um homossexual é apaixonar-se por alguém que não o seja. Afinal, como ela própria diz: 
A primeira vez que isso acontece, pensamos: "sou capaz de mudá-la (...). E, invariavelmente, acabamos com uma relação desfeita ou até um coração desfeito.
E aqui entre nós, isto é válido para todas as relações. As pessoas não mudam assim tanto.
Voltando ao livro, Zoe demora mais tempo a perceber o que sente por Vanessa. Mas quando o faz, descobre que encontrou, ao lado de Vanessa, o amor que sempre quis, que precisava e que não sabia que existia. E quando casam, a vida é perfeita para Zoe. Excepto por não ter um filho - afinal sonhou com isso toda a sua vida. Lembra-se então que, do último tratamento de fertilidade sobraram embriões, que lhe pertencem e de Max, viáveis e que podem ser implantados em Vanessa de modo a que tenham um filho em comum.
Contacta então Max para que ele autorize a implantação dum embrião em Vanessa. Mas Max, que se tornou membro duma igreja, não o aceita.
Este livro aborda, com mestria, a eterna luta entre alguns membros da igreja que, por mais que lhes mostrem que estão errados, não aceitam nem a homossexualidade nem a adopção de crianças por casais do mesmo sexo, usando argumentos retrógrados e muitos deles sem qualquer fundamento. Mostra-nos também que o amor, o verdadeiro amor, vence os preconceitos - a mãe de Zoe começa por não aceitar muito bem a relação da filha com outra mulher mas acaba por perceber que, mais importante do que a pessoa por quem Zoe está apaixonada, é a filha estar feliz.
Confesso que, inicialmente, me custou a ler. Não pela escrita mas pelo tema da infertilidade num casal. Porque a minha irmã mais nova viveu esse problema. Felizmente, ao contrário de Zoe, com um final feliz (vejam aqui e aqui a história se quiserem). Por outro lado, a não aceitação da homossexualidade também me toca. Tenho alguns amigos homossexuais e que tiveram muita dificuldade em serem aceites, por "amigos" e por alguns familiares (se calhar deviam aprender alguma coisa com a mãe da Zoe).
Pelo tratamento destes dois temas, polémicos, de uma forma leve, sem preconceitos, sem melindrar, sem chocar, mostrando os prós e os contras de cada um dos lados, e pela forma como está escrito, considero que foi um inicio duma longa amizade literária entre mim e a autora. Obrigado Nathy por nos teres apresentado.!

Mataram o Sidónio

por Magda L Pais, em 04.08.16

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Mataram o Sidónio de Francisco Moita Flores

Editado em 2010 pela Casa das Letras

ISBN: 9789724619705

Lido em 2014

Sinopse

O assassínio do Presidente da República Sidónio Pais, ocorrido em 1918, é um mistério. Apesar de a polícia ter prendido um suspeito, este nunca foi julgado. A tragédia ocorreu quando Lisboa estava a braços com a pneumónica, a mais mortífera epidemia que atravessou o séc. XX e, ainda, na ressaca da Primeira Guerra Mundial. A cidade estava exaurida de fome e sofrimento. É neste ambiente magoado e receoso que Sidónio Pais é assassinado na estação do Rossio em Dezembro de 1918.

Francisco Moita Flores constrói um romance de amor e morte. Fundamentado em documentos da época, reconstrui o homicídio do Presidente-Rei, utilizando as técnicas forenses e que, de certa forma, continuam a ser reproduzidas em séries televisivas de grande divulgação sobre as virtualidades da polícia científica.

Os resultados são inesperados e Mataram o Sidónio é um verdadeiro confronto com esse tempo e as verdades históricas que ao longo de décadas foram divulgadas, onde o leitor percorre os medos e as esperanças mais fascinantes dessa Lisboa republicana que despertava para a cidade que hoje vivemos. E sendo polémico, é terno, protagonizado por personagens que poucos escritores sabem criar. Considerado um dos mestres da técnica de diálogo, Moita Flores provoca no leitor as mais desencontradas emoções que vão da gargalhada hilariante ao intenso sofrimento. Um romance que vem da História. Uma história única para um belo romance.

