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Navegador Solitário

por Magda L Pais, em 29.01.16

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Navegador Solitário de João Aguiar

Editado em 2008 pelas Edições Asa

ISBN: 9789724117812

Sinopse

Solitão Fernandes nasceu em Giestal dos Frades, filho de gente desonrada e trabalhadora. Guiado por tão sábios ensinamento, Solitão navega com êxito no oceano revolto que é a sociedade deste nosso fim de século e aprende rapidamente a vencer na vida. Só que, de repente, tudo muda...
O relato das navegações de Solitão Fernandes no mar português contemporâneo desenrola-se em paisagens pintadas com ácido e adornadas com sorrisos torcidos, mas também com algum humor inocente. Nas margens desse mar, esconde-se até um pouco de ternura envergonhada.
 
A minha opinião
É o segundo livro que leio por ter aderido ao livro secreto e, mais uma vez, dou por bem empregue tê-lo feito, já que uma das minhas resoluções para 2016 é ler autores novos e eu nunca tinha lido João Aguiar.
Aos quinze anos, Solitão Francisco tem uma vida lixada. Começa pelo nome - Solitão, ou Litão - que odeia. Um nome escolhido pela sua madrinha Preciosa - médium e que recebeu inspiração do outro mundo para a escolha do nome. Litão bem tenta que todos o tratem por Francisco, ou, vá, por Chico mas sem sucesso. Depois porque, por causa do nome, tem de andar à porrada com toda a gente na escola porque está sempre a ser gozado. E além de ter de ir à escola, ainda tem de servir às mesas no restaurante do pai. Como se não bastasse, o avô Aquilino, lá do além, obriga-o a escrever um diário - esta merda de diário - e é com esse diário que acabamos por o acompanhar e por perceber o seu crescimento, não só enquanto pessoa mas também na escrita.
A primeira parte do livro acaba por ser a mais hilariante, não pela história em si mas pelos erros que Solitão comete ao escrever. Sem virgulas, claro, porque meter virgulas é chato. Do pecado contra a sua castridade - cometido sozinho e sem ajuda - ao pedido de besolvição feito ao padre, ou a berlaitada que quer dar com a Cátia com piçarvativo, passando pelo varredor da Cultura (como é que, na Câmara se varre a cultura, pergunta, e bem, o nosso Solitão) passando por pensamentos brilhantes como, por exemplo:
... a Preciosa começou a arrotar e entra em trânsito e começa a falar com uma voz fininha... e vai daí o meu velho arrotou mas como ele não é médio não era trânsito era o feijão do jantar...
Depois, a segunda e terceira parte, não sendo hilariante - porque Solitão aprende, entretanto, a escrever melhor - são bastante interessantes, conseguindo-se acompanhar o seu crescimento em todos os aspectos e a sua reconciliação consigo próprio. Ao longo da leitura temos ainda a grata oportunidade de reflectir sobre alguns aspectos da sociedade, ainda actuais nomeadamente sobre o provincianismo.
Apesar de ter um fim previsível, a verdade é que foi uma leitura bastante agradável e que me permitiu descobrir um autor que, provavelmente, não fora o livro secreto, não o teria feito.
 

8 comentários

De Me, myself and I a 29.01.2016

Ainda bem que gostaste! Image

De Magda L Pais a 29.01.2016

Gostei sim, leitura fácil, agradável com momentos (principalmente na primeira parte) hilariantes

De Anónimo a 29.01.2016

Comentário apagado.

De Magda L Pais a 29.01.2016

Vou ler sim, gostei deste autor

De Marquês a 29.01.2016

Li João Aguiar durante a universidade. Primeiro para um trabalho (O priorado do cifrão) e depois comprei esse e A Voz dos Deuses. Adorei todos! 

De Magda L Pais a 29.01.2016

é um autor que vou ler mais com certeza

De Ana a 01.02.2016

O que eu adorei este livro. Foi assim que conheci este escritor que tão novo nos deixou Image

De O ultimo fecha a porta a 17.05.2016

Acabei de ler o livro. Mas só li resumos e crónicas depois de ler o livro. Quis ser surpreendido. Achei igualmente que há um enorme paralelismo com a realidade de 2016, sendo um livro dos anos 80/90. Achei ainda que reencarna a expressão "não há almoços grátis"- tudo tem um preço.

Convido a passares pelo meu blog onde também deixei um post.

De Magda L Pais a 23.05.2016

estive ausente... 
Sem dúvida que este livro nos faz pensar nessa famosa expressão: não há almoços grátis.
Vou agora ao teu blog

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