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Crónicas do Mal de Amor de Elena Ferrante
ISBN: 9789896414382
Editado em 2014 pela Relógio D'Água
Sinopse
«Ferrante disse que gosta de escrever histórias "em que a escrita é clara, honesta, e em que os factos — os factos da vida normal — prendem extraordinariamente o leitor". Com efeito, a sua prosa possui uma clareza despojada, e é muitas vezes aforística e contida (…). Mas o que os seus primeiros romances têm de electrizante é que, ao acompanhar complacentemente as situações desesperadas das suas personagens, a própria escrita de Ferrante não conhece limites, está ansiosa por levar cada pensamento para diante, até à sua mais radical conclusão, e para trás, até à sua mais radical origem. Isto é sobretudo óbvio na forma destemida como os seus narradores femininos pensam sobre filhos e sobre maternidade.»
Do Prefácio de James Wood
A minha opinião
Estreia absoluta com Elena Ferrante. Depois de tanto ouvir falar na Amiga Genial (que anda por ali na estante à espera de vez) e nos livros da mesma série, a minha estreia acaba por acontecer com este livro que reúne três contos: Um Estranho Amor, Os Dias do Abandono e A Filha Obscura, todos contados na primeira pessoa (Delia, Olga e Leda)
O encanto de Elena Ferrante está na escrita crua, sem arteficios, rude e, muitas vezes, cruel. De uma forma fabulosa, consegue que comecemos por não gostar do narrador mas, aos poucos, vamos entendendo-a e, no fim, acabamos por sentir empatia pelas mulheres que Ferrante retrata. Acima de tudo porque, neste livro, a maternidade não é o sonho cor de rosa e idílico que muitas mães tentam fazer passar.
O mais pesado - e, para mim, o melhor - conto é Os Dias do Abandono. Olga é abandonada pelo marido e acaba por se tornar quase um animal, perdendo todas as referencias familiares e sociais. A leitura deste conto não foi fácil, confesso e, muitas vezes, dei comigo a julgar Olga.
A Filha Obscura é também a história de uma mãe, Leda, para quem a profissão é tudo e que acaba por abandonar as suas filhas em prol do seu trabalho. Leda assume-se, acima de tudo, como mulher e não como mãe.
Um Estranho Amor foi, talvez, o que estranhei mais e que me fez duvidar da escrita desta autora. Pareceu-me uma história com menos nexo, confusa e sem uma linha mestra (ao contrário das outras duas). A mãe de Delia suicida-se e Delia embarca numa viagem pelo seu passado para entender a mãe e o que a levou ao suicídio.
Apesar de, no geral, ter gostado, não me sinto confortável em recomendar este livro a toda a gente. Creio que o melhor deste livro - a escrita crua e cruel - pode fazer com que algumas pessoas não o consigam ler com facilidade. Mas que deviam tentar, isso tenho a certeza.
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