A minha opinião

Este é o segundo livro que leio de Francisco Moita Flores. O primeiro, A Fúria das Vinhas, deixou-me com vontade de ler mais deste autor e agora tive essa oportunidade. Em menos de 24 horas “devorei” este livro e fiquei a conhecer mais da época que ele retrata.

Estamos em Dezembro de 1918 e Portugal está a braços com duas desgraças. A “espanhola” – hoje conhecida por H1N1 – e o fim da I Guerra Mundial. Lisboa é uma cidade em sofrimento, quer pelas mortes que se acumulam (cerca de 50% da população mundial à época perdeu a vida por culpa da “espanhola”) quer pela fome. Asdrúbal d’Aguiar é o director interino do Instituto de Medicina Legal, criado, pouco tempo antes, por Sidónio Pais a pedido do seu secretário de Estado do Comércio, Azevedo Neves – que era o director da Morge de Lisboa antes da sua passagem a Instituto de Medicina Legal.

Todas as famílias perdem alguém para a “espanhola” e Asdrúbal não é excepção – primeiro a empregada e depois a mulher perdem a vida enquanto a doença não dá mostras de abrandar.

Quem também perde a vida é o presidente – Sidónio Pais – assassinado na estação do Rossio, aparentemente com dois tiros. A polícia, na tentativa de apanhar os meliantes, mata várias pessoas, e prende José Júlio da Costa, um dos presumíveis assassinos.

Autopsiar o corpo de um presidente ou de um rei, na época, era proibido e, por isso, Asdrúbal apenas vê o corpo de Sidónio Pais de relance, sendo, posteriormente, embalsamado pelo seu grande amigo Monteiro.

No final de 1918 a ciência forense está a dar os primeiros passos, sendo pouco aceite nos tribunais que aplicam a justiça com base em confissões arrancadas à base da tortura dos presos. José Júlio da Costa, torturado, faz várias confissões, nenhuma igual à anterior e, pior, nenhuma coincidente com os ferimentos que Asdrúbal e Monteiro viram no corpo de Sidónio Pais. Felizmente um juiz, homem de convicções fortes e com uma mentalidade avançada, desconfia destas falsas confissões e pede a Asdrúbal e Monteiro que façam a autópsia do corpo do presidente de modo a poder perceber, efectivamente, como é que Sidónio Pais é morto.

As conclusões dessa autópsia são surpreendentes e inesperadas e levam a que José Júlio da Costa nunca chegue a ser julgado, acabando por morrer, 28 anos depois, no Hospital Júlio de Matos. Asdrúbal torna-se num dos melhores médicos legistas da época, reconhecido mundialmente.

Uma das personagens secundárias deste livro – Monteiro –, o melhor amigo de Asdrúbal, acaba por ser quem nos traz a pitada de humor que fica sempre bem em qualquer livro. É simplesmente hilariante, quer o testemunho deste médico num julgamento em que é convidado a depor sobre uma violação, quer as respostas que dá ao Governador Civil de Lisboa enquanto a autópsia de Sidónio Pais decorre.

Com este livro, fiquei ainda mais fã de Francisco Moita Flores.

A Brisa do Oriente

por Magda L Pais, em 27.06.16

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A Brisa do Oriente de Paloma Sánchez-Garnica

Volume 1 editado em 2012 pela Saída de Emergência

ISBN: 9789896374112
 

Sinopse

Um fresco soberbo da Europa medieval. Em 1204, acompanhando o seu abade, Umberto de Quéribus, um jovem monge de Cister, inicia uma viagem que o levará a Constantinopla. A partir desse momento, arrastado para perigos e situações extremas, em que perde a candura infantil, a sua vida muda completamente. Durante a viagem de regresso ao mosteiro, conhece a insensatez da guerra, a violência desmedida e a imoralidade da avareza. Toma igualmente consciência das verdadeiras consequências da obediência cega e da enorme incerteza na destrinça do que está bem e do que está mal, imerso numa luta constante entre o que lhe ensinaram e o que de facto sente. É atingido pela flecha do amor indomável e adolescente e descobre o desassossego provocado pelo sentimento de culpa, o ferrão do ressentimento e, sobretudo, o sentido mais profundo da amizade, encarnada no cavaleiro Esteban de Clary e no monge Roger, com quem aprenderá o significado da cultura, a importância do que se escreve e a influência e o poder do copista ao manejar, alterar ou mudar completamente o texto escrito. A sua aproximação inconsciente à heresia acaba por colocá-lo em perigo, ao ponto de se ver obrigado a abandonar o mosteiro depois de ver a catástrofe semeada à sua volta. 

