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A Encomendação das Almas

por Magda L Pais, em 25.09.18

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A Encomendação das Almas de João Aguiar

ISBN: 9789724116648

Editado em 2005 pelas Edições Asa

Sinopse

Num mundo rural em decomposição acelerada, minado pela poluição física e mental, pelos media e pelas arremetidas da "Aldeia Global", um homem de setenta anos e um adolescente aliam-se para construir um pequeno universo privado, fantástico, parado no tempo, onde vivem os velhos ritos e as superstições do passado.

Porém, esse universo, frágil e vulnerável, não poderá resistir durante muito tempo à sociedade hostil que o cerca. Então, é preciso encontrar uma saída...

História de uma amizade e de uma revolta, A Encomendação das Almas é também um retrato-caricatura do nosso tempo. Com ele, João Aguiar abre uma nova frente no seu trabalho de romancista e, renovando-se, confirma que é hoje um dos mais versáteis narradores portugueses.

A minha opinião

Navegador Solitário foi o meu primeiro contacto com João Aguiar, cortesia do livro secreto. A Encomendação das Almas só veio confirmar que, efectivamente, João Aguiar é um escritor que todos devíamos conhecer, que devíamos ler, deixando-nos encantar com as suas histórias.

Este é um livro que se lê num fôlego. Numa tarde ou numa manhã, pequeno em tamanho, enorme na qualidade da escrita, na história e nas lições muito actuais.

A Encomendação das Almas mistura lendas e mitos com a realidade de muitos velhotes, abandonados pela sua família que só se preocupam com o dinheiro. Um livro terno, uma história duma amizade improvável, com um fim que, apesar de tudo, é o desejado pelas personagens que aprendemos, desde as primeiras letras, a gostar e a torcer por elas.

Se nunca leram nada deste autor, não sabem o que perdem.

Classificação: 

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O Código D'Avintes

por Magda L Pais, em 01.03.17

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O Código D'Avintes de Alice Vieira, José Jorge Letria, Luísa Beltrão, José Fanha, Mário Zambujal, Rosa Lobato de Faria e João Aguiar

ISBN: 9789895552153

Editado em 2006 pela Oficina do Livro

Sinopse

Os sete autores de Os Novos Mistérios de Sintra reincidem no estilo corrida de estafetas de onde resulta uma apaixonante trama, de mistérios e amores, surpresas e humor. O mistério da infância de Jesus Cristo acaba por ser revelado nas margens do rio Douro.

Tudo começa em torno da trama sinistra do Conclave dos Cavaleiros Teutónicos da Nova Ordem que quer dominar o mundo sem olhar a meios.

Por seu lado, Isaías Pires, professor de medicina expulso da Ordem por práticas pouco ortodoxas, pertencente a uma outra organização que se opõe aos intuitos pérfidos do Conclave, sofre um trauma e desata a falar aramaico, língua corrente no tempo de Cristo na Palestina e logo a seguir começam a morrer patos e pombos por todos os cantos.

De repente, todos os personagens, o anjo Gabriel e a sua Sara, Lilith, delirante diva, a Arminda do bar do hospital, o doutor Fraga, a padeira de Avintes, o ex-inspector Nuno Costa, o professor Aquilino, especialista em línguas mortas, e outros mais, bons e maus, desatam a procurar antiquíssimas relíquias sagradas que podem conferir um poder indescritível àqueles que as possuírem.

O cúmulo é que a chave do código para chegar a essas relíquias está escondido justamente numa bela terra à beira do Douro e, por isso mesmo, ficará para sempre conhecido por O Código d'Avintes.

A minha opinião

Começou a segunda série do livro secreto e calhou-me, em sorte, este livro do qual nunca tinha ouvido falar. Erro meu, eu sei. Aliás, na verdade, nem deste nem dos outros dois ou três escritos pela mesma equipa mas não em equipa. Basicamente, cada autor teve direito a escrever um capitulo tendo por base apenas e só os capítulos anteriores. Uma semana a cada um e andemos para a frente.

