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Segredos de Amor e Sangue de Francisco Moita Flores
Editado em 2014 pela Casa das Letras
ISBN: 9789724622453
Lido em 2014
Sinopse
Segredos de Amor e Sangue é um regresso do autor à época em que Diogo Alves, o célebre galego que matava no Aqueduto das Águas Livres, era o grande protagonista do crime em Lisboa. Em 1997 escreveu o argumento para o filme A Morte de Diogo Alves que venceu o Grande Prémio de Ficção da RTP. Agora, traz o célebre criminoso de volta como pretexto para reconstruir a Lisboa popular dos anos trinta do século XIX, um tempo em que a cidade se despia dos antigos trajes pré-liberais e dava os primeiros passos no Liberalismo emergente. Marcado pela violência e pela pobreza, este romance é uma história de ternura e de paixão, num tempo agreste, onde a força do Amor e das Letras se impõe à voracidade da guerra e do crime, num país que tinha uma população com noventa por cento de analfabetos.
É um romance com histórias apaixonadas, de amor e morte, de fascínio pela descoberta das palavras escritas em português. Manuel Alcanhões, o narrador, eternamente apaixonado por Isabel, taberneiro em Alfama, testemunha a chegada do Portugal Moderno que vai aprendendo com as lições de um padre miguelista.
A minha opinião
Este foi o terceiro livro que li de Francisco Moita Flores e que vem confirmar a minha opinião – FMF é um comunicador nato, um contador de histórias fabuloso.
Mais que a história do Pancada (alcunha pela qual Diogo Alves respondia), Segredos de Amor e Sangue é a história de amor de Manuel Alcanhões pela sua Isabel e pelas letras. Estamos em meados de 1840 e Manuel é um taberneiro de Alfama, entre as prisões do Limoeiro e a de Aljube, onde o seu amigo, padre Salles, é confessor.
Manuel desde sempre que tem um sonho – ler. E é o padre Salles, um padre miguelista, que, enquanto bebe licor de poejo, o vai ensinando ler e a escrever – de notar que, em meados de 1840, 90% da população era analfabeta, e que só os padres ou quem tinha dinheiro aprendia a ler.
A fome, a falta de trabalho, as más condições de vida levam a que haja cada vez mais ladrões na cidade de Lisboa e muitos deles frequentam a taberna de Manuel Alcanhões que acaba por tomar conhecimento dos crimes que executaram ou que estão a planear. Pancada/Diogo Alves, é um dos meliantes que costuma parar por ali e Manuel acaba por saber que é ele o autor das mortes no Aqueduto. No entanto é quase impossível provar que assim é. De lembrar que, na altura em que o livro se passa, as provas aceites em tribunal se baseavam quase que só nas confissões dos autores – muitas delas arrancadas pela tortura dos suspeitos.
Manuel Alcanhões é um homem com ideias avançadas para a época em que vive. Não só sonha ler como trata Isabel, a sua mulher, como igual, ao contrário dos outros homens que, nessa altura, tratavam as mulheres como suas propriedades.
Pelo livro e pela taberna de Manuel passam várias personagens da época – João de Deus, Joaquim António de Aguiar, Almeida Garrett, etc.
Venha então o próximo romance histórico de FMP, que eu o lerei também com o mesmo interesse.
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