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A vida na porta do frigorífico de Alice Kuipers

ISBN: 978-972-23-4246-9

Editado em 2009 pela Presença

Sinopse

Claire e a mãe vivem na mesma casa, mas, para todos os efeitos, é como se vivessem em planetas diferentes.

Claire tem quinze anos e uma vida imprevisível como qualquer adolescente, enquanto a mãe, uma obstetra dedicada, se vê muitas vezes absorvida por urgências no hospital.

As duas raramente se cruzam, e a porta do frigorífico acaba por se tornar a plataforma de contacto onde deixam recados uma à outra e se vão mantendo informadas acerca dos acontecimentos das suas vidas.

Mas um dia Claire depara-se com um recado diferente do habitual, e a partir daí terá de lutar contra a distância que a separa da mãe e contra o tempo que se esgota...

A opinião da Magui Ferreira

Na contra-capa do livro somos informados de que se trata duma narrativa despretensiosa, na altura em que o li era isso que me interessava, um livro “levezinho”, simples, com uma linguagem fluída para ler nas férias.

Não é o livro da minha vida, mas, curiosamente quando surgiu o convite da Magda lembrei-me imediatamente dele.

Porque o seu despojamento me cativou e a história entre mãe e filha, não sendo a minha realidade, me remeteu igualmente para o turbilhão de sentimentos que conheço bem.

As personagens podiam ser igualmente um pai e um filho, amigos, companheiros, cônjuges, porque o essencial é a relação existente entre duas pessoas que se amam.

Numa época em que o mundo gira à volta do digital, em que vamos comunicando uns com os outros através das redes sociais, é curioso constatar que ao mesmo tempo que esta mãe não tem telemóvel, também não tem disponibilidade para a filha adolescente, engolida que está pelo trabalho que é incompatível com os horários de Claire.

Não deixa de ser irónico que na era da comunicação, elas comuniquem através de recados deixados na porta do frigorífico.

O livro permite-nos entrar sem pudor naquela cozinha partilhada por mãe e filha, e ficar a conhecê-las através do que vão escrevendo uma à outra, sem nunca se cruzarem.

Sentimos a culpa da mãe, a revolta da filha, a frustração e o medo das duas, mas também o afecto, a cumplicidade.

E esperamos que num qualquer momento elas se encontrem perante nós e que os recados cedam lugar a um sorriso, um abraço, um bom dia de viva voz e vamos mantendo a esperança que isso aconteça.

Um livro comovente que nos leva a (re)pensar a forma como nos relacionamos com os outros, principalmente com aqueles que amamos.

É uma chamada de atenção, para aquilo que no fundo todos sabemos mas vamos ignorando. A vida é imprevisível e num instante o controlo que julgamos ter sobre ela nos foge irremediavelmente.

Leiam aqui as primeiras páginas

Classificação: 

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