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Volume 2 editado em 2012 pela Saída de Emergência

ISBN: 9789896374235
 
Sinopse
Alguns anos depois, Umberto de Quéribus reencontra o seu amigo, o cavaleiro Esteban de Clary, em Cinca. Na sua busca pelo conhecimento de outras doutrinas e pelas suas próprias origens, Umberto vai deparar-se com perigos constantes e situações arriscadas. Que segredo guardam os monges acerca da identidade da sua mãe? Que é feito de Constanza, o amor da sua vida, a mulher que o fez pôr em causa toda a sua crença eclesiástica?
Em 1204, acompanhando o seu abade, Umberto de Quéribus, um jovem monge de Cister, inicia uma viagem que o levará a Constantinopla. A partir desse momento, arrastado para perigos e situações extremas, em que perde a candura infantil, a sua vida muda completamente. Durante a viagem de regresso ao mosteiro, conhece a insensatez da guerra, a violência desmedida e a imoralidade da avareza. Questiona a obediência cega e luta constantemente com a dualidade do que lhe ensinaram e o que sente.
Aprende a amar e o sentido mais profundo da amizade. A sua aproximação inconsciente à heresia acaba por colocá-lo em perigo, ao ponto de se ver obrigado a abandonar o mosteiro depois de ver a catástrofe semeada à sua volta.
 
A minha opinião
Quando Umberto morre deixa, a um dos seus protegidos, uma sacola com diversos pergaminhos intitulados “Brisa do Oriente” e onde conta a sua vida desde que, acompanhado pelo Abade Martin viaja de Constantinopla até ao mosteiro onde foi criado. Nessa viagem começa a tomar conhecimento com a realidade da Igreja Católica e das atrocidades cometidas em seu nome na Europa Mediaval. Apercebe-se, no dia-a-dia, de que a amizade, às vezes, vem das pessoas mais inesperadas e que, outras vezes, a primeira impressão é a correcta. Esteban de Clary tem um papel preponderante na vida de Umberto, levando-o a questionar a sua fé (ou pelo menos algumas facetas dessa mesma fé). Com Roger e de volta ao mosteiro, descobre que a vida num mosteiro nem sempre é o que parece.
No segundo volume temos oportunidade de acompanhar a vida de Umberto até à data da sua morte e ficamos a conhecer o relacionamento dele com os outros personagens, principalmente com Umbertino, o frade a quem Umberto deixou o seu manuscrito. Mas mais que a vida de Umberto, ficamos a conhecer - para quem tinha dúvidas - uma Igreja Católica fundamentalista, com as suas perseguições indiscriminadas, mesmo no seio da sua própria comunidade. Descobrimos - ou redescobrimos - um clero rico, ganancioso e ostensivo que, ao contrário do que querem obrigar os outros, vivem a sua vida fora das regras impostas pela ordem religiosa, julgando, como hereges, aqueles que realmente vivem as suas vidas de acordo com os ensinamentos evangélicos caso não professem a mesma religião.
Ao longo de toda a sua vida, Umberto vai-se encontrar em situações extremas que lhe permitem analisar o sentido da sua vida e por em causa a manutenção da sua fé.
O nascimento da inquisição - mais um dos periodos negros da igreja católica - é descrito neste livro duma forma tão intensa que chegamos a acreditar que o estamos a vivenciar e desejamos, a todo o momento, que nunca tivesse acontecido na realidade.
A comparação com aquele outro grande romance, O Nome da Rosa (de Umberto Eco) é inevitável. E foi precisamente por isso que comprei estes dois livros, sem conhecer a autora e sem ter, dela, qualquer referência.
E fiz a compra a medo e sem saber se iria gostar, uma vez que dificilmente, achava eu, um livro se poderia comparar a O Nome da Rosa, de quem sou grande fã. Afinal enganei-me. Estes livros tiraram-me esses medos e deixaram-me com vontade de ler mais livros desta autora.
A Brisa Medieval é uma caracterização tão fiel da época medieval, dos seus usos e costumes e da violência cometida em nome de uma religião que se fazia passar por benemérita e pacifica que tive de parar a leitura em algumas partes do livro para me assegurar que estava sentada no meu sofá.
E, numa altura em que os ânimos estão exaltados contra o Islão, achei uma boa oportunidade para vos mostrar que, afinal, a religião cristã também teve membros que, em nome duma fé que não o defende, cometeram atrocidades contra outros seres humanos. É que, infelizmente, a inquisição não é fruto da imaginação dos autores que escrevem (e no caso de Paloma, muito bem) sobre a Idade Média.

