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A Queda dos Gigantes

por Magda L Pais, em 21.01.16

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A Queda dos Gigantes de Ken Follett

Trilogia O Século - Livro 1 

Editor: Editorial Presença

ISBN: 9789722344289

Lido em 2014

Sinopse

Em A Queda dos Gigantes, o primeiro volume da trilogia "O Século", as vidas de 5 famílias – americana, alemã, russa, inglesa e escocesa – cruzam-se durante o período tumultuoso da Primeira Grande Guerra, da Revolução Russa e do Movimento Sufragista. 

Neste primeiro volume, que começa em 1911 e termina em 1925, travamos conhecimento com as cinco famílias que nas suas sucessivas gerações virão a ser as grandes protagonistas desta trilogia. Os membros destas famílias não esgotam porém a vasta galeria de personagens, incluindo mesmo figuras reais como Winston Churchill, Lenine e Trotsky, o general Joffreou ou Artur Zimmermann, e irão entretecer uma complexidade de relações entre paixões contrariadas, rivalidades e intrigas, jogos de poder, traições, no agitado quadro da Primeira Grande Guerra, da Revolução Russa e do movimento sufragista feminino.

Um extraordinário fresco, excepcional no rigor da investigação e brilhante na reconstrução dos tempos e das mentalidades da época.

A minha opinião

Estava ansiosa por começar a ler esta trilogia. Optei por comprar os três em conjunto, quando saisse o último, porque os queria ler de seguida. Da experiência que tenho com este autor, esta é a melhor opção porque, quando acabamos um volume, queremos logo continuar. E, mais uma vez, as minhas expectativas não saíram goradas

Pela mão de cinco famílias de cinco nacionalidades diferentes, acompanhamos o período de conturbado da primeira guerra mundial – antes, durante e depois.

A família Williams é uma família de mineiros no País de Gales. O pai é sindicalista, a mãe dona de casa. O filho, Billy é mineiro e a filha Ethel, é a governanta na casa dos nobres da região, a família Fitzherberts.

O Conde Fritz Fitzherberts é irmão de Maud e casado com Bea, uma princesa russa.

Walter Von Ulrich é alemão e vive em Londres como adido na embaixada alemã. É primo de Robert Von Ulrich, austríaco, que também vive em Londres como adido da embaixada austríaca.

Na Rússia conhecemos os Peshkov, Grigori e Lev. Bem como Katherina.

Ficamos também a conhecer Gus Dewar de Buffalo, assistente do Presidente norte‑americano.

Estas famílias estão, de uma forma ou de outra interligadas ao longo do livro.

O livro começa em 1911, com a entrada de Billy na mina. Os filhos dos mineiros tinham, à partida e a menos que fossem inválidos, lugar garantido nas minas de carvão, até à sua morte – por acidente ou doença. Poucos são os mineiros que morrem de velhice. Ethel, a irmã, é uma jovem que, pela sua inteligência e presença, sobe na hierarquia dos criados de uma forma vertiginosa tornando-se a governanta da mansão na altura em que Fitz reúne, nessa mesma mansão, vários jovens diplomatas e aristocráticos, com o Rei George que quer conhecer a opinião dos jovens que vivem em Londres sobre politica. É neste jantar que se começa a ouvir falar nos conflitos de opinião entre diversos países e que, mais tarde, dará origem à I Guerra Mundial.

Maud e Fitz não podiam ser mais diferentes. Enquanto Fitz, pela sua educação e formação, é um verdadeiro aristocrata, defensor da divisão de classes e de sexos – as mulheres, nesta altura, eram consideradas como “propriedade dos homens”, só com deveres e sem direitos, Maud luta pela igualdade das mulheres, pelo direito ao voto e pelo direito à assistência em qualquer circunstância e pelos mesmos direitos para todas as classes. Aliás, é precisamente por isso que Ethel e Maud se tornam amigas e até confidentes.

Walter, Robert e Gus são alguns dos convidados para o encontro com o Rei em casa de Fritz. Mais tarde, Gus, Fritz e Bea vão visitar uma fábrica na Rússia onde Grigori e Lev trabalham.

