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Os Despojados

por Magda L Pais, em 23.02.18

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Os Despojados de Ursula K. Le Guin

ISBN: 9789897730566

Editado em 2017 pela Saída de Emergência

Sinopse

A jornada de um homem em busca da reconciliação de dois mundos Em Anarres, um planeta conhecido pelas extensas áreas desérticas e habitado por uma comunidade proletária, vive Shevek, um físico brilhante que acaba de fazer uma descoberta científica que vai revolucionar a civilização interplanetária. No entanto, Shevek cedo se apercebe do ódio e desconfiança que isolam o seu povo do resto do universo, em especial, do planeta gémeo, Urras. Em Urras, um planeta de recursos abundantes, impera um sistema capitalista que atrai Shevek, decidido a encontrar mais liberdade e tolerância.

Mas a sua inocência começa a desaparecer perante a realidade amarga de estar a ser usado como peão num jogo político letal. Que esperança e idealismo restam a Shevek, aprisionado entre dois mundos incapazes de ultrapassar as diferenças? E ao desafiar ambos os regimes políticos, conseguirá ele abrir caminho para os ventos da mudança?

A minha opinião

Depois d'Um Estranho Numa Terra Estranha, foi a vez de pegar neste livro. Não porque me apetecesse especialmente mas porque fui intimada pelo meu irmão. "já leste?" "não, tenho lá para ler" "vai ler. Já. larga o que estiveres a ler e lê já este" "tá bem, mas deixa-me acabar este" "não, não deixo, vai ler" (às vezes o meu irmão António consegue ser muito chato!). Bem, consegui acabar a leitura do que estava a ler, ainda li mais um ou dois livros (não lhe digam nada por favor) e, há três ou quatro dias peguei neste.

Logo nas primeiras páginas uma sensação estranha. Eu já li isto. Eu já conheço esta história. Ou será que é plágio doutra? Ou serão parecidas? essa sensação foi-se acumulando ao longo do livro e, no fim, percebi. Eu realmente já tinha lido este livro, algures na minha adolescência. Mais uma "vitima" das trocas de livros entre mim e o meu irmão.

Nada de grave. Este é um livro que é suposto ler várias vezes para o descascar na sua plenitude. Um livro que, tal como o Shrek (o ogre), tem várias camadas, várias percepções diferentes, consoante a idade e o estado de espírito em que é lido.

Como seria viver num mundo em que todos trabalham em tudo, onde não há ordenados, não há classes sociais e não há um governo? Onde a comida é distribuída em refeitórios, onde basta chegar e comer o que se quer (ou o que é distribuído), onde a roupa é dada a quem dela precisa, onde cada um reside num quarto individual ou duplo, consoante as suas necessidades, sem pagar nada por isso? Uma sociedade onde a única regra é não egotizar, onde as relações entre indivíduos são livres e sujeitas apenas à vontade de cada um. Onde as crianças são ensinadas, desde terna idade, a partilhar tudo e todos e onde o sexo é encarado com toda a naturalidade, seja entre casais ou entre amigos (e sejam eles do mesmo género ou não). Uma sociedade onde só é permitido o interesse do grupo. Será que nos íamos sentir perfeitos ou nos iríamos sentir prisioneiros?

É nesse mundo que vive Shevek. Que agoniza por se sentir preso, por não ter pares com quem falar e debater as suas ideias. Até que lhe surge a oportunidade de visitar o outro mundo, onde o sistema é capitalista, onde imperam as regras e a suposta abundância. Afinal, qual será o melhor?

Os Despojados é um livro que se estranha. Mas que depois entranha. E que nos deixa na memória algumas passagens, que nos leva a reflectir sobre a nossa vida, sobre o que queremos ser e o que fazemos em sociedade. Que nos obriga a pensar em quem nos rodeia, na falta que todos fazemos nesta grande roda que é viver em sociedade. É, sem qualquer margem para dúvida, um livro obrigatório.

Por fim, uma passagem que - espero bem - não seja profética e que se refere ao nosso planeta, tão mal estimado pelos humanos:

- O meu mundo, a minha terra, é uma ruína. Um planeta destruído pela espécie humana. Multiplicámos-nos, tragámos e lutámos até não sobrar nada, e depois morremos. Não controlámos os apetites nem a violência; não nos adaptámos. Destruímos-nos a nós mesmos. Mas primeiro destruímos o mundo. Já não há florestas na minha terra. O ar é cinzento, o céu é cinzento, está sempre calor. É habitável, continua a ser habitável, mas não como este mundo aqui. Este é um mundo vivo, uma harmonia. O meu é discordância. Vocês, Odonianos, escolheram um deserto; nós, Terranos, fizemos um deserto... Sobrevivemos lá, como vocês. As pessoas são resistentes! Somos quase meio bilião. Já fomos nove biliões. Ainda hoje é possível ver, por todo o lado, as cidades antigas. Os ossos e os tijolos desfazem-se em pó, mas os pedaços de plástico nunca - e também nunca se adaptam. Falhamos enquanto espécie, enquanto espécie social.

(leia aqui as primeiras páginas)

Classificação: 

 

Entretanto...

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3 comentários

De Sofia a 23.02.2018

Ahahaha, vou fazer queixinhas ao teu irmão!lol
Gsotei da passagem, mas não sei até que ponto iria gostar do livro?!
Estou adorar o que estou a ler, recebes-te o teu livro? :)

De Magda L Pais a 23.02.2018

Que estás a ler?

(o problema é que o gaijo lê este blog ahahahahahahaah)

Sim, recebi. Ia-te dizer isso por email mas esqueci-me

De Sofia a 23.02.2018

Ups!

Estou a ler " Um erro inocente" da Dorothy Koomson.

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