Os Litigantes

por Magda L Pais, em 05.05.16
Os Litigantes de John Grisham
ISBN: 9789722528610
Editado pela Bertrand Editora
Lido em 2014
 
Sinopse:
Depois de vinte anos juntos, Oscar Finley e Wally Figg, os dois sócios da firma de advogados Finley & Figg, mais parecem um casal velho. Mas eis que chega a mudança. David Zinc, um advogado jovem, abandona a carreira acelerada numa elegante firma do centro, embebeda-se e vai literalmente parar-lhes à porta. 
Agora com um novo membro, a F&F está pronta para agarrar um grande caso, que os pode tornar muito ricos sem que tenham de trabalhar muito. Krayoxx, um medicamento muito popular para reduzir o colesterol em doentes obesos e produzido por um gigante da indústria farmacêutica, está sob fogo depois de vários casos de ataques cardíacos associados ao tratamento. A única coisa que a Finley & Figg tem de fazer é encontrar meia dúzia de pessoas que tenham tido ataques cardíacos enquanto tomavam Krayoxx, convencê-las a tornarem-se clientes e prepararem-se para a fama e a fortuna. 
Com um bocadinho de sorte, nem sequer terão de ir a tribunal! Parece quase bom de mais para ser verdade. 
E é.
 
A minha opinião
Por norma não ligo nenhuma às pseudorecomendações que aparecem de outros autores ou na contra capa, feitas por outros autores ou jornais. Neste livro diz assim "tenha cuidado se for a ler Os Litigantes no autocarro, pois poderá perder a sua paragem" - Independent. Bem, na verdade, não perdi a paragem do autocarro. Mas perdi a do Metro à conta deste livro.
Oscar é o sócio sénior duma firma de advogados, a Finley & Figg e Wally é o sócio júnior. A Finley & Figg é, segundo os dois sócios, uma firma boutique. E boutique porque? porque, explicam eles, na Finley & Figg cada caso é tratado de forma única e pessoalmente pelos sócios. O que é natural, dado que a firma são eles os dois. E Rochelle, a secretária judicial. E PA, o cão. Sim, a Finley & Figg orgulha-se de ter um cão. Um cão que, assim que ouve as ambulâncias ao longe ou se apercebe que algum carro derrapou ou bateu começa a rosnar para avisar os donos que houve um acidente e que eles se devem dirigir, rapidamente, ao local do acidente para poderem representar as vitimas. Ou os culpados. Ou quem quer que seja que lhes pague. Rochelle, a secretária, foi uma das clientes da F&F. O caso correu tão mal, mas tão mal, que Rochelle acabou por nunca sair do escritório. Primeiro para os obrigar a endireitar as coisas e depois para os ajudar. Esta firma é tão bem sucedida nos seus casos que, em determinada altura, conseguiram perder uma acção de divórcio por mútuo acordo...
David é um advogado jovem, formado em Harvard, que trabalha numa das maiores firmas de advogados da cidade. Um dia sai de casa para ir trabalhar mas acaba por desistir do emprego e vai parar, por acaso, à Finley & Figg.
Wally passa o seu tempo à procura do processo da sua vida, aquele que lhe permitirá passar a escolher clientes, comprar roupa de marca e, quem sabe, um jacto particular. Primeiro eram as fraldas para bebés, depois os painéis de gesso e a seguir as armas eléctricas. Até que tropeça no Krayoxx. E consegue convencer Oscar e David a embarcarem com ele na procura de clientes que sejam familiares de alguém que tenha morrido por ter tomado aquele medicamento. Todo o processo - procura de clientes, obtenção de provas, manipulação, etc - é feito de modo a que fica sempre a dúvida se a ética está a ser respeitada. Mas a verdade é que é de tal modo hilariante que, quando estamos a dois terços do livro, quase que desejamos que, apesar de tudo, Oscar, Wally e David consigam o seu intento.
Mais uma vez John Grisham consegue prender-nos do principio ao fim. Para mim é, sem dúvida, mais um autor a seguir.

