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A propósito desta epidemia
(que se pode - rapidamente - transformar em pandemia com contornos ainda por determinar se não forem cumpridas regras básicas de quarentena e de higiene)
questionavam, num dos muitos grupos de leitura que acompanho, que livro nos arrependemos de ler porque se pode tornar realidade.
Pois bem, no meu caso, claramente Estação Onze. E porquê? porque nesse livro uma pandemia de gripe mata mais de 90% da população terrestre em muito pouco tempo (duas ou três semanas), levando à extinção do modo de vida que hoje conhecemos e ao fim de muitas benesses que tomamos como garantidas, como medicamentos ou água na torneira. Não que eu ache (ou espere) que isso vá acontecer...
E vocês, que livro vos arrepia quando ouvem as noticias sobre o Coronavírus?
May we meet again
Conheces o desafio de escrita dos Pássaros?
Os 100 de Kass Morgan
100 #1
ISBN: 9789898491992
Editado em 2015 pela TopSeller
Sinopse
Há muito tempo, a superfície da Terra foi arrasada por uma guerra nuclear. Os poucos sortudos que conseguiram sobreviver refugiaram-se a bordo da Colónia, uma estação espacial que orbita o planeta.
Cem anos após ter sido a salvação da Humanidade, a Colónia está em perigo. Os aparelhos que garantem a renovação do oxigénio na estação espacial estão a falhar, e não há como os substituir. A última esperança da Humanidade reside em 100 jovens selecionados entre criminosos, para regressar à superfície da Terra e descobrir se o planeta pode de novo ser habitado.
Depois de tanto tempo, estes serão os primeiros humanos a pisar a Terra. Mas estarão na verdade sozinhos? Terão todos os seres vivos perecido durante o longo inverno nuclear, ou será que algo se esconde nas sombras das grandes florestas que agora cobrem toda a Terra?
A minha opinião
Com certeza que já todos ouviram falar nesta série de televisão que, cá por casa, começamos a ver nestas férias. Mais uma distopia juvenil (aparentemente), desta vez adaptada para uma série que já vai com cinco temporadas.
Obviamente, estando a seguir a série e a gostar bastante, teria de ler os livros (oh, vá lá, isto não é surpresa, certo? eu prefiro sempre os livros).
O que será uma surpresa completa - principalmente para mim - é que a série televisiva é muito melhor que os livros. E parte da culpa são as diferenças: nas personagens, na história, na intensidade... tirando meia dúzia de detalhes, a sensação que temos é que estamos a ler uma historia que nada tem a ver com o que vemos na televisão.
Na série televisiva, a mãe de Clarke é a médica a bordo da Arca e o pai foi ejectado por quer alertar a população para as avarias no sistema de oxigénio da arca. No livro, ambos os pais de Clarke foram ejectados por terem feito experiencias em humanos com a radiação.
Wells é morto nos primeiros dias na Terra na série, mas nos livros é ele (e não Bellamy) quem toma as rédeas dos 100 e os organiza.
Clarke e Octávia, na série, são duas adolescentes corajosas, inteligentes e fortes. No livro quase que diria que são tontas.
Glass e Luke existem no livro mas não na série. Raven e Finn existem na série mas não nos livros.
Portanto... às 50 páginas decidi que deixaria de comparar a série e o livro para não me baralhar mais e foi o melhor que fiz.
Não sendo exactamente Os Jogos da Fome ou Divergente, Os 100 parte duma premissa bastante interessante: depois duma guerra nuclear, a raça humana desapareceu da face da terra, tendo apenas sobrevivido quem conseguiu chegar à estação espacial denominada A Arca. 300 anos depois, a Arca tem diversos problemas e não pode continuar no espaço sendo necessário experimentar o regresso à Terra. Optam então por enviar 100 delinquentes juvenis, pessoas que podem ser dispensadas caso morram.
Contada a quatro vozes - três no solo e uma na Arca - e a vários tempos - presente e o passado de cada narrador - conseguimos ir tendo noção da história, do que os levou a serem considerados delinquentes e o que cada um sente sobre a situação actual, dando-nos uma visão mais global da história.
