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Por Treze Razões de Jay Asher
ISBN: 9789722360517
Editado em 2017 pela Editorial Presença
Sinopse
Ao regressar das aulas, Clay Jensen encontrou à porta de casa uma estranha encomenda com o seu nome escrito, mas sem remetente. Ao abri-la descobriu sete cassetes com os lados numerados de um a treze. Graças a um velho leitor de cassetes, Clay é surpreendido pela voz de Hannah Baker, uma adolescente de dezasseis anos que se suicidara duas semanas antes e por quem estivera apaixonado. Na gravação, Hannah explica os treze motivos que a levaram a pôr fim à vida. Guiado pela voz de Hannah, Clay testemunha em primeira mão o seu sofrimento e descobre que os treze motivos correspondem a treze pessoas…
A minha opinião
Por norma não gosto de ler o livro da moda nem ver a série da moda. Prefiro que a poeira assente e que eu possa desfrutar do livro ou da série sem ruído de fundo, sem ouvir isto ou aquilo. Mas atendendo ao tema e ao enorme mediatismo que este livro/série tem tido cedi a violar esta norma.
Antes de passar ao livro, deixem-me apenas contar-vos que, quando a minha Maggie viu que eu o ia começar a ler me perguntou: mas porque vais ler essa porcaria? (não foi bem porcaria que ela disse mas vamos lá manter o nível aqui no blog). Quis, claro, perceber porque é que ela dizia isso ao que ela me respondeu: mãe, é uma série estúpida, o livro não vai ser melhor de certeza. Mas já viste? não, nem preciso. Não tenho paciência para vitimas.
Bom, não aprofundei mais a conversa porque ainda não tinha lido o livro, pelo que deixei o resto da conversa para quando o acabasse. (e sim, já falamos as duas sobre o assunto).
Não sou psicóloga, sou mãe. Já fui adolescente. Tenho dois adolescentes em casa. E, em 2014, por acidente, encontrei várias páginas de incentivo à automutilação e ao suicídio no facebook. Não se falava, na altura, na Baleia Azul nem nas treze razoes que levaram a que Hannah se suicidasse. E eu li essas páginas...
E, enquanto lia este livro, vieram-me à memória todas as barbaridades que li nessas mesmas páginas. Porque este livro pode ser resumido numa frase que li na altura: Quando morreres, todos vão gostar de ti.
(de notar que esta frase estava numa imagem dum caixão com pessoas a chorar à volta)
Sim, porque, para mim, é o que se passa neste livro. Hannah - uma adolescente deprimida, que se vitimiza em excesso, que mete na cabeça que se quer suicidar, que os pais não se apercebem do que se passa, que tem várias hipóteses de falar com professores e amigos (com o Clay, por exemplo) e não faz nada para pedir ajuda - suicida-se. E ao fazê-lo, todos aqueles que a prejudicaram se arrependem e dizem que até gostavam dela...
Além de todos passarem a gostar dela, Hannah, ao deixar as treze razões - que correspondem a treze pessoas que a influenciaram a tal - está também a vingar-se, ao desmascarar os outros adolescentes. A vingança... Se morreres podes vingar-te do mal que te fizeram.
Portanto, está classificado como juvenil um livro que pode ser entendido (quanto a mim, reforço) como um incentivo ao suicídio com dois bónus: passam a gostar de ti e tens a oportunidade de te vingares.
Muito muito perigoso. Perigoso porque o público alvo deste livro - os jovens - são influenciáveis, podem estar com sérios problemas de depressão (a depressão juvenil existe, não é um mito nem é uma moda) e um simples livro pode funcionar como gatilho para o suicídio. Acredito, honestamente acredito, que não foi essa a intenção do autor mas é a sensação que me passa.
Pode - eventualmente e em alguns casos - funcionar como alerta. Quem sabe algum adolescente mais consciencioso, mais atento, depois de ler este livro pode detectar, nalgum colega, os sintomas que Hannah mostrava antes de se matar e, quem sabe, salvar uma vida.
Não quero, com isto, dizer que não devem ler o livro ou que não o devem dar a ler aos vossos filhos. Acima de tudo acho - mas reforço que é a minha opinião - que tanto o livro como a série devem ser lidos ou vistos em família, pais e filhos, de modo a não romancear demasiado o suicídio e para que se fala - em família - de cada uma das razões, do que Hannah devia ter feito ou o que fez, de como os amigos podiam ter ajudado.
Lido o livro, não tenho, de momento, qualquer interesse na série. Pode ser que um dia a veja...
Não li o livro, mas devorei a série, queremos saber o que realmente aconteceu a Hannah e é inevitável.
A série foi proibida a menores de 18 anos em dois países, Canadá e Austrália se não me engano, porque consideraram que podia incentivar ao suicídio.
Tenho uma opinião diferente, apesar da personagem principal se vitimizar e ser dramática, ela não é nada mais nada menos que uma adolescente incompreendida que vive as emoções ao máximo como todos os outros adolescentes.
Uma série de eventos levam-na a cometer suicídio, enquanto uma série de eventos levarão outros adolescentes a cometer outros erros dramáticos, pelo menos é o que leva a crer o fim da série, não sei como termina o livro.
Na minha opinião a série é uma crítica pesada à sociedade, onde imperam o egoísmo, as aparências e uma total desatenção às coisas importantes, penso que a série incentiva à reflexão e à ponderação, já que a maioria dos personagens acaba por perceber que cometeu erros, foi negligente e egoísta, comportamentos demasiado frequentes nos corredores das escolas.
É normal inflacionar todas as emoções, solares ou lunares, durante a adolescência. As oscilações de humor são uma constante, e as depressões tão mais comuns de que se pensa! Fundamentalmente a Hannah entrou na espiral da depressão, e cada vez tinha menos esperança que as coisas mudassem. E depois aconteceram coisas - nomeadamente a violação - que abalariam qualquer um,e/ou o atirariam precipício abaixo...
Numa situação em que os adolescentes se sentem suicidas, há dois denominadores comuns, e creio que absolutamente transversais: o desejo de vingança de quem os magoou OU não os ajudou E a certeza de que 'hão-de sentir a minha falta, e vai ser tarde demais'. Com livro ou serie ou sem eles, com ou sem incentivo. É assim que funciona. E se grande parte das vezes, felizmente a situação é ultrapassada - a mais das vezes com o tempo - outras há em que se sucumbe à pressão, à dor.
É assustador? É.
Se é possível quem está à volta prevenir? À partida, não. Assim como não acredito que ninguém se suicida por incentivos externos, também não acredito que seja possível impedir o suicídio de quem quer mesmo morrer.
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