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O Labirinto dos Espíritos de Carlos Ruiz Zafón
Saga O Cemitério dos Livros Esquecidos - volume IV
Editado pela Editorial Planeta em 2016
ISBN: 9789896578497
Sinopse
Na Barcelona de fins dos anos de 1950, Daniel Sempere já não é aquele menino que descobriu um livro que havia de lhe mudar a vida entre os corredores do Cemitério dos Livros Esquecidos. O mistério da morte da mãe, Isabella, abriu-lhe um abismo na alma, do qual a mulher Bea e o fiel amigo Fermín tentam salvá-lo.
Quando Daniel acredita que está a um passo de resolver o enigma, uma conjura muito mais profunda e obscura do que jamais poderia imaginar planta a sua rede das entranhas do Regime. É quando aparece Alicia Gris, uma alma nascida das sombras da guerra, para os conduzir ao coração das trevas e revelar a história secreta da família… embora a um preço terrível.
O Labirinto dos Espíritos é uma história electrizante de paixões, intrigas e aventuras. Através das suas páginas chegaremos ao grande final da saga iniciada com A Sombra do Vento, que alcança aqui toda a sua intensidade, desenhando uma grande homenagem ao mundo dos livros, à arte de narrar histórias e ao vínculo mágico entre a literatura e a vida.
A minha opinião
Faz precisamente hoje um ano que li A sombra do vento, primeiro volume desta extraordinária saga O Cemitério dos Livros Esquecidos. Fecha-se o ciclo e de uma forma mágica com O Labirinto dos Espíritos a arrumar todas as perguntas que tinham ficado em aberto nos outros três livros.
É quase impossível não ficarmos encantados com a escrita de Carlos Ruiz Zafón. As figuras de estilo utilizadas pelo autor são a sua imagem de marca, sem dúvida mas também a forma magistral como caracteriza as suas personagens ou os diálogos únicos, vividos e reais.
Mais extraordinário ainda é que Carlos Ruiz Zafón consegue efectivamente aquilo a que se propôs. Uma história contada em quatro volumes, interligadas entre si mas que podem ser lidas pela ordem que o leitor quiser. Porque, tal como num labirinto, todas as entradas são válidas e há várias formas de chegar à história por completo.
Dos quatro livros, seguramente que A sombra do vento é o melhor (pelo menos para mim). Mas O Labirinto dos Espíritos é o melhor dos outros três. Pelas intrincadas histórias, por um dos temas que aborda (e do qual não vou aqui falar para não estragar a surpresa) e por ser, dos quatro, o que se aproxima mais dum policial.
Como falei mais acima, n'O Labirinto dos Espíritos, todas as dúvidas ficam respondidas. As que surgiram nos outros livros mas também as que surgem no decorrer da leitura destas quase 900 páginas. Não identifico um momento de apoteose no livro, antes pelo contrário. As situações vão-se sucedendo de forma cadenciada, sem picos, mantendo o leitor sempre preso à narrativa (o que não é, quanto a mim, fácil mas que Zafón consegue). E quando percebemos...
chegamos ao fim, e, apesar de serem duas da manhã, apetece-nos pegar no primeiro livro e ler a saga toda de seguida, apesar de sabermos exactamente o que se passa, como se passa e o que vai acontecer. Porque queremos degustar do prazer da companhia de Daniel e de Férmin por mais uns tempos, queremos voltar a sorrir, queremos voltar a nos enternecer e queremos voltar a sonhar.
E é disto que são feitos os bons livros.
(já participaram no Passatempo O Retrato de Dorian Gray?)
O Mercador de Sonhos de Lisboa de Gene Coyle
Editado em 2016 pela Marcador
ISBN: 9789897542640
Shawn Reilly, oficial da CIA, recruta oficiais de informações estrangeiros para espiarem para os Estados Unidos, e considera que o seu trabalho é como vender sonhos a pessoas que precisam de dinheiro, pretendem ver os seus egos enaltecidos ou desejam vingar-se dos seus chefes ou dos seus governos. Após passar muitos anos nos lugares mais infernais do Planeta, chega, no crepúsculo da sua carreira, a Lisboa, onde enfrenta um chefe «certinho», um casamento falhado e Boris, o director do serviço de informações russo em Portugal, que, por sua vez, também assentou a sua mira em Reilly. Ao mesmo tempo, os serviços de espionagem líbios tentam atrair para o seu país um especialista em armas químicas da Ásia Central e a agência russa anda na peugada desse cientista. Baseado nas experiências reais do autor neste mundo de sombras, O Mercador de Sonhos de Lisboa penetra nas mentes dos principais actores para explorar a psicologia da espionagem.
A minha opinião
Estava com saudades dum bom livro de espiões e não sai desiludida da leitura deste. Em parte fez-me recordar um dos melhores livros de espiões que alguma vez li - Jogo Duplo de Heinz G. Konsalik - sendo que Jogo Duplo se passa no período da Guerra Fria e O Mercador de Sonhos de Lisboa passa-se na actualidade e tem, como cenário, a nossa Lisboa.
E ter Lisboa como cenário dum livro é ter a certeza de como são os cenários e não temos de imaginar por onde andam os personagens. Algumas das cenas passam-se em embaixadas que sei onde ficam, outras em hotéis e restaurantes por onde já passei e, ainda mais curioso, é que os personagens principais vão à minha "praia" almoçar um dia porque, dizem eles (e eu confirmo) é onde se come o melhor peixe. Pontos totalmente a favor desta leitura.
Outro ponto a favor é o realismo conferido às situações. Mérito exclusivo de Gene Coyle, o autor, que passou vinte e nove anos como oficial na Direcção de Operações da CIA e mais de metade desse período infiltrado em países estrangeiros. A sua experiência leva a que consiga escrever livros de espionagem bastante credíveis, sem romancear em excesso uma profissão que se pensaria já extinta.