Ainda assim, há partes que ficam por explicar. Tudo bem que é uma série de livros e é provável que as explicações ainda surjam mas algumas deveriam ter sido dadas de inicio (e não no fim). Por exemplo, porque é que a Arca está dividida em populações, umas mais ricas que outras?
Seja como for, a leitura é interessante desde que nos desliguemos da série. O que não é nada mas mesmo nada fácil...
Leia aqui as primeiras páginas
Classificação:
Entretanto...
A Rainha Branca de Philippa Gregory
A Guerra dos Primos - Volume I
ISBN: 9789722630122
Editado em 2010 pela Livraria Civilização Editora
Sinopse
A história do primeiro volume de uma nova trilogia notável desenrola-se em plena Guerra das Rosas, agitada por tumultos e intrigas. A Rainha Branca é a história de uma plebeia que ascende à realeza servindo-se da sua beleza, uma mulher que revela estar à altura das exigências da sua posição social e que luta tenazmente pelo sucesso da sua família, uma mulher cujos dois filhos estarão no centro de um mistério que há séculos intriga os historiadores: o desaparecimento dos dois príncipes, filhos de Eduardo IV, na Torre.
A minha opinião
Mais uma autora que me andava a tentar já a algum tempo e que, finalmente, teve direito a me acompanhar à praia para uma leitura atenta.
Gosto de ler por prazer e gosto de aprender enquanto leio. É tão bom quando posso dizer que aprendi enquanto lia por prazer e foi exactamente isso que aconteceu enquanto lia A Rainha Branca. Claro que descontando parte da fantasia ou, mais exactamente, da magia que a mãe da Rainha achava que podia fazer.
A Rainha Branca lembrou-me outros livros que li de Isabel Stilwell. Baseados num excelente trabalho de investigação, em que os lapsos preenchidos com alguma fantasia e contados duma forma simples, atractiva e coerente. Os detalhes são extraordinários, transportando-nos, quase por magia, ao século XV, à guerra das Rosas (ou dos primos) (e não, não se trata do filme do Michael Douglas).
Este livro, como já disse, foi a minha primeira experiência com Philippa Gregory. Uma excelente experiência, terei de dizer, e a repetir logo que possível com o segundo volume desta série.
Nada te será exigido a não ser que dês o teu melhor em todas as ocasiões.
Dizia uma professora que apenas uma obra que fale da sociedade, politica ou economia, enfim qualquer assunto real, pode ser considerado literatura.
Não sendo professora, dessa ou de qualquer outra área, a verdade é que recuso liminarmente fechar a literatura num conceito tão simples.
A literatura não tem de se cingir aos assuntos reais. Cinge-se à imaginação do autor, à forma como consegue passar para o papel o que lhe vai na alma, seja fingimento ou seja real. Um texto literário tem um efeito estético, as palavras são escolhidas com preocupação com a beleza e o efeito emocional.
Quando escreve, o autor dum texto literário, não quer ensinar nada ao leitor, quer apenas dar a conhecer uma história, o seu desabafo ou a sua ideia sobre determinado tema.
Qualquer livro, seja ele de que género literário for, é literatura. Pode ter mais valor para mim, menos para ti, pode ensinar, pode distrair ou pode obrigar a pensar. Um livro é literatura, seja ela de cordel, fantástica, romanceada, erótica, histórica, filosófica ou sem classificação. É para ser lido, apreendido (seja pela positiva ou pela negativa).
Quem tem gosto pela literatura, quem lê, por norma, é quem escreve melhor, quem tem mais facilidade de expressar o que pensa. E não é por ler só aqueles livros que a dita professora considera que são de literatura. É lendo todos os tipos de livros.
Estas são apenas algumas das razões que me levam a não concordar com o espartilhar da literatura como obras reais. Quando muito acho que podemos dizer que livros sobre a realidade (sociedade, politica, economia) são uma ínfima parte desse universo tão amplo que é a literatura.
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