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Neste caso não era a Igreja que estava toda iluminada mas sim o Pavilhão Carlos Lopes em Lisboa que se vestiu a rigor para este primeiro Festival Bang organizado pela Saída de Emergência. Um festival que juntou fãs entusiastas do fantástico com jogadores de jogos de tabuleiro (ainda estou a digerir as quatro derrotas que me foram infligidas pela minha filha nos cinco jogos que jogamos... bah!), modelismo e cosplay. Dois momentos altos. A presença de Anne Bishop e dos Moonspell (pronto, eu não sou fã deles e nem sequer fui a essa parte do evento mas estava na segunda fila para a apresentação de Anne Bishop).
Normalmente quando é a primeira vez, há falhas aqui e ali, coisas que funcionam menos bem, lições a aprender para as versões seguintes. Confesso que este sábado a única coisa que me parece que falhou foi o ar condicionado. Mas a verdade é que ninguém esperaria 30 graus em Lisboa no ultimo sábado de Outubro. Claro que há sempre espaço para melhorar, e creio que a Saída de Emergência, no próximo ano, vai realizar um festival Bang ainda melhor que o primeiro. Não teremos Anne Bishop mas a convidada também é de peso (aliás, quando foi anunciada, os vivas e as palmas que se ouviram na sala mostraram isso mesmo).
Mas já lá vamos.
A minha gaiata acedeu (depois de muita pressão) acompanhar-me. E lá fomos as duas, em passeio mãe e filha, acompanhadas de cinco livros de Anne Bishop (a Saída de Emergência impôs - e muito bem - um limite de 3 livros por pessoa para a sessão de autógrafos. Ora como o último volume da série Os Outros estava em pré venda no festival, levei apenas cinco para que o sexto fosse esse último volume, onde me vou despedir de Meg e Simon). Logo à entrada trocamos os bilhetes por dois vales de cinco euros cada (o valor do bilhete era de cinco euros) que seriam descontados na banca de livros. Obviamente Cartas de Profecia (o dito último volume de Anne Bishop) saltou logo para o meu saco mas como já andava a namorar Os Melhores Contos de Edgar Allan Poe (Pedro Brito, um dos ilustradores, é meu primo) acabei por o comprar também.
Depois das compras fomos ver os jogos de tabuleiro. Dois jogos, cinco jogadas, quatro derrotas da minha parte. Qual orgulho de mãe, qual quê! derrotada assim, sem apelo nem agravo por uma gaiata de 16 anos? ninguém merece.
Ainda por cima trouxe um enigma para eu tentar resolver no carro... não consegui, o que ainda aumentou mais a minha frustração!
Mas entretanto (e antes que perdesse mais algum jogo) fomos andando para a sala porque estava a chegar a hora Anne Bishop e eu queria estar nas primeiras filas. Ainda assistimos à demonstração de cosplay:
Finalmente, às 16h30 (mais minuto menos minuto) a sala estava cheia
A mesa vazia
E todos prontos para receber a nossa autora favorita:
Anne Bishop é muito mais do que possamos pensar. Conversadora, brincalhona, bem disposta, sempre com um sorriso. Soube pedir desculpa a um rapaz por ter criado Daemon Sadi - a sua personagem favorita - um homem que actor algum poderá alguma vez interpretar na televisão ou cinema por ficar sempre aquém do nosso imaginário. Falou-nos na série Jóias Negras e em como o primeiro volume foi recusado por várias editoras por não saberem muito bem como editar um livro de fantasia que é, ao mesmo tempo, sensual, violento e erótico. Filha do Sangue foi escrito, primeiro, apenas pelo prazer de escrever. Vinte anos depois, sai, em Portugal, o quinto volume da saga Os Outros (nos Estados Unidos saiu agora o sexto volume que a autora trouxe para vermos).
Falou-nos também no fabuloso processo de criação dos mundos. Anne Bishop cria mundos como ninguém. E cria-os desta forma porque vive neles. Umas vezes como interveniente, outras como mera espectadora. Tem dois compromissos de honra. Com as suas personagens em contar sempre a história deles de forma honesta e com os leitores, de lhes contar a verdade.
Apesar de terem passado vinte anos desde a edição do primeiro volume da série As Jóias Negras e depois do final - esperado mas não desejado de Jaenelle - os fãs de Anne Bishop continuam a querer saber mais desse universo. Uma boa parte da conversa versou precisamente Kaeleer (Jóias Negras) e Namid (Os Outros). Éfemera e Sylvalan também foram falados, mas talvez por serem apenas trilogias, menos que os primeiros.
Ficamos também a saber que é possível que, em breve, regressemos todos a Kaeleer para rever Lucifar, Surreal e Daemon mas que é uma história que ainda está muito embrionária.
Percebemos também que Anne Bishop não rotula os seus livros. Questionada sobre as diferenças entre escrever dark fantasy e urban fantasy, a autora explicou que isso são rótulos que o marketing e as editoras colocam. Ela limita-se a escrever livros que espera que os leitores gostem (e se gostamos!)
Depois de uma hora e meia (aproximadamente) de perguntas e respostas, quer por parte da editora quer por parte dos fãs, passou-se à sessão de autógrafos. Uma fila a perder de vista, cada um de nós com três livros e o coração cheio de ter ouvido uma autora extraordinária.
que nem depois de uma hora e meia a assinar livros deixou de sorrir e de dar um dedo de conversa com os seus fãs (até se lembrou que a minha pergunta tinha sido feita em português por não me sentir à vontade em falar inglês e, por isso, quando cheguei ao pé dela disse um bom olá em vez dum hello).
Por fim, a novidade. No próximo ano o Festival Bang vai contar com outra autora de peso. Se quiserem saber quem é, vejam o vídeo neste link. Pela minha parte já estou na fila para comprar o bilhete!
Enquanto tal não acontece... fiquem com estas fotos enquanto eu me vou ali deliciar com Cartas de Profecia. E parabéns à Saída de Emergência pela organização e por uns momentos maravilhosos que me irei lembrar para sempre.
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