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Não gosto de ler e-books. Gosto de ler livros. Livros que eu posso pegar, cheirar, sentir.
Pegar e sentir as folhas e através do toque dos dedos e do olhar, viajar para novos mundos, viver outras vidas, conhecer outras emoções. Ouvir e cheirar as folhas quando se muda a página.
Pegar num livro é acionar quase todos os sentidos – o olfacto, o tacto, a visão, a audição… um livro traz, com ele, uma panóplia de sentimentos que são únicos, mas, ao mesmo tempo, repetíveis com outros livros.
Um livro permite que eu pegue nele e o leia nos transportes públicos, num banco de jardim, no sofá, numa sala de espera ou na praia…
Gosto de andar com um livro atrás. De o poder pegar para ler sempre que tenha oportunidade, ou quando, por necessidade de me abstrair do que me rodeia, arranjo essa oportunidade. O meu melhor calmante é, sem dúvida, a leitura de um livro.
Com um livro na mão, a minha mente viaja ao mesmo ritmo que a história que estou a ler. Desapareço da face deste mundo, para me reencontrar no mundo que está criado no papel. Quando leio, abstraiu-me de tal forma do mundo ao meu redor, que chega a ser ridículo o número de vezes que me tem de chamar para eu acordar do livro.
O mesmo não se passa com os e-books. Ler em tablets, computadores ou outros dispositivos próprios para o efeito dá-me a sensação que estou a ler um documento do trabalho e não um livro. E ler um livro não é trabalho.
Há alguns anos atrás não se punha sequer esta questão – ler um livro em formato tradicional ou consultar, na internet, blogues ou sites literários ou ainda fazer o download dum e-book e lê-lo nos dispositivos próprios.
A leitura está facilitada. Dar a conhecer o que escrevemos ou que gostamos também. Um autor desconhecido que resida numa qualquer aldeia de Portugal pode ser lido nas maiores capitais do mundo. E o inverso também é verdade. Desde que se esteja num sítio com acesso à internet pode dar-se a conhecer, ler e ser lido, em qualquer parte do mundo. Sem restrições. É uma das muitas vantagens da Aldeia Global.
E o mesmo se passa com os e-books. Colocados, para download em sites próprios, uns gratuitos, outros tendo de se pagar, permitem que, em qualquer parte do mundo, desde que haja acesso à Internet, se possa ir “buscar” o livro pretendido e levá-lo, em formato digital, para qualquer lado, nos dispositivos que o permitem. Em tudo semelhante ao que se passa com a música, que nos acompanha para todo o lado nos leitores de bolso, sendo que, em alguns casos, até podemos andar na rua, de auscultadores nos ouvidos a ouvir o livro.
No caso dos e-books, é ainda possível, para o autor, criar diversos finais para os seus livros, deixando que seja o leitor a decidir, enquanto vai lendo, qual o destino a dar a cada personagem.
Ao contrário, quando um autor desconhecido consegue, de alguma forma, editar um livro, corre o risco de ele, o livro, nunca sair das prateleiras de uma qualquer livraria que, eventualmente, aceite colocá-lo à venda.
Ainda assim, e apesar de reconhecer que os e-books têm vantagens, continuo a preferir ter um livro na mão do que lê-lo no ecrã do computador ou num qualquer dispositivo.
Já tive a oportunidade de ler textos em formato digital e, mais tarde, em livro. Acreditem que, mesmo sendo o mesmo texto, a leitura do livro agradou-me bastante mais.
Mas tal como eu prefiro ter o livro, em papel, na mão, acredito que haja quem prefira o e-book ou o audiobook. Nada a opor. Aliás, creio até que todas as variantes podem (e devem) coexistir pacificamente, facilitando a escolha.
O importante é ler. Seja da forma que for e como for.
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