Estamos na Rússia dos Czares, onde a desigualdade entre as classes é ainda mais notória. Grigori e Lev juntam todo o dinheiro que podem para que possam comprar um bilhete para viajarem, na clandestinidade, para a América, terra dos sonhos para muitos russos. Grigori é uma pessoa responsável, que teve de criar o irmão, Lev, quando a mãe foi barbaramente assassinada pela polícia numa das muitas tentativas de revolução que tiveram lugar na Rússia. O pai tinha sido enforcado pelo avó de Bea por ter levado os animais esfomeados a pastar num terreno que pertencia à família de Bea. Lev é o oposto do irmão. Irresponsável, vigarista e, ao mesmo tempo, encantador e charmoso.

Katherina é uma jovem órfã que, na noite em que chega à Rússia, Grigori e Gus salvam de ser violada e morta pela polícia local, tornando-se, com isso, um alvo a abater pelo chefe da polícia. Mas enquanto Gus regressa ao seu país de origem, os Estados Unidos, Grigori, para salvar Lev de mais uma asneira, entrega o bilhete do barco a Lev e fica a viver com Katherina em Moscovo.

O assassinato do arquiduque Francisco Fernando da Áustria é a gota de água que alguns países precisavam para iniciar uma guerra que começa em Agosto de 1914 e só vai terminar em 11 de Novembro de 1918, depois de milhares de mortos de todos os países envolvidos. Com o início da guerra, separam-se famílias e amigos. Todas as personagens masculinas acima mencionadas são obrigadas a ir para as trincheiras para defender os seus países, apesar de, muitas vezes, porem a sua amizade em primeiro lugar – e aqui recordo o encontro, em lados opostos das trincheiras, de Fritz e Walter, numa noite de Natal.

Ao mesmo tempo que os homens travam a guerra nas trincheiras, Ethel e Maud travam uma guerra contra os preconceitos masculinos, tentando, por todos os meios, que as mulheres tivessem os mesmos direitos que os homens - em termos de salário, voto, saúde, etc.

Grigori, na Rússia, também trava uma outra luta – contra os czares e contra um sistema cruel que mata discriminadamente e que deixa o povo com fome e frio, e sem alento para lutar numa guerra para os quais não tem qualquer preparação. Quando os generais os mandam matar os seus vizinhos e amigos, apenas por querem comer, os soldados revoltam-se dando início à revolução russa.

Já no final da guerra, acompanhamos os primeiros passos da Liga das Nações que, mais tarde, daria origem à ONU.

Já vai longa esta opinião, o que é normal, considerando que o livro tem “apenas!” 928 páginas. Na verdade, são 928 páginas que se leem com muita facilidade, atento o modo como Ken Follet nos apresenta cada uma das situações e a forma como entrelaça as vivências das cinco famílias que acompanhamos ao longo de todo o volume.

Fechado este longo capítulo é altura de iniciar, sem demoras, o segundo – o Inverno do Mundo. Felizmente para mim, que estava no barco quando acabei o primeiro livro, o primeiro capítulo do segundo livro está disponível no final da Queda dos Gigantes, o que me permitiu não esperar mais.

É importante ainda fazer referência às personagens reais que, neste livro, convivem com as personagens imaginadas por Ken Follet. Do Rei George a Lenine, de Troski a Artur Zimmermann, do Kaiser Guilherme a Woodrow Wilson, passando por Winston Churchill e o general Joffreou. E aqui o autor dá cartas, seguramente. Ken Follet teve o cuidado, como o próprio explica numa nota final, de colocar as personagens reais em situações que poderiam efectivamente ter acontecido. Tem o cuidado de as colocar em cenários imaginários em alturas em que poderiam ter estado num local em tudo semelhante - Winston Churchill, por exemplo, viajava muitas vezes para o campo. Pois que a sua visita à mansão de Fritz, no campo, acontece precisamente numa altura, em que está registada uma visita ao campo. Este cuidado acaba por tornar todo o livro bastante realista, deixando-nos com a pergunta – será que estamos a ler uma obra de ficção ou será uma história real?


16 comentários

De The Daily Miacis a 21.01.2016

Não li ainda nada do Ken Follet mas quero ler bastantes dele.  

De Magda L Pais a 21.01.2016

Tens de ler, vale mesmo a pena

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