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Estação Onze de Emily St John Mandel
Tradução de Rita Figueiredo
ISBN: 9789722356329
Editado em 2015 pela Editorial Presença
Sinopse
Estação Onze conta-nos a cativante história de um grupo de pessoas que arriscam tudo em nome da arte e da sociedade humana após um acontecimento que abalou o mundo. Kirsten Raymonde nunca esqueceu a noite em que teve início uma pandemia de gripe que veio a destruir, quase por completo, a humanidade.
Vinte anos depois, Kirsten é uma atriz de uma pequena trupe que se desloca por entre as comunidades dispersas de sobreviventes. No entanto, tudo irá mudar quando a trupe chega a St. Deborah by the Water. Um romance repleto de suspense e emoção que nos confronta com os estranhos acasos do destino que ligam os seus personagens.
A minha opinião
Oh não, mais uma distopia - estão vocês a pensar. Calma, que Estação Onze não é uma distopia normal.
Num ano qualquer da nossa era, uma pandemia de gripe mata mais de 90% da população terrestre em muito pouco tempo. As televisões deixam de transmitir, a água deixa de correr nas torneiras, a electricidade deixa de funcionar assim como as redes de telemóvel e de internet. Os poucos que sobrevivem, espalhados por todo o planeta, tem de descobrir novas formas de sobreviver quanto tudo o resto se desmorona e pelo meio dos cadáveres dos que faleceram.
Ok, até aqui quase que é uma distopia normal.
Só que não.
Porque Estação Onze leva-nos em viagens entre vários passados e o presente. Fala-nos da noite em que a pandemia começou a espalhar-se, conta-nos as histórias de vida de alguns dos que morreram nesses primeiros dias e como foi sobreviver sem saber como enquanto outros morriam. Acompanhamos, ao mesmo tempo, alguns desses sobreviventes, 20 anos depois da pandemia assim como crianças que nasceram depois.
Como se explica a internet a quem não a conhece? Como se explica o voo de um avião a quem está habituado a vê-lo apenas parado num campo de milho? Como se explica os antibióticos que deixaram de existir e como se aceita que a esperança de vida desça para os 40/50 anos?
Será uma pandemia deste género um cenário assim tão descabido? Infelizmente não creio, até porque o livro é bastante fiel neste aspecto: esta gripe mortal espalha-se pelo mundo por causa das viagens aéreas.
Estação Onze, ao contrário da maioria das distopias, não é feito de guerras, intrigas, tormentos ou cataclismos. Ainda assim não o conseguimos largar porque a escrita é simples, atractiva e subtil. Não queremos saber o fim da história mas queremos entender como se sobrevive ao fim de todas as mordomias a que estamos habituados.
Porque sobreviver não é suficiente
Esta frase, lema da Sinfonia Itinerante* e uma das tatuagens de Kirsten*, retirada da série Star Trek, é, talvez, a lição principal a retirar deste livro.
Estação Onze, ao mesmo tempo que é sombrio e negro, também é elegante e encantador, com personagens resilientes, que nos tocam e das quais nos custa despedir quando fechamos o livro.
Sem dúvida um livro extraordinário.
* no livro, a Sinfonia Itinerante é uma trupe de actores e músicos que vão passeando de lugarejo em lugarejo, apresentando peças de teatro de Shakespeare e recitais de música
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Classificação:
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