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Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley
Editado em 1932
Releitura em 2015
Sinopse
Publicado em 1932, Admirável Mundo Novo tornar-se-ia um dos mais extraordinários sucessos literários europeus das décadas seguintes. O livro descreve uma sociedade futura em que as pessoas seriam condicionadas em termos genéticos e psicológicos, a fim de se conformarem com as regras sociais dominantes. Tal sociedade dividir-se-ia em castas e desconheceria os conceitos de família e de moral. Contudo, esse mundo quase irrespirável não deixa de gerar os seus anticorpos. Bernard Marx, o protagonista, sente-se descontente com ele, em parte por ser fisicamente diferente dos restantes membros da sua casta. Então, numa espécie de reserva histórica em que algumas pessoas continuam a viver de acordo com valores e regras do passado, Bernard encontra um jovem que irá apresentar à sociedade asséptica do seu tempo, como um exemplo de outra forma de ser e de viver. Sem imaginar sequer os problemas e os conflitos que essa sua decisão provocará. Admirável Mundo Novo é um aviso, um apelo à consciência dos homens. É uma denúncia do perigo que ameaça a humanidade, se a tempo não fechar os ouvidos ao canto da sereia de uma falsa noção de progresso.
A minha opinião
Li este livro há uns anos atrás, não sei ao certo quantos, e andava com vontade de o reler. Aproveitei as minhas férias para o fazer e ainda bem.
Foi com este Admirável Mundo Novo que as distopias começaram a aparecer. Estávamos em 1932 e Aldous Huxley imaginou uma sociedade que é feliz. Mas a que custo?
Comecemos pelo princípio. O nascimento. Neste Mundo, não existe tal coisa. Só nas Reservas dos Selvagens é que ainda há nascimentos. Os bebés da sociedade “evoluída” são decantados no Centro de Incubação e de Condicionamento. Enquanto estão nas provetas, os responsáveis decidem a que casta vão pertencer e que trabalho vão executar. Por norma essa decisão terá em linha de conta quem morreu e, por isso, precisa de ser substituído. Tomada a decisão, com mais ou menos álcool, mais ou menos pseudosangue ou com ou sem a divisão do óvulo que foi fertilizado in vitro, a criança acaba por ser decantada e entregue numa enfermaria onde é tratada por enfermeiras especializadas – em dar de comer, de beber e de mudar as fraldas/roupas. Não há qualquer ligação afectiva entre adultos e crianças. Aliás, esta sociedade abomina relações afectivas entre os seus membros. Não há casamentos – os membros são incentivados a ter o máximo de amantes que quiserem e são criticados caso não tenham vários em simultâneo – não há nascimentos e não há parentes. Deus é substituído por Ford (uma clara alusão a Henry Ford) e a cultura é considerada nojenta – ler, por exemplo, é proibido porque só são aceites actividades que sejam feitas em conjunto.
Voltando às crianças, através de hipnopedia – indução durante o sono – elas aprendem, desde cedo, a que a casta a que pertencem é a melhor, a mais importante e a que as deixa mais felizes. Aprendem, da mesma forma, qual a profissão que vão ter (e como se sentem felizes com isso) e que todas as outras castas – sejam elas mais baixas ou altas – são necessárias e por isso estão felizes por elas existirem.
A felicidade condicionada desde a decantação até à morte!
(confesso que a única coisa de vantagem que esta sociedade tem é a forma natural como encara a morte. As crianças começam, muito cedo, a ter contacto com a morte, a perceber como ela é natural e a não teme-la por ser inevitável).
Mas nem tudo corre sobre rodas. Às vezes é decantada uma pessoa que contesta a sociedade e que não a entende da mesma forma. É o caso de Bernard, um jovem que tem uma estrutura física quase que oposta à dos restantes membros da sua casta e que, por isso, desde sempre se sente diferente.
Quando Bernard visita uma das reservas dos Selvagens e conhece John, filho de uma jovem da sua sociedade que se perdeu numa visita anterior à reserva, resolve levá-lo para a sociedade da felicidade – ou, mais exactamente, para a sociedade que foi habituado a achar que era feliz. Mas John, o Selvagem, foi criado com outros princípios, com outra forma de ser e estar e essas diferenças acabam por se revelar bastante perigosas para todos.
Depois de Jogos da Fome, da Saga Divergente e outras distopias, soube bem voltar a ler aquele que foi o “pai”. Soube bem mas, em contrapartida, deixa-nos com um nó no estômago. Estaremos, de alguma forma, a caminhar para uma sociedade destas? E, se sim, será que ainda o podemos evitar?
Classificação:
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