Este foi um livro de leitura bastante agradável e que entretêm bastante nestes dias mais frios. Mais uma vez uma experiência com um novo autor que correu bastante bem e que pretendo repetir. Um livro oferecido pela minha filha que merece, só por isso (como se eu precisasse de razões) um belo beijo na bochecha.
O Terceiro Desejo de Andrzej Sapkowski
Saga The Witcher Vol 1
Editado pela Saida de Emergência em 2016
Aos homens, agrada inventar monstros e monstruosidades. Com isso, sentem-se menos monstruosos.
Arroz de Palma de Francisco Azevedo
ISBN: 978-972-0-04497-6
Editado em 2013 pela Porto Editora
Sinopse
A imigração portuguesa no Brasil, no séc. XX, retratada num romance sobre a saga de uma família em busca de um futuro melhor. Ao longo de cem anos acompanhamos as alegrias e tristezas, as discussões e as pazes, as separações e os que são felizes para sempre.
Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema - principalmente no Natal e no Ano Novo. Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir. Preferimos o desconforto do estômago vazio. Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e aquele fastio. Mas a vida é azeitona verde no palito - sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite. O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares.
A minha opinião
Este livro andava aqui nas prateleiras de casa já há alguns meses. Comprei-o porque a M* falou várias dele e eu fiquei interessada mas nunca era o momento de o ler. Acabou por ser esta semana porque olhei para a estante e o livro - acreditem ou não - olhou para mim e pediu-me que o levasse comigo. Coincidência (ou não), esta semana fez 14 anos que o meu avô Manuel faleceu que, tal como António, o meu avô adorava a família e, acima de tudo, adorava cozinhar para a família (as saudades das torradas, da caldeirada e de outros pratos que ele fazia só são superadas pelas saudades que tenho dele próprio).
Se avô é pai com açúcar, neto é filho com proteínas, vitaminas e sais minerais. Um abraço de neto a cada 24 horas substitui perfeitamente qualquer tipo de medicamento.
Arroz de Palma é Portugal no Brasil. Arroz de Palma é uma casa portuguesa, com certeza, com pão e vinho sobre a mesa e com amor. Muito amor. Com o arroz que Palma apanhou e que deu ao seu irmão e cunhada no dia do casamento e que, 100 anos mais tarde, é servido de refeição a todos os membros da família.
Arroz de Palma mistura o cheiro da cozinha com a família. Um prato difícil de preparar, a família. Muitos ingredientes, pessoas, intrigas, amores e desamores, casamentos e separações. Palavras que se dizem sem sentir
Agora não tem volta. Está dito. Se eu pudesse apagar o que está gravado aí na sua mente. Mas, não. A Vida não me dá esta opção. Tudo o que eu disser se somará ao que foi dito. Peso inútil. Mais perigo. Mais risco de desentendimento. Posso afirmar o contrário, posso negar, posso ponderar que não era a minha intenção. Não adianta. O que foi verbalizado não voltará em silêncio para dentro de mim.
Arroz de Palma é, seguramente, um livro de afectos. Que não deixa ninguém indiferente. Que nos faz pensar. Leiam. Vão perceber rapidamente o meu encanto.
Sangue-do-Coração de Juliet Marillier
Editado em 2010 pela Bertrand Editora
Sinopse
Uma floresta assombrada. Um castelo amaldiçoado. Uma jovem que foge do seu passado e um homem que é mais do que parece ser. Uma história de amor, traição e redenção...
Whistling Tor é um lugar de segredos, uma colina arborizada e misteriosa que alberga a fortaleza deteriorada de um chefe tribal cujo nome se pronuncia no distrito em tons de repulsa e de amargura. Há uma maldição que paira sobre a família de Anluan e o seu povo; os bosques escondem uma força perigosa que pronuncia desgraças a cada sussurro.
E, no entanto, a fortaleza abandonada é um porto seguro para Caitrin, a jovem escriba inquieta que foge dos seus próprios fantasmas. Apesar do temperamento de Anluan e dos misteriosos segredos guardados nos corredores escuros, este lugar há muito temido providencia o refúgio de que ela tanto precisa.
À medida que o tempo passa, Caitrin aprende que há mais por detrás do jovem desfeito e dos estranhos membros do seu lar do que ela pensava. Poderá ser apenas através do amor e da determinação dela que a maldição será desfeita e Anluan e a sua gente libertados...
A minha opinião
Juliet Marillier é sempre sinónimo de horas de prazer agarrada a um livro e sangue-de-coração não foi a excepção que confirma a regra.
Tenho sempre a sensação, quando leio livros desta autora, que mergulho em histórias contadas à lareira, histórias tradicionais, de duendes e magia, fadas e mistério. Histórias de perseverança, de amor e amizade, de encantos e maldições, a eterna luta entre o bem e mal com personagens saídas da mitologia. O folclore, a tradição e a mitologia, misturados numa formula de sucesso.
E é tão bom!
Neste livro, para além de tudo isso, a semelhança com uma das histórias mais bonitas contadas pela Disney - a Bela e o Monstro, sendo Caitrin a Bela e Anluan, o monstro.
Mais uma vez, Julliet consegue caracterizar as suas personagens de forma tão clara, tão ternurenta e tão arrebatadora que quase conseguimos sentir os seus medos, os seus anseios e a sua determinação. Sofremos com o mal que lhes acontece, rejubilamos com as suas vitórias e ansiamos pelo seu descanso.
Chegando ao fim, sentimos a mesma paz a que as personagens tiveram direito... e ficamos na dúvida se queremos ler outro livro ou reler o que acabamos de fechar.
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