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Os Loucos da Rua Mazur de João Pinto Coelho
ISBN: 9789896604578
Editado em 2017 pela Leya
Sinopse
Quando as cinzas assentaram, ficaram apenas um judeu, um cristão e um livro por escrever.
Paris, 2001. Yankel - um livreiro cego que pede às amantes que lhe leiam na cama - recebe a visita de Eryk, seu amigo de infância. Não se vêem desde um terrível incidente, durante a ocupação alemã, na pequena cidade onde cresceram - e em cuja floresta correram desenfreados para ver quem primeiro chegava ao coração de Shionka. Eryk - hoje um escritor famoso - está doente e não quer morrer sem escrever o livro que o há de redimir. Para isso, porém, precisa da memória do amigo judeu, que sempre viu muito para além da sua cegueira.
Ao longo de meses, a luz ficará acesa na Livraria Thibault. Enquanto Yankel e Eryk mergulham no passado sob o olhar meticuloso de Vivienne - a editora que não diz tudo o que sabe -, virá ao de cima a história de uma cidade que esteve sempre no fio da navalha; uma cidade de cristãos e judeus, de sãos e de loucos, ocupada por soviéticos e alemães, onde um dia a barbárie correu à solta pelas ruas e nada voltou a ser como era.
Na senda do extraordinário Perguntem a Sarah Gross, aplaudido pelo público e pela crítica, o novo romance de João Pinto Coelho regressa à Polónia da Segunda Guerra Mundial para nos dar a conhecer uma galeria de personagens inesquecíveis, mostrando-nos também como a escrita de um romance pode tornar-se um ajuste de contas com o passado.
A minha opinião
Gosto, honestamente, do facto de estar a acompanhar o nascimento de um escritor que, tenho a certeza, ficará para a história (bem, e do facto de ter os dois primeiros livros dele autografados, também mas isso são outras histórias). É o caso de João Pinto Coelho (só lamento que demore dois anos entre cada livro mas pronto, também não quero literatura de pronto a vestir, prefiro literatura de alfaiate).
Perguntem a Sarah Gross é, sem dúvida, o número 1. Primeiro livro do autor, primeiro livro que li dele e, para mim, o melhor dos dois. Não que Os Loucos da Rua Mazur não seja bom, que é (ou, suponho, nem teria ganho o Prémio Leya 2017) mas porque me identifiquei mais com o primeiro. Coisas de leitores, nada a fazer. E nem sequer tem a ver com a violência retratada neste segundo livro (há livros muito violentos sobre a segunda guerra mundial, alguns dos quais me deixaram com nós no estômago e que até já reli).
Os Loucos da Rua Mazur leva-nos à Polónia e à França, numa viagem no tempo e no espaço. Perde, quanto a mim, um pouco, na quantidade de personagens que nos são apresentadas a cada trecho. Às tantas dei por mim a voltar atrás para perceber quem era quem, coisa que me desagrada sempre um pouco (principalmente quando estou a adorar a leitura, como era o caso, porque tenho sempre a sensação que perco tempo precioso).
Este é um livro violento, que retrata uma noite louca, em que cristãos chacinaram judeus, os seus vizinhos, pessoas com quem tinham relações de amizade de anos. E nem sequer podem culpar os nazis que não estavam na cidade, o que vem provar que qualquer ser humano, seja qual for a nacionalidade, o credo ou a raça pode cometer actos de pura barbárie.
Estranhamente (ou talvez não) a imagem que me ficou foi a sensibilidade e a ternura em contraponto à violência que rodeava Tauba e Perla e os seus filhos bebés. Mais do que tudo o resto, é esta a parte do livro que me irá acompanhar.
Nota-se, sem dúvida, um crescimento na escrita de João Pinto Coelho neste Os Loucos da Rua Mazur que nos apresenta uma escrita mais madura, com menos diálogos e mais descrições, mais emotiva e ainda mais interessante. Claro que ainda há margem para melhorar (todos temos essa margem, pena que nem todos a aproveitem) e eu cá estarei para acompanhar esse crescimento, lendo todos os livros que editar (mesmo que tenha prometido a mim mesma comprar menos livros...)
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