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Lá em casa ninguém gosta de ver um filme ou uma série comigo se desconfiarem que já li o livro. Não consigo perceber porquê... talvez tenha a ver com o facto de passar o filme a arengar porque, na grande maioria dos casos, a história é completamente alterada e não é respeitado o livro.
Já se sabe, um livro é sempre mais completo. Mais perfeito. Mais livro. E é quase impossível passar para um filme toda essa perfeição. Mas às vezes consegue-se (era mesmo bom que a indústria cinematográfica aprendesse com estes exemplos):
O Quarto de Jack – as diferenças entre o livro e o filme são inevitáveis. O livro é narrado por uma criança de cinco anos e a angústia que sentimos resulta - em boa parte - dos pensamentos de Jack, da forma como ele vê o mundo. A menos que o filme fosse narrado (o que era capaz de se tornar uma grande seca), esses pensamentos não se conseguem traduzir em imagens. Ainda assim foi feito um excelente trabalho.
Milagre no Rio Hudson – um caso raro em que o livro e o filme se complementam na perfeição. O livro conta-nos a história de Sully, a pessoa certo no local certo, mostrando-nos como tudo o que se passou na vida de Sully foi essencial para que, naqueles três minutos e vinte e oito segundos, ele soubesse exactamente o que fazer para salvar as 155 pessoas que iam a bordo daquele avião. Já o filme foca o trabalho da comissão de inquérito e a tentativa que fizeram para provar que Sully tinha errado (como é possível terem pensado, nem que fosse por apenas uns segundos, que tinha havido ali erro se se salvaram todos os passageiros e tripulação?). Ambos - livro e filme - são importantes.
Viver depois de ti – um excelente livro que trata um tema polémico. A eutanásia. Um excelente filme, completamente fiel ao livro. São poucos os casos em que se pode dizer que o filme é o livro, mas este Viver depois de ti é, talvez, o mais fiel dos fieis, talvez em Ex aequo com os dois que se seguem.
Um Homem Chamado Ove – um dos livros mais ternurentos que já li, um livro que nos deixa - com humor q.b. - a pensar no dia-a-dia, nas coisas realmente importantes, em como mudamos - às vezes sem querer - a vida de quem nos rodeia e na importância que - mais uma vez, às vezes sem querer - temos na vida dos outros. E que os outros tem na nossa vida. E um filme exactamente igual, em que até os actores são, em quase tudo, tal e qual como os imaginamos enquanto líamos o livro. Óscar da melhor adaptação para aqui, por favor.
A Rapariga que Roubava Livros – outra fabulosa adaptação, em que nada falha em relação ao livro. A ternura que nos inspira o livro é rigorosamente a mesma que nos inspira o filme. Mesmo que tenha a morte como narrador.
E vocês, que outros casos conhecem em que a adaptação do livro ao cinema tenha corrido tão bem que eu posso ver o filme com a família?
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