A Rapariga que Roubava Livros

por Magda L Pais, em 27.01.16

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A Rapariga que Roubava Livros de Markus Zusak

Editor: Editorial Presença

ISBN: 9789722339070

Lido em 2014
 
Sinopse
Quando a morte nos conta uma história temos todo o interesse em escutá-la. Assumindo o papel de narrador em A Rapariga Que Roubava Livros, vamos ao seu encontro na Alemanha, por ocasião da segunda guerra mundial, onde ela tem uma função muito activa na recolha de almas vítimas do conflito. E é por esta altura que se cruza pela segunda vez com Liesel, uma menina de nove anos de idade, entregue para adopção, que já tinha passado pelos olhos da morte no funeral do seu pequeno irmão. Foi aí que Liesel roubou o seu primeiro livro, o primeiro de muitos pelos quais se apaixonará e que a ajudarão a superar as dificuldades da vida, dando um sentido à sua existência. Quando o roubou, ainda não sabia ler, será com a ajuda do seu pai, um perfeito intérprete de acordeão que passará a saber percorrer o caminho das letras, exorcizando fantasmas do passado. Ao longo dos anos, Liesel continuará a dedicar-se à prática de roubar livros e a encontrar-se com a morte, que irá sempre utilizar um registo pouco sentimental embora humano e poético, atraindo a atenção de quem a lê para cada frase, cada sentido, cada palavra. Um livro soberbo que prima pela originalidade e que nos devolve um outro olhar sobre os dias da guerra no coração da Alemanha e acima de tudo pelo amor à literatura.
 
A minha opinião
Foram várias as vezes que este livro me saltou aos olhos nas prateleiras da FNAC, da Bertrand, do Continente... enfim, onde quer que houvesse livros, este livro especifico estava lá a olhar para mim e a dizer-me: vê lá se me compras que não te arrependes. Lá acabei por ceder à tentação depois da Nathy, da M* e da Sofia Margarida tanto falarem nele. Cedi e não me arrependi. 
Este livro conta com um narrador diferente - A Morte. A Morte que leva as almas nos seus braços e que, percebemos ao longo do livro, tem sentimentos e que vê, primeiro as cores e só depois os humanos. A Morte que, logo nas primeiras linhas apresenta um pequeno facto - vocês vão morrer - e nos descansa ao mesmo tempo dizendo - Peço-lhes - não tenham medo. Sou seguramente justa. A Morte apresenta-se como prazenteira, amável, agradável, afável e de confiança. Só não lhe peçam para ser simpática.
Estamos na Alemanha, no inicio da segunda guerra mundial. É pelos olhos desta Morte que nos inspira confiança que conhecemos Liesel, uma menina cuja mãe biológica se vê forçada a entrega-la para adopção, juntamente com o seu pequeno irmão. E é na viagem que a mãe biológica faz com os seus filhos a caminho de Munique, que a Morte se cruza, a primeira vez, com Liesel. É também no funeral do irmão que Liesel rouba o primeiro livro com o qual aprenderá a ler com o seu pai adoptivo.
Rosa e Hans, os pais adoptivos, não podiam ser mais diferentes - Rosa é áspera, bruta, e aparenta ser uma pessoa sem coração. Hans, um acordeonista perfeito é carinhoso, interessado e está sempre presente quando Liesel precisa. 
Ao longo de todo o livro acompanhamos, sempre pela voz da Morte (por quem acabamos por nutrir alguma simpatia) o crescimento de Liesel e a sua amizade com Ruby, Max e Ilsa. Liesel vai, aos poucos, tornando-se na Rapariga que Roubava Livros, pelo interesse que as palavras tem para ela. Liesel vai ganhando amor aos livros e, no fim, são eles, os livros, que acabam por lhe salvar a vida.
Nota bastante positiva a este livro, sem qualquer margem para dúvida.


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