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A Elegância do Ouriço

por Magda L Pais, em 08.01.16

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A Elegância do Ouriço de Muriel Barbery

Editado em 2008 pela Editorial Presença
ISBN: 9789722340519
 
Sinopse
É num edifício situado num bairro rico de Paris e habitado por uma burguesia rica e snobe, que decorre este emocionante romance contado a duas vozes. Alternadamente, as duas protagonistas vão dando a conhecer o seu bairro e as pessoas que as rodeiam. Renée é uma porteira de 54 anos, cultíssima autodidacta e apaixonada pela pintura naturalista holandesa, por filosofia, pelo cinema japonês e uma devoradora de livros. Paloma, a segunda protagonista, é uma adolescente de 12 anos, astuta, que percebe mais do mundo à sua volta do que aquilo que aparenta, e que deseja suicidar-se no dia do seu décimo terceiro aniversário. Entre a aparente humildade e ignorância de Renée e de Paloma, aparece um novo morador no prédio: o senhor Ozu, um japonês que inicia uma relação de amizade com ambas, formando-se um pequeno trio que terá para todos um papel redentor. Um livro terno, divertido e com personagens que irão cativar os leitores desde a primeira página.
 
A minha opinião
Às vezes os livros dão voltas extraordinárias. A Gaffe recomendou este livro à Azulmar que me falou nele. Depois a M.J. comprou o livro (também por recomendação da Gaffe) e acabou por me sugerir que o lesse. Acabou por me emprestar o dito e eu acabei de o ler. Acho que, doutra forma, nunca teria pegado nele, o que seria uma pena.
Não vou dizer que é o melhor livro de sempre, porque, de facto, há livros melhores. Mas que é um excelente livro é.
Renné, a porteira, vive numa mentira. Apesar de ser leitora compulsiva, apreciadora de arte e de boa música, bastante inteligente e muito culta, Renné mostra-se, aos outros, da forma que acha uma porteira deve ser - ignorante, básica, quase primitiva. 
Uma das residentes no prédio é Paloma, uma adolescente de 12 anos com ideias suicidas e que não quer que percebam o quanto é inteligente e astuta.
E assim vão vivendo até que Ozu, um japonês, vai viver para o mesmo prédio e acaba por perceber, nelas, aquilo que aos outros passou despercebido.
Este é, acima de tudo, um livro para reflectir, que nos faz pensar nas pessoas que nos rodeiam de outra forma - quantas Renée's não andam por ai e que tentam não mostrar o que são realmente com medo dos outros acharem que se estão a armar ou que são mais inteligentes do que seria de esperar atendendo à sua profissão ou extracto social? E quantos adolescentes tem as mesmas ideias que a Paloma sem que os pais se apercebam porque estão ocupados com outras coisas que, na prática, deviam ser menos importantes que os próprios filhos?
Acima de tudo é um livro com uma critica social bastante acentuada - ou, pelo menos, foi essa a leitura que fiz. Nalguns momentos a história arrasta-se (e, aqui, tenho de dar razão à Cláudia quando diz que a narrativa deste livro é lenta e que a Paloma é repetitiva, tornando-se até chata.
Seja como for, não dou como perdido o meu tempo, antes pelo contrário, precisamente por ser uma narrativa lenta não exige uma leitura apressada ou ansiosa para se saber o que se passou e por isso foi bastante agradável.
Escusava era de terminar daquela forma...

17 comentários

De Magda L Pais a 08.01.2016

Mas, repara, apesar de alguns momentos mais "chatos" gostei imenso de o ler. E direi "chato", não no sentido literal mas no sentido de que é um livro para degustar calmamente, sem pressas e sem aquela necessidade extrema de se saber o que se vai passar a seguir (não sei se foi com esse sentido que a Cláudia o disse mas foi com esse que eu disse)

De Gaffe a 08.01.2016

Não.
Não há qualquer hipótese de concordar convosco. 
É um livro intrincado e labiríntico. Um pasmo a cada página. As personagens são construídas através da sabedoria (a sabedoria é aqui quase uma antítese da velocidade) e de identificações obscuras, mas inevitáveis, porque unidas por fios comuns.

De Cláudia Oliveira a 08.01.2016

Também não consigo concordo consigo.  Acho mesmo chato, mas sobretudo repetitivo. 

De Magda L Pais a 08.01.2016

Já não sei se li ou se ouvi - nem sequer quem o terá dito - que cada livro tem uma história diferente para cada leitor e que essa história não depende apenas do que o autor escreveu mas também da própria história do leitor. 
Não se tratará, portanto, e no meu entender, de não ter lido o livro da forma como ele merece mas sim de eu ter uma história diferente da tua. A minha não é melhor que a tua nem a tua é melhor que a minha. São simplesmente formas diferentes de apreciar o mesmo livro.

De Gaffe a 08.01.2016

Uma reescrita que se faz quando se lê a obra. Um livro é o que se lê, o que se escreve enquanto se lê.
Há no entanto numa determinada obra lugares que nos transcendem e que se tornam universais, tocando o comum que partilhamos. Esses lugares tornam-se impunes às investidas de cada uma das nossas histórias. É o caso  desta obra.

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