Nota-se, por isso, algum "desencadeamento" na história mas, ainda assim, resulta bem. Não é complicado de ler, tem algumas situações brilhantes (em que se notou que o autor daquele capitulo quis mesmo deixar uma batata quente para o seguinte) mas, ainda assim, a história acaba por fazer algum sentido. 

Acho, honestamente, que só excelentes escritores - como os que fazem parte desta trupe - conseguiriam um trabalho desta envergadura. Ainda que não seja um livro excelente e ainda que haja partes melhores que outras, vale a pena ler.

(Leia aqui as primeiras páginas)

Navegador Solitário

por Magda L Pais, em 29.01.16

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Navegador Solitário de João Aguiar

Editado em 2008 pelas Edições Asa

ISBN: 9789724117812

Sinopse

Solitão Fernandes nasceu em Giestal dos Frades, filho de gente desonrada e trabalhadora. Guiado por tão sábios ensinamento, Solitão navega com êxito no oceano revolto que é a sociedade deste nosso fim de século e aprende rapidamente a vencer na vida. Só que, de repente, tudo muda...
O relato das navegações de Solitão Fernandes no mar português contemporâneo desenrola-se em paisagens pintadas com ácido e adornadas com sorrisos torcidos, mas também com algum humor inocente. Nas margens desse mar, esconde-se até um pouco de ternura envergonhada.
 
A minha opinião
É o segundo livro que leio por ter aderido ao livro secreto e, mais uma vez, dou por bem empregue tê-lo feito, já que uma das minhas resoluções para 2016 é ler autores novos e eu nunca tinha lido João Aguiar.
Aos quinze anos, Solitão Francisco tem uma vida lixada. Começa pelo nome - Solitão, ou Litão - que odeia. Um nome escolhido pela sua madrinha Preciosa - médium e que recebeu inspiração do outro mundo para a escolha do nome. Litão bem tenta que todos o tratem por Francisco, ou, vá, por Chico mas sem sucesso. Depois porque, por causa do nome, tem de andar à porrada com toda a gente na escola porque está sempre a ser gozado. E além de ter de ir à escola, ainda tem de servir às mesas no restaurante do pai. Como se não bastasse, o avô Aquilino, lá do além, obriga-o a escrever um diário - esta merda de diário - e é com esse diário que acabamos por o acompanhar e por perceber o seu crescimento, não só enquanto pessoa mas também na escrita.
A primeira parte do livro acaba por ser a mais hilariante, não pela história em si mas pelos erros que Solitão comete ao escrever. Sem virgulas, claro, porque meter virgulas é chato. Do pecado contra a sua castridade - cometido sozinho e sem ajuda - ao pedido de besolvição feito ao padre, ou a berlaitada que quer dar com a Cátia com piçarvativo, passando pelo varredor da Cultura (como é que, na Câmara se varre a cultura, pergunta, e bem, o nosso Solitão) passando por pensamentos brilhantes como, por exemplo:
... a Preciosa começou a arrotar e entra em trânsito e começa a falar com uma voz fininha... e vai daí o meu velho arrotou mas como ele não é médio não era trânsito era o feijão do jantar...
Depois, a segunda e terceira parte, não sendo hilariante - porque Solitão aprende, entretanto, a escrever melhor - são bastante interessantes, conseguindo-se acompanhar o seu crescimento em todos os aspectos e a sua reconciliação consigo próprio. Ao longo da leitura temos ainda a grata oportunidade de reflectir sobre alguns aspectos da sociedade, ainda actuais nomeadamente sobre o provincianismo.
Apesar de ter um fim previsível, a verdade é que foi uma leitura bastante agradável e que me permitiu descobrir um autor que, provavelmente, não fora o livro secreto, não o teria feito.
 


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